Domingo, 7 de junho de 2015 - 16h10
Uma espanhola vestiu uma camiseta trazendo escrito, mais ou menos, o seguinte: “Somos as putas, mas não chamem os políticos de nossos filhos”.
e nem elas aceitariam a maternidade
A inscrição fala por si. Porém, como devo ser cobrado por ter divulgado esse conteúdo nas redes sociais (assim como milhares de outros navegantes pelo bom senso), penso que cabem algumas reflexões:
1. A moça talvez expressasse um pensamento isolado, talvez de um partido de esquerda mais radical ou uma organização anarquista – ou talvez só diga o que outros milhões gostariam de dizer.
2. A moça não se mostra nem mesmo contra a democracia representativa ou os partidos políticos, pois não se refere ao sistema político podre ou algo assim.
3. A moça não trata de nenhum sujeito em especial.
4. A moça não se refere à Política, como nobre arte do convencimento, da astúcia capaz de fundar ou de fundir povos e Estados.
5. A moça jovem não se dirige à Polis – de onde deriva toda a Política – como centro de apresentação, defesa e entrechoques de valores, ideias e ideais, preceitos, direitos ou interesses individuais (ideologia).
6. A moça, tampouco, refere-se ao Político, como esfera, capacidade notável ou condição humana que, no espaço público (Ágora, para os gregos antigos), tornam o homem um ser mais completo no desenvolvimento e no aprimoramento de suas habilidades cognitivas, emocionais, sociais. A Política nos torna mais humanos. E tanto é assim que, Maquiavel (o criador da Ciência Política, no Renascimento) diz que os homens valiosos na política são “homens de virtù”. Todavia, os exemplos que emprega são de semideuses.
7. A moça, com certeza (a meu ver, pelo menos), agride a velhacaria política. Vale dizer, atacam os mesmos que Kant, Marx, Lênin, Rui Barbosa e tantos outros achincalharam no passado e menosprezam no presente.
8. Enfim, a moça evoca políticos sim, mas como sujeitos que abdicam da Verdadeira Política e que se locupletam da corrupção. A corrupção é a degradação do sujeito, portanto, de tudo que ele toca: a família (dele e a nossa), a sociedade, o trabalho, as relações de negócios. E, obviamente, promove a corrupção dessa mesma política. O corrupto se corrompe por inteiro, não discrimina faixas, fatias; nivela-se à inexistência de qualquer qualidade honrada (na esfera privada ou na vida pública). Para o corrupto, não há meio termo. Até porque o equilíbrio é condição do bom senso. E o corrupto é desequilibrado por essência e definição. No seu vocabulário não há política e se lhe perguntarem como define a Política, dirá com muita desfaçatez: “é o lar dos espertos”. Realmente, a corrupção nos desgraça enquanto Humanidade.
9. Pois bem, a moça não se dirige a todos os assim chamados “políticos profissionais” – creio eu; apenas soltou sua imaginação contra aqueles que se enquadram no item exposto acima (8).
10. A moça não queria, certamente, ter filhos dessa laia (muito menos eu).
Vinício Carrilho Martinez
Professor da Universidade Federal de São Carlos
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Vinício Carrilho Martinez (Dr.) Cientista Social e professor da UFSCar Márlon Pessanha Doutor em Ensino de CiênciasDocente da Universidade Federal de