Segunda-feira, 29 de maio de 2017 - 14h28
O FIM DA INTELIGÊNCIA
Em meio a tantas acusações de grave cometimento de crimes contra a República, o governo federal aprimora os mecanismos de controle ditatorial. Nas últimas investidas autorizou a abertura incondicional de polos de ensino à distância (EAD), sem controle do Poder Público, bem como abriu EAD para as séries finais do Ensino Fundamental[1]: legaliza-se a condenação a fim de que a nação pobre esteja condenada ao analfabetismo funcional – em definitivo.
Antes disso, erradicou a obrigatoriedade do ensino de sociologia, filosofia, artes, educação física e música. Não antes de decretar o fim da “brasilidade”, pois também está descartado o ensino de Cultura Afrobrasileira – além de se abater a educação de gênero, num país recordista em violência contra a mulher. Assim, será que também vamos “flexibilizar” o ensino da história?
Porém, a pérola do bolo viria com o fim da obrigatoriedade do ensino público para crianças: não seria mais obrigação do Estado assegurar o ensino público gratuito, tanto fundamental quanto médio. Além do porvir da privatização das universidades federais e dos institutos federais – tese cogitada e intentada desde finais do século passado.
A somatória, obviamente, do que já temos e do que pode vir a ocorrer – não é teoria da conspiração dado o lastro neoliberal – revela que não sobrará inteligência no país. Os que podem já têm passaporte na mão. Aos demais restará a pena de ser eterna sucata do capital internacional, satélite dos EUA. Aliás, como sempre fomos.
De qualquer forma, entre o passado (inóspito) e o futuro (indeciso), há um presente que teima em dar errado. Os erros são sucessivos porque se insiste em acabar com a Educação Pública.
Não precisamos definitivamente de mais animação em sala de aula, com multimídia que um dia chegará aos recursos de holograma em 3D. Precisamos sim é de mais professores qualificados e com ótima remuneração, de muito mais conteúdo e de merenda que não seja roubada – ao invés do marketing pobre que se oferece hoje em dia.
Se sou a favor da tecnologia no ensino? É óbvio que sim, contudo, tenho pleno conhecimento de que “a técnica não substitui a ética”. Com este tema clássico do Iluminismo, proponho a quem me indaga que faça uma reflexão dessa afirmativa: “a técnica não substitui a ética”. Se for professor, que a exponha ao crivo de seus alunos.
O futuro não se faz com menos direitos, tenho certeza, mas sim com mais educação, sobretudo, para que se pratique o lado direito da vida civil. Um exemplo está nesta arte que acompanha o artigo. Um modelo de trabalho que propus a meus próprios alunos e que, ao servir de exemplo pessoal, indiquei o básico caminho da cidadania.
Vinício Carrilho Martinez (Dr.)
Professor Adjunto IV da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar/CECH
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