Terça-feira, 10 de dezembro de 2013 - 00h07
Somente em 2013 descobrimos o óbvio, que a educação não é apenas um fator formal, conteudesco – ainda que sem conteúdo não se vá a lugar algum –; pois é preciso que o entorno, a história, a Ética e a Justiça Social (e o valor individual) façam a sua parte. No Brasil, em virtude de nossa sociedade altamente complexa, no bojo da Modernidade Tardia (Giddens, 1991), reunimos problemas de difícil solução.
Ainda temos desafios pré-modernos, como restringir a incidência religiosa, de tradições complacentes, em que o cidadão é “ensinado” a se resignar. Uma das necessidades modernas é dirimir a exclusão econômica, a estigmatização e a clivagem social; diante da chamada pós-modernidade recebemos a urgência da inclusão digital e a eliminação dos significados reificantes. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos em Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec)revela que:
O efeito do território onde está localizada uma escola pode ser perverso. Pesquisa realizada pelo Centro de Estudos em Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) mostra que o desempenho dos alunos de colégios em áreas vulneráveis tende a cair mesmo que eles tenham acesso a recursos culturais dentro de casa. A herança educacional e cultural da família é considerada fundamental no resultado da aprendizagem dos estudantes[1].
A conclusão é de que, “mesmo quando o aluno tem acesso a recursos culturais em casa, o desempenho cai em colégios de áreas vulneráveis[2]”. A pesquisa procurou ressaltar que o território não pode (não deveria) determinar o desempenho, o destino das crianças analisadas. Afinal, a escola deveria (mas, será que poderia?) alterar o destino pré-configurado da marginalização política, da alienação social, da exclusão econômica, da intimidação cultural.
A escola não faz milagres e nem a educação é capaz de revolucionar o status quo, por si, sem que haja a combinação de elementos e de práxis sociais e políticas globais e efetivamente transformadoras. Mesmo que orientada por referenciais capazes de convulsionar a realidade social, a educação expressa esta mesma realidade que pretende modificar.
Enfim, uma última questão: qual a diferença entre educação pobre e educação de pobre?
Bibliografia
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo : Editora da Universidade Estadual Paulista, 1991.
HÖFFE, Otfried. Justiça Política. São Paulo : Martins Fontes, 2006.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa. Edições 70 Ltda, 1997.
MARTINEZ, Vinício Carrilho. Teorias do Estado: metamorfoses do Estado Moderno. São Paulo : Scortecci, 2013.
WEBER, MAX. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro : Zahar Editores, 1979.
Vinício Carrilho Martinez
Professor Adjunto III da Universidade Federal de Rondônia - UFRO
Departamento de Ciências Jurídicas/DCJ
Pós-Doutor em Educação e em Ciências Sociais
Doutor pela Universidade de São Paulo
Bacharel em Direito e em Ciências Sociais. Jornalista.
[2]Nenhuma conclusão é definitiva, mas é indicativa, uma vez que: “O estudo avaliou o desempenho de estudantes da cidade de São Miguel Paulista na Prova Brasil. Os dados mostram que, entre alunos com mais recursos culturais que estudam em escolas de regiões mais vulneráveis, 41% apresentaram desempenho em leitura abaixo do esperado. Já nas escolas com entorno menos vulnerável, apenas 19% dos alunos com os mesmos recursos culturais têm rendimento abaixo do esperado”.
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A Educação Constitucional do Prof. Vinício Carrilho Martinez
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