Sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015 - 15h17
Minha educação foi no bom e velho estilo bolchevique. Prezava-se pela austeridade e pelos conteúdos. Acho que a disciplina eu deixei passar.
Para os bolcheviques da família, a autoridade se constituía. Não era constituída pelo fato de ser pai, mãe, tio(a), ou avós.
A autoridade não era produto da geração espontânea na árvore genealógica.
Pelo menos este era o Princípio Educativo, um pouco no sentido trazido pelo italiano Antonio Gramsci:
· Como crítica da cultura moderna (tipo americana), na qual o homem se torna seco, maquinal, burocrático. Predador.
· Se no passado houve uma intoxicação metafísica, própria do ascetismo extra-mundano, hoje há uma infestação matemática.
· Além de ter uma mentalidade abstrata, vazia de conteúdos; cheia de informação, mas seca de reflexão. Alienado de propósitos e/ou parvo; de baixo conhecimento.
Ninguém queria o clássico videota em casa. Hoje, guardadas as proporções, equivale ao sujeito que repete o Face Book como a Casa da Verdade. Ou, pior, é o admirador/consumidor do realismo do Big Brother.
De nossa parte, ficamos todos imunes à consciência sedentária.
A outra metade da família, pode-se dizer, seguia por Piaget. Vigorava a liberdade do livre-arbítrio, com ênfase nos métodos.
Como se sabe, as duas não andam juntas. São incompatíveis na lógica dos termos essenciais.
Ambas pedagogias de respeito, para nós, nunca se rompeu o elo entre ética e estética. Não tenho conhecimento de se ter aplicado o método de Pinochet.
Contudo, houve perdas e baixas em ambos os lados. E ainda que os ganhos tenham sido maiores: fomos ao nível superior e não consta ninguém em “desacordo com a lei”.
De todo modo, todos estavam embasados e sabiam o que faziam. Tinham conhecimento teórico e político sobre o que queriam.
Quero dizer que não havia leigos cuidando da educação dos jovens, nem se aplicava a lógica empirista do “erro e acerto”. O que está errado, descarta-se, o que é certo se copia. O correto em casa, raramente, era o aceito na rua.
Nos dois grupos familiares, eram duas escolas bem posicionadas e divisas quanto aos objetivos planejados. Aliás, tinha-se uma educação planejada.
Ninguém era espartano, como na lenda grega que ensinava colocar um animal acuado dentro da roupa do adolescente, no seu rito de passagem: agogê.
Não fomos adestrados, mas sim educados pelo bom senso. Mesmo que nem sempre praticado, pelos dois lados da correia.
Como disse, erros gigantescos foram cometidos, pelos seguidores dos dois modelos. Contudo, não é o caso de se aplicar o revisionismo, até porque já é passado.
Com certeza faria muitas alterações e concessões se fosse educar filhos(as) hoje. Porém, não abro mão da seriedade que nos embalou desde o berço.
Vinício Carrilho Martinez
Professor da Universidade Federal de São Carlos
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