Sábado, 28 de março de 2020 - 23h41
O bolsonarismo é de origem
fascista, e, se não fosse por muitas outras razões, seria pela implacável
trajetória populista, racista, machista, homofóbica, elitista. Porém, como
requer a lavra populista, em meio à pandemia do vírus COVID-19 que ameaça com genocídio,
apega-se ao antiepidemiológico, ao antiespistemológico, à irracionalidade em
que o lucro é mais importante do que a vida humana.
Nesse cálculo econômico está
também a lógica política: semear o caos, destilar a desinformação, atuar em
meio à contradição[1],
alimentado por robôs virtuais e Fake News, para prover um possível aliado no
Estado de Sítio[2].
Nessa lógica, com os olhos no pleito de 2022, a necropolítica () ganha destaque
imensurável. São centenas, talvez milhares de mortes pelo COVID-19, sem
notificação.
Porque o país está infestado
de fascismo – na “nova” versão da necropolítica, ou seja, em nosso caso diferentemente
até dos EUA – fazemos política subtraindo a vida e, depois, não notificando a
morte. Realmente, é nossa aquela imagem da caveira com capa levando uma foice:
a vida humana é só um pedágio para a saúde da economia financista[3]. As maiores vítimas
sociais do descalabro antiepistemológico: idosos, trabalhadores precarizados e
terceirizados ou de subemprego, pobres e miseráveis ou hipossuficientes. A
questão mais dramática é saber se morrem de fome ou dos efeitos da pandemia; de
todo modo, a morte é anunciada[4].
A desinteligência diante dos
fatos e do “que fazer”, motivada pelo capitalismo escravagista, impiedoso,
cruel, (re)formula um sistema apelidado de “isolamento vertical”. Neste conduto
econômico devem ser retidos, estigmatizados, alguns dos sempre atacados como
improdutivos: crianças, professores, estudantes e idosos[5].
Se a trabalhadora ou o
trabalhador saem para a labuta, por estarem fora do “grupo de risco”, e lá,
fora do isolamento, se contaminam, e ao retornarem a seus lares contaminam o
restante dos membros, especialmente, os mais vulneráveis, isso, obviamente, não
conta no genial cálculo do Estado Fascista. Por isso, imaginemos as semelhanças
que a guetualização de campos de refugiados relegados à mais visceral
indiganidade tem com o Brasil de 2020: máfia, sicários, fascistas, vírus e a
estupidez do "peso do cotidiano". Mas, diferentemente daqui, a
lucidez dos (in)formados é chocante, inteligente, faz do realismo sua
eloquência, é sutil para não desmoronar o castelo de areia da esperança[6].
Por aqui, até mesmo a esperança aparece abaixo do fim do poço; pois, neste
2020, a ficção da Pandemia parece sonho de princesa diante da Realpolitik do bolsonarismo[7].
Vinício Carrilho
Martinez (OAB/108390)
Pós-Doutor em Ciência
Política e em Direito
Coordenador do Curso de Licenciatura em Pedagogia, da
UFSCar
Professor Associado II da Universidade Federal de São
Carlos – UFSCar
Departamento de Educação- DEd/CECH
Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e
Sociedade/PPGCTS/UFSCar
CAIO RAMIRO
Professor no curso de Direito do Centro Universitário Central Paulista
(UNICEP). Mestre em Teoria do Direito e do Estado (UNIVEM). Possui
especialização em Filosofia Política e Jurídica (UEL).
JANETE MARIA WARTA
OAB/RO 6223
SANDRA
MARIA GUERREIRO
Advogada
OAB/RO 2525
SUELI CRISTINA FRANCO
DOS SANTOS
Advogada
e militante feminista
OAB/AC
4696
TALITHA CAMARGO DA
FONSECA
Jornalista
e advogada com Pós-Graduação em Direito Público.
Conselheira
Jurídica do Mandato da Deputada Estadual por São Paulo – Leci Brandão
Membro
efetivo regional do Núcleo de Ações Emergenciais e Defesa dos Direitos
Ameaçados da Comissão Permanente de Direitos Humanos da OAB – do Estado de São
Paulo
VINÍCIUS ALVES SCHERCH
Advogado
Mestre em Ciências Jurídicas - UENP
Professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná
Jacarezinho - PR
WALTER GUSTAVO LEMOS
OAB/GO 18814
OAB/RO 655A
[1] https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/03/28/apos-divulgar-campanha-nas-redes-planalto-nega-campanha-vetada-por-liminar.htm.
[3] https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2020/03/27/bolsonaro-quer-convencer-que-vida-de-idoso-e-pedagio-a-pagar-ao-coronavirus.htm.
[4] https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/03/nas-favelas-moradores-passam-fome-e-comecam-a-sair-as-ruas.shtml.
[5] https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/03/plano-da-saude-preve-escolas-e-universidades-fechadas-em-abril-e-afastamento-de-idosos.shtml.
Veremos de modo mais extensivo que entre a emancipação e a autonomia se apresentam realidades e conceitos – igualmente impositivos – que suportam a
O que o terrorista faz, primordialmente?Provoca terror - que se manifesta nos sentimentos primordiais, os mais antigos e soterrados da humanidade q
Os direitos fundamentais têm esse título porque são a base de outros direitos e das garantias necessárias (também fundamentais) à sua ocorrência, fr
Ensaio ideológico da burocracia
Vinício Carrilho Martinez (Dr.) Cientista Social e professor da UFSCar Márlon Pessanha Doutor em Ensino de CiênciasDocente da Universidade Federal de