Domingo, 8 de janeiro de 2017 - 14h28
As gatas, como as fêmeas em geral, são mais caseiras. Mas, os gatos são mais carinhosos com seus donos. As fêmeas, especialmente se os machos são castrados, estabelecem um matriarcado.
De todo modo, se as gatas são castradas e o macho, não, costuma dar no mesmo. Porque os machos não batem nas fêmeas e assim as gatas mandam na casa e nos donos também. Os gatos não são como cachorros, em que o dono é tido pelo cão como o líder alfa. Gatos não têm matilhas, ainda que adotem seus donos.
Dizem que os gatos são egoístas e que só querem saber da casa, ou seja, do território. Por isso desprezariam seus donos. Este é um erro grave, pois é dito por quem não conhece esses felinos domesticados.
Gatos(as) podem ser arredios quando vivem nas ruas, sem “donos”. Por isso, vagueiam procurando por abrigos ou alimentos, apenas. Neste caso, como são “animais do mundo” pouco se importam com quem lhes dá alimento esporadicamente.
Porém, se são bem tratados, mesmo não tendo donos exclusivos, respondem a seu modo com alguma demonstração de afeto. Gatos(as) dizem do seu amor apenas olhando fixamente nos seus olhos, por exemplo. Contudo, isto, quem sabe é quem os têm em grande estima.
Gatos(as) não são egoístas, são altivos. Não são animais desapegados, são independentes; não são revoltosos, só não podem ser adestrados – como ocorre com os cães que sempre procuram um líder alfa no seu dono.
Talvez o que mais aprecie nesses bichos é a demonstração de uma espécie específica de autismo. Específica no sentido de que ele nos diz quando algo lhe interessa, não quando queremos que assim seja.
Paralelamente, diria que “amo gatos” – como o meme que se popularizou nas redes sociais – porque consigo distinguir em mim certo “autismo social”. Por muito tempo venho pensando em minhas próprias reações, sem nunca ter escrito. Agora, num lampejo típico de sociologia de fim de semana, diria que “autismo social é a recusa permanente em conviver com toda e qualquer forma de manifestação fascista”.
Ou, esclarecendo melhor, diria que o autismo social é um sentimento de afastamento de relações humanas de modo proposital, baseado na consciência individual decorrente de contatos sociais com outros indivíduos que se destacam pelo cinismo (indiferença social), passividade, individualismo exacerbado, alienação (aversão aos interesses sociais), ou que se expressem em práticas sociais antipopulares, antissocialistas, fascistas. Em suma, é a rejeição à convivência com outros "seres sociais" de comportamento antissocial, especialmente quando se comportam como pequenos tiranos.
É um sentimento de afastamento, como não-pertencimento a um meio que ascende por meio do anti-Iluminismo, racismo, elitismo baseado na exclusão (fascismo), em que a regra é a exceção dirigida aos considerados como não-amigos; quando a cordialidade é um mero expediente para contornar a formalidade que deve reger o espaço público.
É uma reação de auto exclusão, de não poder compartilhar com um meio que se alimenta de ações sociais excludentes. O autismo social, portanto, não é o oposto da interação, e nem sinônimo de egoísmo/ egocentrismo. Ao contrário, é uma reação consciente, crítica do meio gerador de egoísmo/ egocentrismo e impeditivo da interação social.
Esse sou eu. Por isso amo gatos, felinos inteligentes, independentes, altivos, autistas e antifascistas.
Vinício Carrilho Martinez
Professor Adjunto IV da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar/CECH
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