Quarta-feira, 20 de março de 2013 - 06h02
Minha mãe me lembrou que no dia 19/03 foi quando defendi a tese de doutorado, na Universidade de São Paulo - USP. Isso foi no ano de 2001 – pouco depois da morte do meu pai. Acho que é por isso que não me lembro, porque não quero me recordar de sua partida. Prefiro ter na mente os bons momentos, as lembranças que nos fazem rir.
Tive uma vida acadêmica bastante equilibrada, apesar das turbulências na infância de um deficiente físico. Acho até que defendi a tese em idade muito precoce. Olhando para o passado, penso que talvez não tivesse maturidade para defender todas as ideias que apresentei no trabalho. Mais corajosa ainda foi minha orientadora (Maria Victoria de Mesquita Benevides), a melhor professora que conheci em todo lugar em que estudei ou trabalhei – mas, de longe, é muito melhor. Melhor como pessoa, intelectual, uma mulher acima de qualquer média nacional.
Enfim, não é que estivesse inseguro em relação ao tema abordado, na verdade tinha segurança em demasia – uma certa arrogância que motiva os defensores de tese, até o dia da defesa; porque depois, como doutor, aí tem que se defender todo dia. Como se diz, tem que provar que é doutor, todo santo dia, a toda hora.
Em todo caso, depois da defesa fiquei órfão, porque ninguém me preparou para a vida sem a orientação rotineira. Viajava 400 km para ir e voltar de São Paulo – capital toda semana, durante quatro anos, sem furar um único semestre, e aí, de um minuto para outro, não tinha mais as tarefas que me fizeram ser professor universitário.
Para muitos, a defesa é uma benção, um alívio, para mim, foi um pesadelo, um sentimento de abandono que ainda hoje me faz pensar o que significou aquele período da minha vida. Não tenho a menor preocupação em dizer que foi o que de melhor me aconteceu. Na vida estritamente pessoal, seis meses antes da defesa, conheci minha mulher, em sala de aula – então isso não conta, porque falei das pessoas e do trabalho em geral.
Fora desse caso especial, nada, mas nada mesmo que veio depois se equiparou ao tempo, às suas experiências, às pessoas maravilhosas e ao ensino que todo brasileiro merece ter e que tive o privilégio de receber. Pensando assim, sou mesmo uma pessoa de sorte. Por isso, não seria demais desejar que aquelas experiências acadêmicas pudessem se renovar, repetir-se uma vez mais. Comumente se diz que aprendemos no amor e na dor. Naquele caso, para mim, é provável que tenha sido o único momento em que aprendi no amor. De lá em diante, foi uma provação atrás da outra. Tem sido.
Enfim, só escrevi sobre isso porque minha mãe me lembrou. Não puxo pela memória normalmente, porque lembro do meu pai e da nostalgia, saudades de muitas pessoas e lembranças que não verei mais. A defesa do doutorado com 35 anos, para alguém do interior e que passou parte da vida na escola pública, o ineditismo do trabalho, o desafio de escrever sobre o que não se tem (tinha) bibliografia, uma banca com três titulares de áreas distintas, diante do que falei é o de menos. Acho até que fiz trabalhos melhores, mas pessoas e momentos como aqueles, não, isso não. Mas, vamos terminar o artigo com o sim; sim, espero sim, viver momentos como aqueles novamente.
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