Terça-feira, 2 de junho de 2015 - 15h38
Escatológico é algo podre e nojento. Então, por afinidade, refere-se à podridão na política. E este é o sentimento que se embaralha e se multiplica na cabeça do cidadão comum. O analista político, por definição, tem de tirar a conversa do nível da privada.
Porém, em outra analogia, também podemos falar de uma Licantropia Política. A cidadã e o cidadão mediano já ouviram falar das “raposas da política”, dos terroristas que agem como “lobos solitários” e por aí vai.
Pois bem, nem tanto “a política é uma m.” (escatologia) nem é apenas ação voluntariosa, destemida ou sem o mínimo senso de proporção (relação ponderada entre meios e fins). É certo que os lobos da política brasileira mais se parecem com a própria demonização dos animais, pois que vivem como Lobisomens.
Popularmente, chama-se de canalha aquele sujeito anti-ético que se beneficia da coisa pública. E por derivação, anti-ético é aquele separou a política da ética tanto na convicção quanto na ação política diária. Ou seja, o Lobisomem da política é aquele que não pondera suas ações, é irresponsável porque não mede as consequências possíveis. É tão irresponsável que aposta na impunidade. Enfim, não tem senso de proporção.
No cenário de descrença política absoluta e atualíssima (quem acredita em partidos, sindicatos?), a junção dos dois fenômenos não poderia ser mais alarmante; uma vez que se desacredita da democracia, dos direitos humanos, da justiça, da própria racionalidade política.
Nivelando tudo por baixo, é comum o sentimento de que somos governados por “Licantropos Escatológicos”. Ou, em bom português: “políticos velhacos de m.”. E aí o problema é que, sem vislumbrar alternativa eficaz, a maioria pode cair nas mãos de lobos bem mais famintos: os lobos do fascismo.
Os lobos do fascismo, golpistas e ávidos pelo butim (como hienas no banquete) – além de escatológicos –, são também autofágicos. Isto quer dizer que são capazes de devorar a própria perna para obterem lucros fáceis e rápidos. E se devoram a eles, imagine o que fariam com você, comigo e com todos que se colocassem em seu caminho.
O mais apressado dirá, então, que “se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”. Não é assim. O caminho mais fácil é o fascismo, a jornada mais árdua é a da construção de uma verdadeira República.
A saída, evidentemente, não está em acreditar (como conto de fadas) que o lobo será incapaz de comer a vovó. Porque, se deixar ele come mesmo a vovó chamada República. É evidente que este não é o caminho.
A solução imediata está em criar e alimentar (eleger) políticos com senso de proporção, que sejam honestos na origem e que confiem sua vida à defesa da dignidade humana. Afinal, se este político acredita que todos são dignos – em igualdade de condições – não terá os demais como refeição. O político honesto é aquele que se sacia com a ração normal do salário – e bem que poderia ser você.
Vinício Carrilho Martinez
Professor da Universidade Federal de São Carlos
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Vinício Carrilho Martinez (Dr.) Cientista Social e professor da UFSCar Márlon Pessanha Doutor em Ensino de CiênciasDocente da Universidade Federal de