Segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014 - 10h53
O apagão nas regiões Sul e Sudeste no último dia 4 de fevereiro, o décimo deste ano, rendeu uns cinco minutos de comentários no Bom dia Brasil no dia seguinte. Os comentários do casal de âncoras foram medianos – tendo em vista que nenhum deles é especialista em matérias do setor elétrico e estavam lendo scripts feitos por redatores. Agora a comentarista Miriam Leitão começou bem a explicação sobre as prováveis causas do apagão: sobrecarga do sistema, estresse dos equipamentos, aumento recorde da demanda em janeiro; o desperdício da energia eólica que não tem linhas de transmissão para escoamento... Mas, quando ela afirmou: “a falta de divulgação de campanhas sobre o uso racional de energia e uso consciente de água contribui para os apagões”, foi uma colocação infeliz.
Ela demonstrou desconhecer totalmente os programas criados em governos anteriores, que não foram colocados para escanteio como: Procel – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica criado há Combate ao Desperdício de Energia Elétrica criado há 20 anos, completados em dezembro de 2013, que entre campanhas em escolas criou o Selo Procel obrigatório em todos os utensílios domésticos e eletrônicos que identifica o consumo de energia do produto A – mais eficiente a E menos eficiente. Esta iniciativa já proporcionou a economia de 60 milhões de megawatts-hora (MWh), energia suficiente para atender a mais de 30 milhões de residências durante um ano! O Selo é aplicado junto informações do Inmetro.
Tem também o Prodeem – Programa de Desenvolvimento Energético em Estados e Munícipios que beneficia moradores de zonas rurais distantes de rede elétrica com instalação de placas solar em comunidades, escolas, postos de saúde e realiza projetos de redução de energia elétrica em prédios públicos em parceria com prefeituras... Ou seja, ela, a comentarista realmente não sabe nada sobre o que opinou!
Somente em 2012, o Selo Procel Eletrobras ajudou a economizar nove milhões de MWh, que equivalem à energia gerada durante um ano para uma usina hidrelétrica de 2.150 megawatts. O custo de investimento construir e disponibilizar uma usina com essa capacidade é de US$ 3,5 bilhões. Essa economia de energia elétrica também ajudou a evitar que mais de 600 mil toneladas de CO2 equivalentes fossem lançadas na atmosfera, quantidade de gases de efeito estufa similar à lançada por quase 210 mil veículos em um ano.
Acredito que Miriam Leitão não tenha mais ou nunca teve tempo para prestar atenção nestes pequenos detalhes em sua casa ou apartamento, que faltaram alguns minutos na correria diária da profissional para pesquisar o assunto e o resultado foram os comentários desastrosos, afinal ela é uma expert em Economia e não em Energia Elétrica. Uma iniciativa muito bacana das empresas do setor elétrico, neste sentido, seria promover encontros de jornalistas com as equipes de Comunicação Integrada das agora Eletrobras-Cemig, Eletrobrás-Eletronorte, Eletrobrás-Furnas, Eletrobrás-Chesf... Faltam muita informação e explicações deste setor que é realmente muito complexo para entender em apenas alguns minutos de entrevista, ou mesmo pesquisa de internet para produzir uma boa matéria para TV, rádio, jornal e sites. A nomenclatura dos MW, Watts é uma festa à parte que exige atenção igual ao uso da crase.
A Eletronorte realizou o II Encontro de Comunicação do Setor Elétrico – Eice, reunindo todos os jornalistas, relações públicas, publicitários na usina de Tucuruí, no Pará, em 2001, saí da empresa em 2008 e desconheço que tenham existindo outros. Apesar de ser uma reunião interna, os participantes receberam materiais riquíssimos como manual de escrita que poderiam e deveriam ser compartilhados com os comunicadores externos.
Apesar de tudo realmente voltou a afirmar que a comentarista cometeu um dos piores crimes do jornalismo: o desconhecimento de um assunto! Ao longo dessas duas décadas, os trabalhos para consolidação do Selo Procel Eletrobrás incluíram a capacitação de 20 laboratórios para ensaios de eficiência energética, a implantação de centros de excelência em diversas regiões do País, além da publicação de um vasto material técnico direcionado a profissionais e estudantes de engenharia e arquitetura interessado no assunto. Ela teria conseguido estas informações colocando no Google: programas de combate ao desperdício de energia no Brasil...
O Procel tem uma vertente que considero principal e esta realmente deveria ser amplamente divulgada na mídia para evitar citações como a de Lilian Leitão, o Programa na Educação Básica que dissemina informações de combate ao desperdício de energia, por meio da metodologia “A Natureza da Paisagem – Energia”, capacitando multiplicadores nas concessionárias de Energia Elétrica, que por sua vez capacitam professores, dentro do mesmo processo metodológico, conforme a Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional – LBD. Os alunos são beneficiados com vídeos, jogos e livros. De 1995 a 2006 participaram do Procel Educação na Educação Básica cerca de 21 mil escolas, 137 mil professores e 18 milhões de alunos.
As crianças de hoje serão as maiores divulgadoras das ações de uso racional de energia elétrica, pois nós os adultos não somos tão resilientes quanto deveríamos ser para aceitar orientações como estas! Então fica a dica para o setor de Comunicação Institucional da Eletrobrás e da Casa Civil divulguem o Procel sem medo. Medo foi à palavra que a comentarista global utilizou para afirmar que o setor não gosta de divulgar informações demais para não gerar alarde! Nesta parte ela acertou - não a do alarde, pois é comum e estratégico em qualquer organização que se preze, mas na ausência de divulgação desta Estrela chamada Procel – como dizem no marketing de determinados produtos. É claro que quando começar a divulgação maciça do programa irão questionar o excesso, o desperdício do dinheiro público... Mas isto também faz parte!
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