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Dante Fonseca

Ciclos econômicos e migração marcaram a história de Porto Velho desde a sua criação

Historiador destaca avanços, contribuições e perspectivas do município


Pátio da EFMM foi ponto de partida para expansão populacional de Porto Velho - Gente de Opinião
Pátio da EFMM foi ponto de partida para expansão populacional de Porto Velho

Há mais de 100 anos um trecho do alto Madeira presenciava o surgimento de uma nova povoação, em razão do início da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, que mudaria para sempre esta parte da Amazônia.  No dia 2 de outubro de 1914, essa história ganhava um novo capítulo com a criação do município de Porto Velho.

Historiador da Universidade Federal de Rondônia (Unir), o professor Dante Ribeiro da Fonseca define esse momento como o embrião do que hoje é a capital de Rondônia já no ocaso do chamado I Ciclo da Borracha: “Essa povoação começa a surgir justamente em torno do pátio da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Ali tínhamos comerciantes, trabalhadores da ferrovia e outras pessoas que começaram a dar rosto a Porto Velho que, de fato, é instituída por lei como cidade no ano de 1919 (até então era uma vila).  A partir daí, este jovem município começa a ser construído através dos vários surtos econômicos que vão marcar, profundamente, a nossa história, explica o historiador.

Historiador detalha ciclos econômicos e migrações para Porto Velho - Gente de Opinião
Historiador detalha ciclos econômicos e migrações para Porto Velho

A matéria-prima responsável pelo primeiro ciclo econômico foi o látex em virtude dele ocorreram os eventos acima descritos. Instigada pelo avanço da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), a região retoma a produção de borracha: “É neste momento que presenciamos novamente a chegada de muitos migrantes nordestinos que serão responsáveis pela construção de parte da identidade e cultura da cidade. É nesse período que bairros já existentes, como o Centro e o Mocambo começam a crescer, e outros  como o Arigolândia e a Favela, começam a surgir”, detalha o professor.

É naquela mesma década, em 1943, que outro evento promete transformar, para sempre, a história do município, quando Porto Velho se torna a capital do recém criado Território Federal do Guaporé (em 1956 renomeado Território Federal de Rondônia). Com o fim do conflito mundial, o interesse estrangeiro pela borracha também acabou.

AUMENTO POPULACIONAL

O novo status de capital do Território traz a Porto Velho uma série de investimentos estruturais, como a construção do Palácio Getúlio Vargas e do prédio do Porto Velho Hotel, que no início dos anos de 1980 abrigou a Unir. Mas é nos anos de 1970 e 1980 que três fatores impulsionam um crescimento populacional vertiginoso: a criação do Estado de Rondônia, a corrida pelo ouro fluvial e a oferta de terras para a agropecuária.

Cidade experimentou rápido crescimento nos últimos anos - Gente de Opinião
Cidade experimentou rápido crescimento nos últimos anos

“Estima-se que nessas duas décadas e meia, a partir dos anos de 1970, Rondônia tenha suportado uma das maiores Taxas Médias Geométricas de Incremento Populacional registradas na História. É aqui que vamos começar a ter o crescimento desordenado de bairros em Porto Velho, principalmente nas zonas Sul e Leste, por meio de invasões de terras urbanas. Um movimento que vai diminuir a partir dos anos de 1990 para 2000”, afirma.

USINAS

Na sua história mais recente, Porto Velho ainda viu a chegada da construção de duas usinas hidrelétricas que impactaram a economia, infraestrutura e população da cidade como um todo.

“O que a gente percebe é que Porto Velho tem em seu DNA essa tradição de crescer a solavancos, de viver por meio de ciclos e isso nos traz muitos desafios, principalmente para o poder público, sobre como acomodar e gerenciar tudo isso. O que assistimos, nos últimos anos, foi uma recuperação de investimentos e obras antes paralisadas. Por tudo isso, eu enxergo o futuro de Porto Velho com muito otimismo e com muita coisa a se celebrar nos próximos aniversários”, finaliza o historiador.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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