Quinta-feira, 5 de março de 2015 - 14h19
A crônica adota e adapta o Mito do Fausto no interior do Brasil, em que um Político altamente corrupto – sociopata – e de moral privada profundamente pervertida, contrata pistoleiros de aluguel (mercenários psicopatas) para mandar as almas dos adversários para o caminho do barqueiro. Até que um dia um antigo colaborador de trapaças é trapaceado pelo Político sociopata. Abestalhado, porque fora besta mesmo, o pistoleiro mercenário (Paciente) procura um psicólogo (Mefisto). Procura por ajuda, mas o que encontra é o pacto da morte – dele e do Político. Pois, o psicólogo encomenda a morte do Político e deverá reclamar as duas almas. Sorrateiramente, nas sessões de acompanhamento, como mentor intelectual, instiga à prática do crime hediondo. O Paciente, então, morre de desgosto, mas só depois de pegar dengue.
Político– sociopata (rouba, idolatra quem “rouba, mas deixa roubar”, manda matar, tem vícios sexuais, compulsão por jogos de azar e se diz à boca miúda que já praticou o feminicídio).
Mefisto– psicólogo (conspira para o paciente traído matar o político).
Paciente– um capacho que foi usado e traído pelo político.
Povo Macunaímico– contaminado pela peste bubônica (falava-se, popularmente, “bobônica”), deveria receber o melhor, mas fazia de tudo para dar errado.
Leitor– advertido para fazer escolhas decentes, revoltou-se contra o eleitor que elegeu o pior.
O Político prometera dar uma gorda parcela dos bens corrompidos, desde que o Paciente fosse seu testa de ferro ou laranja, como se queira, mas, na hora final não só lhe tomou as escrituras como o deixou cumprir uma pesada pena no regime fechado (ou seja, preso).
Político: “aqui quem rouba de otário tem cem milhões a mais”.
O Paciente, com a sina dos injustos e o gosto de sangue na boca, procurou o psicólogo porque contraía síndrome do pânico e complexo de perseguição nos tempos de cárcere apertado.
Paciente: “Doutor, estou à flor da pele, menos carne e mais osso. Se o senhor não me ajudar, vou descarnar alguém”.
Mefisto atende-o calmamente, com os olhos cínicos cravados no olhar de peixe-morto do parasita enganado. Diz que seu caso é gravíssimo e que só tem uma saída. Ele está assim porque se impôs uma pena para além do cárcere. Se matar o Político receberá o perdão de si mesmo. $e conseguir o perdão interior, estará i$ento de culpa. Poderá $aborear não só o doce $abor da vingança, em prato frio, mas usufruirá dos ben$ pelo resto de sua vida.
O Povo Macunaímico, atolado em dívidas, mortificado aos milhares pela peste bobônica, digo bubônica, pensa que seus males são passageiros, como uma gripe à toa. Nos casos piorados, rezam e lamentam por aqueles que foram direto para o alcance do destino.
Povo Macunaímico: “nada se pode fazer, era a dengue matadeira”.
O Leitor ficava pasmo dia após dia, mais ainda quando lia matérias em jornais ou artigos e crônicas nos sites avisando sobre mais uma morte dengosa. Também desferia golpes fatais contra o eleitor que votou no pior dos pecados.
Leitor: “por que não escolheu o melhor dos males?”.
O Paciente, tendo leitores e eleitores em sua família, apenas vê crescer o seu ódio. Conclama uma passeata contra o Político, marcada para o dia 15/03. No meio da muvuca e do quebra-quebra, com a (re)volta dos Black Blocs, atira um sinalizador direto no Político. Esse, coitado, morreu sapecado. Era o mesmo sinalizador utilizado por uma torcida organizada de futebol, na Bolívia.
Paciente: “do fogo vieste, ao fogo dos infernos voltarás”.
O Paciente, ledamente enganado, só naquela hora da morte do seu padrinho de casamento (sim, o Político era seu padrinho político, mas também de casamento) percebera que não teria como reclamar seu dinheiro. Aí a desilusão o petrificou de vez, porque sempre acreditara na infalibilidade do modelo de família siciliana.
Paciente: “será que vou cobrar na Justiça?”.
O Povo Macunaímico não entendia nada e por isso queria a cabeça dos Black Blocs numa bandeja, com carvão aceso. A polícia bem que tentou, mas a TV filmava tudo. Sobrou mesmo um monte de destroços e a azeda revolta de nem sei o porquê. Na volta para casa, o Paciente foi picado pelo sorrateiro mosquito da dengue que fez seu ninho na casa do Político chamuscado. Morreria dias depois, dengoso e cheio de pânico pensando que alma do Político estava sobre ele.
Mefisto, aturdido pela má sorte, reclama a Justiça dos Céus e brada o nome de Goethe: “A quem meu bom direito exijo”?
O Leitor tomou de empréstimo o Mito cavernoso do Fausto e jurou para todo o sempre nunca mais eleger um político desonesto.
Eu, tu, ele, nós, vós, eles, todos estamos esperando para ver a promessa cumprida ou se e quando (e quantas vezes mais) o Mefisto há de voltar.
Logo, logo tem eleição e aí saberemos com quantas tiriricas se faz um Brasil.
Vinício Carrilho Martinez
Marcos Conforti
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Vinício Carrilho Martinez (Dr.) Cientista Social e professor da UFSCar Márlon Pessanha Doutor em Ensino de CiênciasDocente da Universidade Federal de