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Viviane Paes

Vida nova para quatro mil famílias! Poderia ser muito mais...



Em Altamira, Pará, onde o rio Xingu impera majestoso para mais de 100 mil moradores, um exemplo de que algumas obras do PAC não deram certo por conta do velho hábito de alguns políticos brasileiros de ganhar, ganhar e nada fazer.

Vida nova para quatro mil famílias! Poderia ser muito mais... - Gente de Opinião

Aqui no município que já foi considerado o de maior extensão territorial do mundo, com dimensões de países como Portugal, quatro mil famílias que padeciam todos os anos com alagamentos nas palafitas estão sendo realocadas para novos bairros.  Novos é novos mesmo construídos exclusivamente para eles com infraestrutura básica, iluminação, ruas pavimentadas, postos de saúde próximos que proporcionam a vida digna que todos deveriam ter.

No início de novembro a Norte Energia, empresa responsável pela construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte entregou a uma família indígena formada por 25 pessoas, a milésima casa, das quatro mil exigidas pelo IBAMA como compensação dos impactos gerados pelo empreendimento.

Agora o leitor pensa: OK. Só fez porque era obrigada a fazer! Nem tanto. A obrigação existe, de fato, no entanto ela só acontece quando políticos envolvidos diretamente e indiretamente no processo fazem – estes sim, seu trabalho! Terei que recordar mais uma vez que em Porto Velho, capital de Rondônia, entre as dezenas de compensações para a construção do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira estava à realocação de ribeirinhos do rio Madeira, obras de saneamento básico – que ainda não foi concluída, afinal alguém teve a brilhante falta de ideia de pegar um projeto de uma cidade nordestina e repassar ao Ministério das Cidades... Tá bom por aí, ou preciso detalhar mais?! Ah realocação dos ribeirinhos foi cumprida.

Eu não consigo deixar de citar a construção dos viadutos, lá vou eu de novo, pois é tão vergonhoso ver uma das obras que daria cara nova para a cidade onde cresci - parada impedindo o tráfego de veículos das zonas sul e leste... Pior e lembrar que poderia ter sido diferente! Poderia, não. Deveria ter sido diferente! De cartão postal do PAC se tornou o tendão de Aquiles. Ao menos desta vez, a maioria da população demostrou nas urnas que não aceitou passivamente mais este desrespeito... E nem vou falar em candidatos de que partido não conseguiram a reeleição... A vida segue lembrem-se!

Agora em Altamira tenho a oportunidade de vivenciar um verdadeiro canteiro de obras em plena cidade. É bem estressante dirigir com obras de saneamento básico, mas é um preço que pago com satisfação! Quando cheguei em 2012 para trabalhar no consórcio responsável pela construção da usina, vi uma cidade interiorana que tinha apenas três semáforos?! Sério. Sem transporte coletivo, com muitos ciclistas, motoqueiros e muitos pedestres atravessando a cidade de ponta a ponta.  A Avenida Ernesto Acioly, que dá acesso a Transamazônica - que tem parte de seu trajeto pavimentada era repleto de palafitas. Quem já esteve no Norte sabe como esta visão é deprimente: casas de madeiras em cima do rio, sem banheiro, com pontes improvisadas e no período das cheias dezenas de desabrigados.

A retirada das mil primeiras famílias fez a diferença de lá para cá. No local estão previstas obras na belíssima orla do Xingu, como a construção de pontes e parques. E os novos cinco bairros, três já construídos, fazem a diferença na qualidade de vida da população e dos ais de 20 mil moradores ocasionais trazidos pelo empreendimento.

A otimista que sou de carteirinha, pela condição Rosacruz de nascença não me permiti ver apenas os aspectos negativos deste processo. Eles existem. Não faço o tipo cinderela que acredita em tudo, não tenho mais idade para tanto! Sabemos que muitas destas famílias irão vender suas casas e tentar retornar para o antigo ambiente. Que a criminalidade começa a estender seus tentáculos nestes locais, afinal se tem algo que é bem organizado no Brasil é este segmento...

O que quero compartilhar neste artigo da semana é que as obras do PAC não foram ou são um erro, em sua totalidade. Errado foi disponibilizar tanto dinheiro sem um controle mais rígido e acompanhamentos reais dos empreendimentos. Nada daqueles gráficos do site do PAC.

Sê por aqui os recursos estão sendo aproveitados como deveriam, porque em Rondônia não deu certo e em outros estados também?! Enfim, vida nova para quatro mil famílias! Vamos comemorar, sem esquecer que deveriam ser muito mais os beneficiados!

dezenas deles padeciam com os alagamentos no período chuvoso que vai de dezembro a março. Uma das contrapartidas ou compensações da construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte exigidas pelo IBAMA a empresa responsável pela obra foi à realocação de mais de quatro mil famílias

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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