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Vinício Carrilho

As pequenas letras


As pequenas letras  - Gente de Opinião

Ontem debatemos um pouco sobre os efeitos da pandemia na escola pública, especialmente no ensino fundamental. 

Basicamente, e quase que de forma generalizada pelo país, Estados e municípios não fizeram nada. 

As pequenas exceções apenas confirmam essa regra. 

Em 2020, jovens e crianças não tiveram nem acesso à merenda.

Em 2021 entraram em sala de aula, mas só recentemente - e sem vacinação das crianças. 

São praticamente dois anos perdidos na escolaridade de crianças carentes ou pobres. Algumas, muitas, vale lembrar, passando muita fome; pois, tinham na escola um refúgio para sua alimentação. 

Muitas vezes, na escola recebiam a única refeição do dia. Isso até 2019. Em 2020, como vimos, não houve assistência alimentar. 

O Brasil de 2020-2021, sobretudo, para crianças e jovens pobres e necessitados, é igual a Vidas Secas.

Graciliano Ramos, na verdade, permanece nos ensinando que o país sempre foi Casa Grande & Senzala.

Qual é o impacto disso?

É gigantesco. Crianças famélicas e famintas, com pouca ou nenhuma assistência, ainda receberam a pena de dois anos de desprovimento em suas vidas. 

Onde isso se reflete?

Imediatamente, no dia seguinte à fome. Em todos os dias. 

Como é que se estuda e aprende com fome?

E como é que se alfabetiza sem escola ou suporte familiar?

Onde veremos o maior impacto, pensando no país?

No dia seguinte à fome, em todos os dias. E mais ainda, daqui 5, 10 anos, quando esses jovens e crianças chegarem ao mercado de trabalho ou à universidade. 

Por enquanto a universidade não é só para alguns (ricos), como quer o Ministério da Educação. 

Digo quando chegarem ao mercado de trabalho tendo em conta os que "ainda" não estão submetidos às jornadas de trabalho, absolutamente, incompatíveis com sua condição e idade. 

Na prática, nosso Fascismo Resiliente é marcado pelas permanentes investidas contra a mínima noção de civilização. 

Assim, "revogar" o Estatuto da Criança e do Adolescente, para quem já subtraiu a Constituição Federal de 1988, não é nada. 

Aliás, na mentalidade fascista, essa revogação múltipla de direitos, liberdades e garantias é uma obrigação.

A pandemia, portanto, agudizou enormemente esse "dever de ser fascista". 

O conjunto de pandemia e de pandemônio fascista destruiu a vida e os sonhos de nossos jovens e crianças. 

E como são as crianças e os jovens sem Utopia?

Hoje, sinceramente, não consigo mais pensar nisso, não consigo descrever como é uma criança sem sonhos. 

Certamente, uma criança sem sonhos está arruinada, muito pior do que um adulto sem esperanças.

Quando poderemos pensar em mitigar esses efeitos?

Com muita sorte (Cornucópia) e empenho virtuoso, talvez, daqui uns 20 anos. 

É triste. 

É a realidade. 

É nossa Distopia. 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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