Quarta-feira, 8 de março de 2023 - 15h47
Ao primeiro gato da minha vida eu dei o nome de Tunder. Uma referência
ao desenho animado Tunder Cats. Tunder parecia um tigre e surgiu em minha casa
já adulto. Um dia sim e outro também ele aparecia sorrateiro, como são os
gatos, e por ali permanecia para depois desaparecer.
Tempos depois dei conta que Tunder tinha outra família que o amava,
cuidava e alimentava como eu. Descobri com Tunder que, no coração de um gato,
cabem muitos amores também. Meu Tunder
foi envenenado pelos vizinhos enquanto eu fazia estágio na área do Direito. Ele
se refugiou em minha casa para se despedir. Eu amava Tunder ... que dor foi
vê-lo desaparecer para sempre!!!
Mas a vida dá voltas, muitas.
Dias depois fui surpreendida, agora por uma mocinha peluda a quem chamei
de Pandora. Sua peculiaridade era viver na rua, dormir no sofá e tomar água na
torneira do tanque. Pandora teve cinco lindos filhotes que foram a alegria mais
doce da minha vida. Chegar da faculdade e ver aqueles cinco pares de olhos e
rabinhos balançando para mim era a felicidade. Pandora foi a mãe mais dedicada
que já vi. Sempre me emocionava ao vê-la cuidar de suas crias. Mamãe Pan saiu
em um dia qualquer e nunca mais voltou.
Dos seus filhotes, três foram doados, e os demais enchiam minha casa de
alegria. E como as dores das partidas estão sempre em nossas vidas, eu vi
desaparecer um a um os meus filhotes peludos. Nenê, uma boloteza, vive em São
Carlos. É a rainha absoluta naquela outra casa, com seus 15 anos de manha
total. É incrível.
Nina chegou numa noite de ano novo, tão pequenina que não sei como
conseguiu chegar até mim. Tenho cá para os meus botões que foi magia de Preto
Velho que a trouxe em um sopro de luz. Nina foi meu mais puro e terno
amor. Ficamos juntas por longos 15 anos
numa amizade profunda, numa cumplicidade que as vezes nem os humanos tem.
Nina me olhava com doçura, e tenho plena convicção que entendia cada
palavra minha. Estive com ela até seus
últimos suspiros e sinto uma saudade que nunca senti por ninguém.
Nina ainda é luz para mim porque a vejo pela casa, tomando sol, seus
olhinhos cúmplices e seu andar elegante de modelo na passarela. Sinto que um
pedacinho de mim está com a Nina em algum lugar do universo e ela vive no meu
coração, na minha alma, na minha memória
para eternidade.
Os amores felinos são assim.
Não tem fim.
Olhando as folhas das samambaias pela janela da minha sala eu posso também ver o céu azul e infinito. Em um átimo de segundo uma vida inteira passou e
A rede amanhecia estendida na sala principal; chinelos novos em folha, e arrumados, demonstravam que alguém andou com eles. Fôra papai Noel!!! Sim!!
Quando lembro da minha infância, a mente voa e me vejo sob o céu estrelado do Ceará; sob a luz do candeeiro e das noites que começavam às 17 horas. Re
Na bancada espalhei diversas caixas de morangos. “– Que fruta mais linda!” – pensei. Esse contraste perfeito do vermelho intenso e das pequenas folh