Quinta-feira, 23 de setembro de 2021 - 10h18
Ao longo do século XX e
início deste século XXI foram vários tons e subtons de Fascismo.
A pior forma, todo mundo
sabe, deu-se na Alemanha nazista.
Mas, tivemos muitas outras
cores desse fenômeno, por exemplo o que efrentou-se na luta de descolonização
argelina, contra a França: celebrizada no filme clássico A Batalha de Argel.
Uma figura de linguagem que
ressalta essa ideia está nas cepas, variantes, do vírus fascista.
O Brasil é sua prova
irrefutável, é o que exportamos atualmente: vírus da COVID-19 e a virulência
fascista pré-moderna.
Por outro lado, pode-se
pensar num discurso bolsonarista (no pior sentido da ideologia), criador
de teoremas sobre um suposto
"Fascismo de esquerda" (sic)?
Alguém se lembra dessa
metafísica olavista?
Ocorrem-nos coisas
simultaneamente: incredulidade, torpor, bílis retorcida. Pensamos só na
bizarrice.
Pra simplificar, sem grandes
conceitos sobre o que é (ou não) Fascismo, preferimos pensar na esquerda.
E, por exclusão, pode-se
supor o que seja Fascismo.
Esquerda é o espectro
político e social de quem se põe contra a opressão.
Logo, a esquerda não pode
ser, por respeito à lógica, "algo fascista".
Se o racismo é cinicamente
opressor, especialmente para a mulher negra, logo, pela mesma proporção lógica,
ninguém de esquerda poderia ser racista.
Ao menos não ficaria em paz.
(Pensamos que
"preto" é cor e "negritude" é identidade e cultura).
Se o feminicídio ou a
misoginia são opressivas, é ilógico supor que alguém de esquerda possa fazer
parte desse time.
-- ainda que tenhamos
relatos históricos desse comportamento bizarro.
Se o machismo é opressivo, o
mesmo raciocínio lógico-dedutivo se aplicaria a todas e todos de
"esquerda".
Mas aí a porca torce o rabo,
simplesmente porque por essa régua as fileiras da esquerda estariam vazias.
Evidentemente que isso é
muito grave.
Agora, associar todo
"comportamento autoritário", tradicional até, ao seixo fascista, isso
faz com que os pinos da história se desencaixem.
O Fascismo, pra reduzir a
esse item, implica na cultura reacionária - que não é sinônimo de autoritarismo
ou conservadorismo, e por muito graves que sejam. Isto é, o Fascismo é
autocrático.
Por isso, é essencial não
taxar tudo como Fascismo.
Exatamente porque não é.
À noite, é certo, todos os
gatos são pardos. Porém, gatos e tigres são muito diferentes entre si, e mesmo
que todos sejam felinos.
O problema de se colocar
tudo no mesmo balaio é que se pode "comprar gato por lebre". Ou, ao
contrário, vestir-se o lobo como cordeiro.
O que é certo, pensamos, é
que esse tal "Fascismo de esquerda" é só uma crendice de horóscopo.
E certamente não está no
calendário chinês.
Talvez caiba num jogo do
bicho muito mequetrefe.
Veremos de modo mais extensivo que entre a emancipação e a autonomia se apresentam realidades e conceitos – igualmente impositivos – que suportam a
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