Terça-feira, 10 de maio de 2016 - 16h51
Em 1988, conhecemos um avanço na democracia.
Amanhã, dia 11/05/2016, teremos uma experiência esquizofrênica: em nome da lei, vamos violar esta mesma lei.
Todos dirão que você vive no reino da democracia, mas você verá decisões cada vez mais autocráticas, autoritárias.
Você verá, em breve, o governo dizer que para ter emprego é preciso acabar com os melhores direitos trabalhistas.
O médico dirá que você não tem nada, mas seu medo não passará.
Não é síndrome do pânico.
Você nunca teve pânico, nem medo do conhecido. E talvez seja esse o “X” da questão, começará o tempo do medo ao desconhecido.
Ou melhor, o medo do desconhecimento. O medo da perda do conhecimento.
Contudo, veja bem, é desconhecido só para você.
Espere pra ver, desse dia em diante, você não encontrará remédio.
Será síndrome pós-traumática?
Não!
Você não identifica nenhum trauma, nenhum evento, nada que tenha machucado seu corpo ou mente. Você não voltou da guerra.
Será que não?
Viverá dias intermináveis, perambulando entre as esquinas sem saber o porquê de você sentir essa estranha sensação das coisas e suas noções estarem Suspensas.
Mas que diabos é isso? Você dirá.
Que sentimento avesso de Suspensão é esse?
Com sorte, alguém lhe responderá que se trata da Suspensão do Direito.
Nesse dia, saberá que mergulhamos no Estado de Exceção.
Nosso país, você dirá, mostrou sua cara.
Sua alegria de reconhecer o fenômeno, entretanto, durará pouco.
Pois, em seguida, sentirá a dor sem remédio, o medo sem razão, a confissão do que não sabe, a Suspensão do que não mais existe.
O que mais posso dizer é que dia 11/05/2016, com hora marcada, terá inicio a mais difícil Depressão Democrática de nossa história.
Doença sem receituário clínico, medicamentoso – nem em tarja preta.
O remédio é a política limpa da autocracia das oligarquias nacionais e dos interesses capitalistas internacionais.
E sobre isso nenhum médico tem bula ou amostra grátis.
Aliás, os médicos já não atendem quem veste roupa vermelha.
O que já se sabe, como doença neurológica e em estado de epidemia, é que a cura é moral.
A política que instaure uma moral pública, popular e democrática. Mas isso o médico nem desconfia...
O que você terá é uma profunda depressão, apenas ainda não sabe!!
Por fim, nas TVs do país passará um filme antigo, porém bem novo: A Mosca.
Você vai também vai se identificar...
Vinício Carrilho Martinez (Dr.)
Professor Ajunto IV da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar/CECH
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Vinício Carrilho Martinez (Dr.) Cientista Social e professor da UFSCar Márlon Pessanha Doutor em Ensino de CiênciasDocente da Universidade Federal de