Quinta-feira, 2 de janeiro de 2014 - 13h07
Encerramos 2013 com a aprovação da cota que reserva 20% das vagas dos concursos públicos para indivíduos negros. Muito bom, né, igualdade para todos! Após um ano dalei de cotas sociais e raciais na rede federal de ensino superior é bem previsível que até o final de 2013 teremos mais algumas cotas por aí, e realmente como “negona” que sou começo a ficar envergonhada desta situação. A intenção foi maravilhosa, a lei de cotas tem a meta audaciosa de que até 2016 todas as universidades e institutos federais reservem 50% de todas as suas vagas por critério de cor, rede de ensino e renda familiar.
Eu realmente prefiro começar 2014 acreditando que as equipes que compõem o governo dos excluídos, das desigualdades sociais como o da presidente Dilma Roussef se autodenomina, tenham almejado o melhor para os brasileiros, não aquela ou esta raça! Até o momento o tiro tem sido no pé. Os números não metem como sabem bem os professores de Marketing e Administração, da disciplina de Mensuração de Resultados. Criar campanhas, programas é bem fácil, imaginando consequências e alcances e resultados... Agora tudo isto virar realidade, dar certo, é missão árdua e exige constantes correções e melhorias.
Analisemos só os dados fornecidos pelo Mistério da Educação e Cultura, responsável pelo Enem referente aos anos de 2012 e 2013. Onúmero de candidatos do certame, que se autodeclaram pretos e pardos cresceu 29% entre a edição de 2012 e a de 2013. Foram inscritos 4.006.425 candidatos que se declararam pretos e pardos, quase um milhão de candidatos a mais que os 3.094.545 de inscritos em 2012, um crescimento acima da média de inscritos, de 24%.
No mesmo período, o crescimento no número de indígenas inscritos no Enem foi ainda maior, apesar de o grupo ainda representar uma minoria do total de candidatos. A evolução, segundo o balanço do MEC, foi de 30% (de 35.756 para 46.563). Os candidatos que se autodeclaram brancos eram 2.421.487 em 2012 e, neste ano, são 2.837.064, o que representa um crescimento de 17%.
Eu mesma ficaria indecisa na hora de fazer minha inscrição no Enem. Negra – meu cabelo é ondulado, apesar do nariz de bolinha. Parda?! A cor da minha pele é marrom – porque a denominação morena só se aplica a pessoas da pele branca com cabelos escuros. Cafuza, mistura de negro com índio, pois tenho bisavó índia e bisavó negra! Mulata?! Quem dera, a cor da minha pele é muito desbotada. Então fico imaginando como um adolescente de 16 anos consegue preencher uma ficha e definir sua raça, numa nação tão miscigenada como a nossa. E mais, principalmente aqui no Norte do Brasil, onde existem indígenas e nordestinos que descendem de portugueses, italianos, holandeses...
Quando minha filha fez sua inscrição no Enem pela primeira vez há dois anos ela disse que ia se declarar parda. A afirmação foi quase um pedido de socorro, tipo assim: é isso que sou?! Depois ela justificou que não concordava com o sistema de cotas porque não se considerava não inferior socialmente e racial assim. Bem por aí mesmo. Como muito bem afirmou o ator Morgan Freeman que interpretou Nelson Mandela no cinema. “Temos de parar de falar de negros e brancos. “Eu me considero um individuo pertencente à ração humana, nem branco, nem preto”!”.
As diferenças sociais existem no Brasil e não são novidades para ninguém. O desconhecimento é um fator preocupante. Por exemplo, o Instituto Castelo Branco, responsável pelas provas e cursos da carreira de Diplomata destina bolsas para afrodescendentes disputarem o certame há uma década! E aí?!
Cria-se o sistema de cotas sociais e raciais, de concursos públicos e ao mesmo tempo o governo distribui a vergonhosa Bolsa Família, que certificou a miséria. “Olha você jamais irá conseguir sair desse nível social. Você continuará tendo filhos e mais filhos sem poder criar, pois te daremos um auxílio para cada um que estiver “estudando” em nossas escolas públicas deficientes de material básico, de estrutura física... Mas quando você crescer se não for assassinado em uma favela, ou morrer de sede e fome, ou de doenças erradicadas às décadas no restante do mundo, você terá uma vaga garantida em uma universidade ou faculdade. Mas quando terminar este curso você irá descobrir que apenas o certificado superior debaixo no braço não será suficiente para conseguir um emprego digno ou com remuneração igual a dos políticos brasileiros, pois para isto temos um presidente eleito e “Doutor Honoris Causas” apenas com o ensino médico técnico ““...
Tudo isto já pode ser visto nos processos seletivos das universidades que adotaram o Enem como substituto do vestibular tradicional. Na Federal do Pará – a UFPA os candidatos descobriram no final do ano passado, que este negócio de cotas é uma faca de dois gumes bem afiados. Quem se inscreveu para o curso de Administração-Matutino, para uma das 64 vagas e optou pelas cotas vai enfrentar uma concorrência de 50.34 por vaga. Já os não-cotista: 21.38!!! O mesmo acontece para o curso de Direito-Matutino, dos 1.946 inscritos, os 1.902 cotistas enfrentam 60.67 candidatos por uma vaga, enquanto os 846 não cotista 47.00 pela mesma vaga.
E não está sendo diferente em nenhuma universidade federal. Ou seja, e agora senhora presidente?! Para solucionar esta equação teremos que investir em mais cotas, talvez agora cotas de nascimento, pois assim garantiremos que o mal seja cortado pela raiz...
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