Quarta-feira, 27 de dezembro de 2023 - 16h38
Chegamos
então aos momentos finais de 2023. Para os bruxos, magos, adivinhos, pais de
santo com os seus búzios ou os institutos de pesquisa, a velha novidade: o
Brasil continua dividido e o mundo arde em chamas. Virada de ano é tempo de
adoção de uma prática política bastante conhecida: perdoar da boca pra fora sem
jamais perder o desafeto de vista e fazer aquela lista inacabável de promessas
para não serem cumpridas. Deixo a cada um a tarefa pessoal e intransferível de
anotar todos os perdões da boca pra fora já que cada pessoa traz na parte mais infernal
do seu coração os nomes da sogra terrível, do cunhado folgado, do amigo ou
parente que tomou emprestado e não pagou, do bicão de cerveja, do parceiro de
pescaria que não racha a despesa, do chefe intragável e, claro, do(a)
ex-esposa(o) que é um inimigo(a) administrável ad eternum, para sempre amém. Sobre
promessas sugiro terminar o relacionamento com o(a) amante, perder os quilos
que somente você sabe quanto são, aprender inglês, não brigar com o amigo do
Lula ou Bolsonaro conforme o ponto de vista, fazer academia, trocar o carro,
liquidar aquela conta do empréstimo que tomou do amigo ou parente e não pagou, viajar
com a família – depois passar um fim de semana com a(o) amante – fazer uma
poupança programada, parar de chamar Lula de ladrão ou Bolsonaro de genocida
conforme o ponto de vista, fazer orçamento com a família, mudar hábitos
alimentares, parar de fumar e/ou beber conforme o ponto de vista e não esquecer
de guardar a lista de promessas na terceira gaveta do lado esquerdo da
escrivaninha caso tenha uma ou no bolso interno do casaco azul de gabardine do
avô – se não tiver um tome emprestado de quem tenha, prometendo devolver depois
da viagem – só de kaô – para consultar sempre que for preciso.
Apenas
para lembrar, como você percebeu, Papai Noel não existe, mas Haddad sim e ele
fez uma coisa que ninguém conseguiu: a reforma tributária que vai mudar muitas
coisas que a gente ainda não sabe como serão, mas que com certeza serão boas
pois foi tudo feito depois que amor
venceu. Detalhe: as renas não voam, mas o presidente com a sua caríssima
metade, os ministros, deputados e senadores voam e muito – e se você ainda não
sabe, todos voam às nossas custas – e assim como as renas, você também não voa
por uma questão simplória: o preço das passagens de avião não são suportáveis
por aqueles que pagam imposto de renda na fonte ou se preferem a verdade nua e
crua, por assalariados com ou sem registro em carteira.
Mais
uma coisica, apenas para lembrar: os políticos que você escolheu para figurar
como seus representantes no Senado e na Câmara dos Deputados arrumaram o jeito
de angariar fundos para a campanha eleitoral de 2024. O pixuleco que tem o nome
de fundo eleitoral é de quase R$ 5 milhões e saíram de verbas que nem eram
assim tão necessárias para a saúde, educação e assistência social e na verdade
segundo estudos de alguns especialistas em qualquer coisa, eram dispensáveis.
Até sobravam. Com isso e como 2024 é ano eleitoral teremos a festa da
democracia outra vez comandada pelo diligentíssimo TSE e os filhotes regionais,
os TREs, usando aquela ferramenta de contagem e controle de votos, jamais vista
que é a urna eletrônica.
E para
não encher ainda mais o seu saco com as minhas bondades para o fim de ano, de
tudo o que escrevi tire a parte boa – se é que existe – e distribua com os
nossos amigos, parças e chegados. Quanto à parte ruim – se é que existe –
reserve para nossos inimigos, mas de forma alguma use as redes sociais para
detoná-los, cancelá-los ou intrigá-los. Deixei para falar das redes sociais no finzinho
pois as coisas necessárias para o 2024 mais humano e sociável merecem um
registro nessa linha: não creia em tudo que dizem ainda que você veja a cara e
a voz. Lembre-se da IA. Desconfie de tudo que é fácil e barato demais. E, principalmente
não creia nos influenciadores digitais. Você não precisa de um influenciador digital
para ser feliz, mas ele precisa de você e de seus likes para ficar rico. A
escolha é toda sua. Busque ser feliz nesse ano novo e por todo o ano.
2-O ÚLTIMO PINGO
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3-PONTO FINAL
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