Sábado, 6 de agosto de 2022 - 16h44
Quando lembro da minha infância, a mente voa e me vejo sob o céu estrelado do Ceará; sob a luz do candeeiro e das noites que começavam às 17 horas.
Recordo-me das histórias de Trancoso, do meu avô, e daquele medo de se encolher pertinho um do outro; do sono na rede e dos sonhos embalados pelo desejo de crescer logo e ser adulto.
Numa dessas noites, estreladas e com a lua cheia iluminando o céu e o quintal da minha casa, eu me vi contando as estrelas e uma voz interior me encheu a mente: jamais serei advogado (sic)!
Eu nem sequer sabia o que era ser advogado ! Que coisa mais estranha.... carreguei essa frase comigo por anos até ela desaparecer da memória dando espaço para outras vozes.
Fui educada no catolicismo, crendo no céu, purgatório e no inferno. Temendo o Deus que castiga e confessando supostos pecados a um padre que certamente pecara mais do que eu menina.
Aos 16 anos duvidei da existência desse Deus punitivo e passei a ver Jesus como um revolucionário que pregava a paz, a liberdade e o amor. Fui tratada como herege pelos meus colegas de grupo de jovem e larguei as barras da saia da Igreja Católica.
Depois de migrar para São Paulo aos 24 anos me deparei com outro jeito de ver Deus e entender algumas questões do meu viver que pareciam não ter resposta.
Sempre ouvi dos meus professores que seria uma excelente advogada. E sempre rejeitei essa ideia embora acreditasse que seria também um jeito de lutar por um mumdo melhor.
Até que me deixei levar pela correnteza da vida e fui parar numa Faculdade de Direito - contrariando minha alma - e me tornei Nestra em Direito em 2008.
Em todo o tempo de duração dos cursos, eu recordei aquela voz da infância invadindo minha alma, angustiando-me. Por que teimo em contrariar a minha essência?
Por que essa voz martela minha mente e me deixa infeliz cursando Direito?
Onde encontro as respostas?
Novamente a voz da infância e um medo de cometer erros, advogando. Até que um dia um amigo que já habita outros céu me disse que a vida continua para além daqui e que já vivemos muitas outras vidas além dessa. Isso se chama reencarnação.
A reencarnação tem por base a ideia de que somos espírito habitando diversos corpos em inúmeras existências. Já fomos homem, mulher e já vivemos em diversos continentes e sob diversas culturas.
Então, me restou pensar que já trabalhei com o Direito em outra vida e que por alguma razão não fui a pessoa mais ética no exercício dessa atividade.
Eu era uma criança tão pequena!!! Jamais houvira falar de Direito, tampouco de advocacia, como poderia não querer ser advogado (sic)? Passei sim a crer na multiplicidade das existências. E observando há três décadas a minha própria vida, as minhas escolhas, o meu comportamento, meus gostos, as pessoas com quem convivo eu já não tenho mais dúvida da reencarnação!!
Estamos sempre indo e vindo, de corpo em corpo, sempre em processo de aprendizado para ascender e melhorar moral, intelectual, psíquica e socialmente. E por fim, ajudar a Terra a ser um planeta verdadeiramente azul.
Eu nunca advoguei, o Direito me serviu e serve para pensar a justiça, a política, as leis, por um prisma ético e humanitário.
Ainda sinto aquela angústia na alma quando penso na magistratura, na advocacia e na atuação das promotorias. Mas, gosto de falar de ética, de cidadania, de respeito à dignidade da pessoa humana, de princípios éticos basilares como honestidade, fraternidade, igualdade, liberdade e amor!!!
Eu continuo aprendendo nessa vida para não mais errar na próxima.
Eu advogo um Direito que talvez, ainda, não exista.
E sonho como uma menina. Sempre.
Ao primeiro gato da minha vida eu dei o nome de Tunder. Uma referência ao desenho animado Tunder Cats. Tunder parecia um tigre e surgiu em minha casa
Olhando as folhas das samambaias pela janela da minha sala eu posso também ver o céu azul e infinito. Em um átimo de segundo uma vida inteira passou e
A rede amanhecia estendida na sala principal; chinelos novos em folha, e arrumados, demonstravam que alguém andou com eles. Fôra papai Noel!!! Sim!!
Na bancada espalhei diversas caixas de morangos. “– Que fruta mais linda!” – pensei. Esse contraste perfeito do vermelho intenso e das pequenas folh