Quinta-feira, 7 de outubro de 2021 - 14h49
Como você, estou cansado. Somos Sísifo de nós
mesmos, carregando pedras monumentais montanha acima. Vejamos o porquê disso,
me acompanhe e diga depois se o fardo não é gigante. Leia a frase abaixo e
reflita, antes de continuar a ler esse breve texto:
“LIBERTE-SE DO FARDO DO PASSADO
- OU TALVEZ NÃO VEJA O FUTURO”.
Esta é uma frase de um filme qualquer, e que muito
provavelmente você não assistirá, mas tem muito a dizer acerca do Brasil de
1888-1988 e de 2018 – como também diz muito sobre 1984, de George Orwell.
O que aprendemos de imediato é que, entre 1888, a
Abolição, e 1988, ano da Constituição, em cem anos de história maculada por
racismo, negacionismo de direitos fundamentais, elitismo, patrimonialismo,
machismo, pouco ou quase nada mudou – salvo alguns lapsos temporais que apenas
confirmam a regra.
Lembremos que em 2018, no aniversário de 30 anos da
Constituição de 1988 – a melhor idade segundo Balzac –, o “povo” elegeu e
entronizou o pior fardo de nossa cultura e história.
Em 2018, elegeu-se como guia o Fascismo, o racismo,
o machismo, o negacionismo, o elitismo. O “povo” elegeu a anti-Constituição, o
messias antipopular; elegemos o fim da democracia, a decomposição do Poder
Público.
Em 2018, elegemos o final do espaço público;
elegemos o fim da própria Política. Elaboramos nosso pior fardo...
Elegemos o governo fake. Elegemos a Fake News, a
pós-verdade: aquela mentira que é contada mil vezes, até se parecer com algo
real. Elegemos nossas piores mentiras, escolhemos a desconstrução do pouco que
tínhamos edificado.
Escolhemos destruir a nós mesmos.
No passado de 1984, da distopia, para o partido que
reina só, evidentemente, onisciente, onipresente, onipotente, "a verdade é
um instrumento". Para nós, nesse ínterim do fardo que trazemos, entre
1888-1988, a verdade instrumental tanto se inscreve no âmbito privado quanto na
suposta Verdade Pública.
Pois bem, o que aprendemos sobejamente em 2018 é
que, se a verdade é um instrumento, significa que pode ser usada, manipulada,
que é maleável e ajustável a alguma finalidade.
Logo, quando é instrumentalizada, não há verdade
alguma, a não ser o fato de que, ou "a verdade é um princípio e é o
fim" ou será o meio para "meias verdades", ou seja, será
instrumento de mentiras inteiras.
Nosso fardo é tão insano que no 7 de Setembro de
2021, festejo da Independência, milhares celebraram uma tentativa de autogolpe.
Essa é a “verdade instrumental” que se calcou como
emplastro negacionista na testa de todas e de todos que, ainda hoje, desacreditam
na intenção, no dolo, mesmo após 600 mil mortes provocadas na pandemia.
As mais de 600 mil mortes provocadas na pandemia
COVID-19 (evitáveis em sua maioria) contabilizam a verdade instrumental de
todas e de todos que ainda acreditam no pandemônio.
Esse não é um fardo pesado demais, para se carregar
por mais de um século? Quantas gerações se passaram para que, em 2018, o fardo
inteiro do pandemônio viesse a ocupar os principais cargos políticos do
país?
Quantas gerações serão necessárias para sentirmos a
diminuição do peso desse inominável fardo – pra não dizer demoníaco?
A ironia disso tudo, como se dizia no filme da
distopia – nossa própria história, salvo exceções –, é que, para os adoradores
do fardo da mentira instrumental, “não se erguerá nenhum memorial, apenas
túmulos”.
Veremos de modo mais extensivo que entre a emancipação e a autonomia se apresentam realidades e conceitos – igualmente impositivos – que suportam a
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