Terça-feira, 8 de setembro de 2015 - 15h38
Dizem que dá azar duvidar da genial revelação de um clássico, porque tem algo de divino, miraculoso; seria como desrespeitar um totem. Quem em sã consciência duvidaria do Mito de Prometeu? Portanto, espero que não aconteça comigo, agora mesmo, ao discordar de uma afirmação de Jorge Luis Borges.
Antes da dúvida, quero apresentar minha concordância com sua definição do que é um clássico:
· Clássico é aquele livro que uma nação ou um grupo de nações ou o longo tempo decidiram ler como se em suas páginas tudo fosse deliberado, fatal, profundo como o cosmos e capaz de interpretações sem fim [...] Clássico não é um livro (repito) que necessariamente possui estes ou aqueles méritos; é um livro que as gerações humanas, premidas por razões diversas, leem com prévio fervor e misteriosa lealdade (Borges, 2007, p. 220-222).
BORGES, Jorge Luis. Outras inquisições. São Paulo : Companhia das Letras, 2007.
Borges não é apenas um clássico, ainda que conheça pouco de sua obra, é um gênio. Entretanto, não concordo com sua ideia de futuro: “Nada sabemos do futuro, exceto que diferirá do presente”.
Discordo, sobretudo, porque o presente é marcado de perto pelo passado; mas, além disso, destaco o fato de que o futuro não está livre das dívidas contraídas pelos ancestrais.
A ideia de paradigma, por exemplo, é interessante e bastaria pensar que rendemos glórias e perdões à ciência e ao Estado Moderno, duas das criações do Renascimento.
Pode-se dizer que o Estado do Renascimento é bem pouco parecido com o da atualidade. Em termos. Porque as ideias germinais estão presentes.
Em relação ao Estado, por exemplo, seremos o que somos e o que também já fomos. Ou seja, daqui a 200 anos ainda estaremos discutindo soberania e Razão de Estado.
Quanto ao Brasil do futuro, por outro lado, a seguir a tônica atual, poderemos reviver ranços do passado, como o do Mito Salvador. Quer dizer, uma força sobre-humana sairá das casernas militares – bem ao gosto do Duce – para equacionar uma grave crise econômica mundial.
Está certo que, por aqui, nem os mitos passam ilesos e com este salvacionismo populista não seria diferente. O Duce que vier dos gritos das ruas e das cavernas fascistas não mexerá uma vírgula no desequilíbrio estrutural do capitalismo.
Isto é óbvio. Porém, a plebe ignara poderá apreciar os belos desfiles em que se comemorará a morte da liberdade.
Pois então, diante disso, é possível ver com a clareza dos clássicos que nosso futuro democrático está hipotecado pelo passado fascista. Para nós, brasileiros da gema ou não, o passado não é como a lembrança que temos das coisas boas que fizemos, da saudade dos pais – para quem já perdeu pelo menos um deles.
Para o povo (esquecendo-se o Povo que sempre ganha), o passado é uma âncora de cinco séculos enterrada bem fundo.
Contudo, para mudar um pouco a paisagem em seus tons de cinza bem escuro, tipo cor de chumbo que nos afunda, deixo esta imagem de um Ipê Azul.
Um clássico da natureza – e penso eu que ninguém duvida.
Veremos de modo mais extensivo que entre a emancipação e a autonomia se apresentam realidades e conceitos – igualmente impositivos – que suportam a
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Vinício Carrilho Martinez (Dr.) Cientista Social e professor da UFSCar Márlon Pessanha Doutor em Ensino de CiênciasDocente da Universidade Federal de