Terça-feira, 3 de outubro de 2023 - 14h14
Há mais de 100 anos um trecho do alto
Madeira presenciava o surgimento de uma nova povoação, em razão do início da
construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, que mudaria para sempre esta parte
da Amazônia. No dia 2 de outubro de
1914, essa história ganhava um novo capítulo com a criação do município de
Porto Velho.
Historiador da Universidade
Federal de Rondônia (Unir), o professor Dante Ribeiro da Fonseca define esse
momento como o embrião do que hoje é a capital de Rondônia já no ocaso do
chamado I Ciclo da Borracha: “Essa povoação começa a surgir justamente em torno
do pátio da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Ali tínhamos comerciantes, trabalhadores
da ferrovia e outras pessoas que começaram a dar rosto a Porto Velho que, de
fato, é instituída por lei como cidade no ano de 1919 (até então era uma vila).
A partir daí, este jovem município
começa a ser construído através dos vários surtos econômicos que vão marcar,
profundamente, a nossa história, explica o historiador.
A matéria-prima responsável pelo primeiro
ciclo econômico foi o látex em virtude dele ocorreram os eventos acima
descritos. Instigada pelo avanço da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), a região
retoma a produção de borracha: “É neste momento que presenciamos novamente a
chegada de muitos migrantes nordestinos que serão responsáveis pela construção de
parte da identidade e cultura da cidade. É nesse período que bairros já
existentes, como o Centro e o Mocambo começam a crescer, e outros como o Arigolândia e a Favela, começam a
surgir”, detalha o professor.
É naquela mesma década, em 1943, que
outro evento promete transformar, para sempre, a história do município, quando
Porto Velho se torna a capital do recém criado Território Federal do Guaporé (em
1956 renomeado Território Federal de Rondônia). Com o fim do conflito mundial,
o interesse estrangeiro pela borracha também acabou.
AUMENTO POPULACIONAL
O novo status de capital do
Território traz a Porto Velho uma série de investimentos estruturais, como a
construção do Palácio Getúlio Vargas e do prédio do Porto Velho Hotel, que no
início dos anos de 1980 abrigou a Unir. Mas é nos anos de 1970 e 1980 que três
fatores impulsionam um crescimento populacional vertiginoso: a criação do
Estado de Rondônia, a corrida pelo ouro fluvial e a oferta de terras para a
agropecuária.
“Estima-se que nessas duas décadas
e meia, a partir dos anos de 1970, Rondônia tenha suportado uma das maiores
Taxas Médias Geométricas de Incremento Populacional registradas na História. É
aqui que vamos começar a ter o crescimento desordenado de bairros em Porto
Velho, principalmente nas zonas Sul e Leste, por meio de invasões de terras
urbanas. Um movimento que vai diminuir a partir dos anos de 1990 para 2000”,
afirma.
USINAS
Na sua história mais recente,
Porto Velho ainda viu a chegada da construção de duas usinas hidrelétricas que
impactaram a economia, infraestrutura e população da cidade como um todo.
“O que a gente percebe é que Porto
Velho tem em seu DNA essa tradição de crescer a solavancos, de viver por meio
de ciclos e isso nos traz muitos desafios, principalmente para o poder público,
sobre como acomodar e gerenciar tudo isso. O que assistimos, nos últimos anos,
foi uma recuperação de investimentos e obras antes paralisadas. Por tudo isso,
eu enxergo o futuro de Porto Velho com muito otimismo e com muita coisa a se
celebrar nos próximos aniversários”, finaliza o historiador.
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