Sábado, 10 de janeiro de 2015 - 05h13
Na relação que se estabeleceu entre Oriente-Ocidente os extremismos se uniram, e, como nenhum deles é radical – sem ver a “raiz” dos fatos –, as saídas propostas acabam sendo a porta de entrada de problemas ainda mais graves. Na verdade, os dois lados têm em comum a “solução” da pena de antecipação da morte[1]. O que está por trás disso é o Imperialismo, a pax americana, e as “novas” formas de colonização.O Estado de Exceção é permanente, global, exemplar e hegemônico, desde as invasões e guerras travadas no Oriente Próximo (Iraque), espalhando a destruição das casas e da vida, a extrema miséria humana e, como retorno, recebendo o profundo horror ao Ocidente. Esta forma-Estado torna-se global à medida em que a maioria do Conselho de Segurança da ONU está envolvida nas ações: França, EUA, Reino Unido[2].
Portanto, é uma forma-Estado de modelo hegemônico porque a atenção do homem médio em sua vida comum só observa um lado da moeda. Absortos pelo cotidiano da própria sobrevivência, ficamos chocados com a reação; (in)justamente o que se chama de terrorismo islâmico. Não vemos o modus operandi imposto pela “Guerra ao Terror”, a desestabilização, a desordem, a desintegração dos povos. Ou somos incapazes de relacionar os fatos. Ou simplesmente não queremos ver porque, como cidadãos do sofá, queremos somente curtir a vida ocidental. Apenas em 2014, em uma única incursão, 19 dias, Israel matou mais de dois mil palestinos na Faixa de Gaza.
A cultura da colonização – alardeando-se que os EUA defendem e espalham a democracia e dos direitos humanos – não permite o diagnóstico dos interesses econômicos envoltos na Ásia Central, em que se insiste por à força, como hegemônicos, os valores e o modo de vida ocidental. Como resultado da desagregação das condições de organização sistêmica da vida pública – com crescente violência interna e descontrole do Poder Político local –, os anteriormente muçulmanos pacatos, agora surgem convertidos os jihadistas. A extirpação das torres gêmeas, em 11/09/2001, nos EUA, e o ataque ao pasquim Charlie Hebdo, na França, são apenas bolhas visíveis e que escapam à lógica de controle do Terrorismo de Estado Hegemônico. O Estado Islâmico, com pretensão a Califado, é outra ponta do iceberg. Vem mais névoa por aí.
Em síntese, o Estado de Exceção Permanente alterna força repressiva e ilegalidade com a roupagem do Estado Penal. Assim, utiliza-se de todos os meios lícitos, legais, como o suposto monopólio do uso legítimo da força física e de outros atos anti-jurídicos (e imorais, como a tortura) para a contenção e repressão das forças sociais. Alterna-se a repressão social e o encarceramento em massa. Esta forma-Estado responde a pressões econômicas como ativista do capitalismo dissipativo – em que Estado e capital estão metabolizados e implicam uma visão de mundo política hegemônica e imperial.
Como não se pode prender todos os jihadistas – com exceção dos presos em Guantânamo/Cuba e outras congêneres –, até porque estão imersos na trama de novos atentados, a solução é dizimar suas populações. Enfim, sem saída, porque o capitalismo neo-colonizador não sairá do Oriente Médio, ficaremos acomodados na poltrona para ver em alta definição muitas outras explosões e mortes: de ambos os lados. De um lado obsessão racista, de outro, homens e mulheres-bomba. Esta é uma guerra sem vencedores, todos perdem na soma-zero de que falava Maquiavel (o criador da Ciência Política moderna).
Vinício Carrilho Martinez
Professor da Universidade Federal de São Carlos
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Vinício Carrilho Martinez (Dr.) Cientista Social e professor da UFSCar Márlon Pessanha Doutor em Ensino de CiênciasDocente da Universidade Federal de