Domingo, 5 de junho de 2016 - 17h41
Li na mídia oficial que Pelé está leiloando cacarecos pessoais, na Internet. Se não há necessidade financeira – salvo engano -, por que faria isso? Pela mesma razão que leva o sujeito mais rico do planeta a querer duplicar sua incomensurável fortuna.
Com a exceção dos que matam um leão (e uma hiena) por dia, “ganhar dinheiro” é um vício; aliás, vício possessivo equiparado à dependência de drogas muito pesadas: alucinógenas, esquizóides.
Pelé, como outros milhões, age pela mesma razão (capitalista) que move os rentistas, acumuladores de dinheiro no colchão ou em bancos. Seu motor diário não é o trabalho e ainda que muitos capitalistas trabalhem até extenuar e se gabem de gerar riqueza por 14, 16 horas diárias.
Aqui vai outro engano, porque só gerem a própria riqueza. Quem gera riqueza social é o trabalhador, com a mais-valia contabilizada no final do dia. Portanto, o que faz todo capitalista é gerir a riqueza, não gerar.
Não fosse assim, haveria uma trava individual, sem necessariamente uma coerção estatal (impostos progressivos, por exemplo), acionada moralmente pelos gestores do capital. Portanto, não se confundam os verbos: gerar x gerir.
Se o curso fosse outro, pragmaticamente falando, 62 pessoas não teriam o equivalente à riqueza de metade da população mundial. Isso mesmo, sessenta e duas pessoas, não famílias, têm o mesmo que a metade da população mais pobre do mundo!!
Diante desse fato/fator capitalista, metade da população perece de fome, doenças, sede, enquanto vigora a doentia ética acumulativa. Vício incontrolável, para a neurociência, que debilita o humano e desaba a natureza.
O homem mais rico do mundo – Bill Gates ou Carlos Sim –, com fortuna avaliada em mais de 80 bilhões de dólares, almeja conquistar o primeiro trilhão de dólares. Há sempre um recorde de acúmulo a ser batido.
Para cada milionário ou bilionário reconhecidos pelo Estado existem outros 10 ou 15 com fontes não idôneas. Mas, a razão que os move é a mesma: explorar, expropriar o trabalho, a força de trabalho.
Vale insistir, se seguissem outra regra ética – humana, de fato, e não a do capital –, não teriam chegado a tanto. Alguns ainda criam empresas e negócios filantrópicos: ou para aliviar a consciência ou para diminuir a arrogância perante a opinião pública.
Entre nós, além dos negócios oficializados e dos gestores do crime organizado internacional, ainda há os negócios da “pilantropia”. Nesse bolo ainda restam dois tipos: os que usam da filantropia para simplesmente abater impostos e os que “lavam” o dinheiro que já nasceu sujo.
Inúmeras igrejas estão alojadas no segundo tipo, e sem esquecer que as tais igrejas financiam com dinheiro e votos a maior bancada do Congresso Nacional. Que, por sua vez, legisla em causa própria: isentando as igrejas de pagar impostos.
O que todos também têm em comum são os instrumentos de que fazem uso na constante gestão desse capital opressivo. Além do poder que manipulam, o meio mais conhecido é a Contabilidade por Partida Dobrada.
Isto é, o livro caixa registra entrada e saída de dinheiro: o resultado é lucro ou prejuízo. Simples assim. Tão simples quanto o nome oficial do livro de registros: Livro Razão. Pois bem, a razão do capitalista está demarcada na página de lucros.
Pois fim, retornando ao contexto global, é muito difícil acreditar que um por cento da população tenha mais méritos – de acordo com o discurso vazio da meritocracia – do que três bilhões de pessoas. Seria leviano, cínico, muito desumano, supor que três bilhões de pessoas não têm sequer o mérito de sobreviver. Então, a quem deveria recair a responsabilidade, o custo da gestão social e ambiental?
Vinício Carrilho Martinez (Dr.)
Professor Ajunto IV da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar/CECH
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Vinício Carrilho Martinez (Dr.) Cientista Social e professor da UFSCar Márlon Pessanha Doutor em Ensino de CiênciasDocente da Universidade Federal de