Terça-feira, 21 de setembro de 2021 - 22h09
Ao menos desde 2018-2019 (sofrência do golpe de 2016), nós não temos Políticas Públicas. O Lumpen no poder significa a concretização da anti-política. Mas, vamos construir essa ideia juntos.
1º - Por Lumpesinato entenda-se um tipo de subclasse social: o Lumpesinato já foi parte da classe trabalhadora ou almejou ser. Não conseguiu, exatamente, porque não há pleno emprego no sistema capitalista – sempre haverá um “exército industrial de reserva”.
2º - Por posição de poder, nesse artigo, entenderemos o Poder Político. Há infinitas formas e demonstrações de poder. No entanto, nosso objetivo é apenas indicar que o Lumpen chegou ao poder no Brasil, na última eleição.
3º - Por Políticas Públicas entendemos, basicamente, a iniciativa do Poder Executivo que objetiva diminuir as agruras, angústias, antinomias dos mais pobres – especialmente da classe trabalhadora, dos indígenas, das mulheres, idosos, dos famintos, das crianças desesperadas.
4º - A prática da chamada antipolítica – da negação do espaço público, da construção de crenças no absurdo, pelo outsider (mergulho no escuro) que ocupa lugar de poder – trouxe muito mais fome, miséria, o duro osso pra se roer diariamente. Não temos mais fila do pão, temos fila do osso na porta dos açougues.
Pois bem, juntando-se esses
ingredientes teremos a sopa de poder fazendo a abertura diplomática tradicional
na Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 20 de outubro de 2021. Isso está
relacionado profusamente com o último 7 de setembro.
O Brasil parece parceiro histórico do Lumpesinato, a Revolta da Vacina com os chamados (à época) de Bestializados é um marco indefectível. Desses que mil anos à frente deverão ser lembrados. Porém, hoje é diferente. “Nosso” lumpesinato dirige caminhões de milhares ou milhões de reais. Nosso Lumpen, como indivíduo político, tenta engatar a marcha a ré para entrar no Supremo Tribunal Federal.
Nosso Lumpesinato tem uma longa
ancestralidade. Porém, por enquanto, sua melhor herança morfológica revelou o
capitão do mato e os jagunços que lhe faziam parceria. O capitão do mato era,
em sua maioria, o negro que caçava escravos (negros) que se revoltavam contra a
escravidão. Só por isso é fácil perceber a qualidade moral desses
indivíduos.
Atualizando-se no tempo, podemos
dizer que o capitão do mato chegou ao poder. Sua forma de governo tem se
destacado por tentar destruir todas as instituições republicanas, o Estado de
Direito, a Constituição Federal de 1988, a cultura popular representativa, a
educação e a saúde pública.
A democracia, é óbvio, é a primeira vítima, bem como os direitos humanos, a tolerância e a interação social que inibem ou inviabilizam a mentira pública e o discurso de ódio. E, para muito além disso, o capitão do mato procura – ladeado por seu Lumpesinato – destruir qualquer lembrança ou memória positiva que identificasse o mais simbólico (e sutil) significado da palavra Dignidade Humana.
Esses são alguns dos resultados
obtidos por essa aventura política sacramentada desde 2018. Esses são os marcos
de desconstrução do humano nas fileiras, extratos, camadas mais pobres da
população brasileira.
O que o Lumpen demorou a aprender – e de fato aprendeu muito pouco – é que, no jogo do poder, não há almoço grátis: a migalha que lhe prometeram e que não foi entregue será cobrada com o preço de sua vida.
O outro resultado facilmente percebido da aventura outsider é a forma de governança e de governabilidade – se é que podemos assim dizer. Em todo caso, e isso podemos acrescentar tranquilamente, quando o Lumpesinato chega ao poder institui-se o Fascismo Miliciano.
As milícias de poder são compostas por todos os lacaios, sicários, esquadrões da morte, vigaristas, punguistas, necrófilos da vida pública, que possamos imaginar. Na verdade, nem é preciso ir muito longe: basta olhar para o topo da cadeia alimentar do poder. São os psicopatas e sádicos que em tudo lembram uma junção nefasta do capitão do mato com as piores experiências nazistas.
Por fim, o último resultado que apontaremos nesse texto é o efeito stasis provocado nos milhões de seguidores que ainda se manifestam na linha reta do confronto entre a civilização e barbárie. Não é apenas dormência neuronal – evidentemente não se refere a quem esteja extasiado – ou moral. Esse efeito stasis, em 2021, revela um tipo de sono profundo com a morte.
O Fascismo, se fôssemos definir
numa só conjugação, diríamos que é sinônimo da morte. As milícias, de todo gênero,
são os meios para isso.
O Lumpen no poder conduziu-nos ao
Fascismo miliciano.
Concluindo, o Fascismo miliciano sintetiza a fórmula de antipolítica outsider e materializa o pior ditado político que se tenha noticiado: “os fins (a morte) justificam os meios (suprimir a vida em stasis)”.
Veremos de modo mais extensivo que entre a emancipação e a autonomia se apresentam realidades e conceitos – igualmente impositivos – que suportam a
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