Temer jamais cairia
Professor Nazareno*
Michel Temer continua tranquilamente como presidente do Brasil. E quem determinou isso foi o Congresso Nacional por meio de uma democrática votação que não permitiu que as comprovadas denúncias de corrupção contra o maior mandatário da nação tivessem prosseguimento no Supremo Tribunal Federal. Para apeá-lo do poder e dar prosseguimento às investigações precisava-se de pelo menos 342 votos para derrotar o relatório da CCJ. Teve só 227 votos. Não há no país inteiro a menor convicção de que Temer não tenha culpa. Mas os congressistas arquivaram no voto qualquer possibilidade de investigação. Com menos de cinco por cento de aprovação dos brasileiros, o presidente golpista continuará dando as cartas. E quem decidiu isto foi o mesmo pensamento reacionário e conservador que golpeou a última presidente, eleita no voto.
Ainda que Michel Temer tivesse zero por cento de aprovação popular, ele não teria caído. A mentalidade direitista, golpista e retrógrada que o mantém é a mesma que não dá e nem nunca deu a menor satisfação para a população humilde e alienada que vota nela e de um modo geral é a maior vítima dos desmandos dessa mesma classe política. Nesse contexto, “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. A bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) do Congresso Nacional sempre olhou apenas para o seu próprio umbigo sem levar em consideração as necessidades mais urgentes do povo. Dilma, o PT e todos os esquerdistas tinham que ser escorraçados do poder “a qualquer preço e custo” e assim foi feito. Parte do povão, alienado e calado, deu também a sua contribuição: vestiu-se de amarelo, riu com o pato da FIESP e foi às ruas apoiar o golpe.
Em Rondônia, como já era de se esperar, a situação foi a mesma do Brasil. Dos oito deputados federais do Estado, cinco deles, Lindomar Garçon, Luiz Cláudio, Marinha Raupp, Lúcio Mosquini e Nilton Capixaba sequer levaram em consideração que mais de 95% dos brasileiros queriam o “Fora Temer” e assim votaram pela continuidade vergonhosa do governo espúrio. É claro que esses políticos contam com a pouca memória, a total falta de leitura de mundo e a ausência de politização da maioria de seus eleitores. Por isso é quase certa a reeleição desses cinco representantes rondonienses em 2018. E não adianta espernear nem divulgar nada nas redes sociais. O eleitor de Rondônia gosta deles e pronto. Não está nem aí para as “coisas da política”. Principalmente os cidadãos mais pobres e necessitados que sempre foram fiéis a eles.
Alegre, entusiasmado e feliz, Temer e sua turma continuam a nos governar como se nada tivesse acontecido. E tempos bicudos parecem surgir no horizonte: mala de dinheiro, compra de voto dos parlamentares, reforma da Previdência, arrocho nos trabalhadores, perda de direitos conquistados, desemprego em massa, demissão de servidores públicos, fim da CLT, sucateamento das universidades públicas, fim dos programas sociais, corrupção e outros desmandos foram simplesmente esquecidos. O povo brasileiro leva de novo paulada na cabeça. Bem feito! Quem sabe assim aprende a votar, aprende a escolher melhor os seus representantes? Michel Temer emerge destes fatos vergonhosos e absurdos como um verdadeiro Deus, como um herói. Sem nenhum reconhecimento internacional, sem carisma, sem voto e sem popularidade, recebeu 263 votos para continuar governando “aos trancos e barrancos” o Brasil. O pobre Brasil.
*É Professor em Porto Velho.