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Gente de Opinião

Vinício Carrilho

Conciliação de Classes


Conciliação de Classes  - Gente de Opinião

- esse é o nome que embrulha o estômago.

- mas teremos que tomar esse anti-ácido.

Para derrotar o Fascismo atual não se apresentam muitas alternativas, além da Conciliação de Classes.

Até dói no coração falar isso, mas ainda teremos que buscar uma maior aproximação com alguns setores do capital dominante - aquele da Faria Lima e que é o mesmo que financiou o golpe de 2016.

Vamos ter que engolir a "direita não-fascista", seja lá o que isso for. Podemos entender que sejam democratas, liberais, republicanos - até algumas fatias dos militares -, que não sejam fascistas e ainda que o seu elitismo nos traga enjoos.

Teremos que separar racistas de elitistas. Não será nada fácil, até porque a Casa Grande nunca admitiu abrir a sala de estar para as senzalas, mas teremos que procurar alguém mais lúcido mesmo que seja nesse porão obscuro.

Teremos que bater papo com os conhecidos que são alinhados aos partidos à nossa direita e esquerda, também. Os primeiros precisam de nossa conversa para que pouca gente vá passear em Paris no segundo turno (se houver); os mais à esquerda precisam entender o realismo político, especialmente para não repetirmos as tonterias da guerra civil espanhola. Quando todas as forças não-fascistas brigavam entre si para saber quem estava mais à esquerda: morreram abraçados no calabouço de Franco.

Também teremos que chegar mais próximos da classe média, mais ainda daquela parcela que até hoje é contra os direitos trabalhistas do emprego doméstico: no pior exemplo do famigerado "quartinho da empregada", nos fundos do AP.

Teremos que convencer os jovens, para que convençam os mais velhos, as mulheres, os negros e brancos empobrecidos, os excluídos pelo preconceito, todas as "comunidades", os nortistas e os sulistas, sobre um fato simples: sem o Fascismo, a esperança poderá voltar. A garantia não é imediata, mesmo porque estamos enterrados na terra arrasada, mas é possível e viável - com o empenho de todas e todos.

Teremos que convencer a nós mesmos, sobretudo, naquela hora do nosso diálogo em que o non sense, o senso comum, teimar em fincar o pé no mesmo lugar. Ou seja, a paciência terá que ser hercúlea para movimentar alguns e algumas da sua letargia, do seu apego fanático ao retrocesso fascista.

Teremos que convencer papai, mamãe, sobrinhos, titios, filhos e filhas, amigos e não tão amigos assim, vizinhos e colegas, sobre um elemento simples: além dos usurpadores de direitos, o que é que vocês ganharam com o Fascismo?

Teremos que convencer o(a) profissional liberal a voltar a ser o que era, ou seja, liberal - e exatamente não-fascista.

Teremos que convencer os servidores públicos sobre o significado de sua atuação, que é a obrigação contratual de "servir ao público", não podendo escalonar entre a faxineira e uma "autoridade" qualquer. Afinal, estaremos contribuindo com a mínima consciência dos fatos: não há nada mais antirrepublicano do que o Fascismo.

Teremos que convencer, acima e além de todo mundo, a classe trabalhadora, os desempregados, os desiludidos, os famintos que ainda têm título de eleitor, de um dado simples: se o passado não foi dos melhores, certamente, reproduzir o presente será o desastre final, a hecatombe, a pá de cal para quem já exibe as costelas da fome angustiante.

Só uma pergunta: estamos convictos desse caminho?

Se rompemos com sucesso os limites do Fascismo, talvez, em algum dia menos tórrido, tenhamos uma noite mais tranquila...sem falar, pela primeira vez em muitos anos, sobre o governo dos medíocres e seu Fascismo embrutecedor - imbecilizante.

Nesse dia, nessa noite, falaremos, com imenso alívio, sobre as grandezas espirituais e objetivas da Humanidade.

Nesse momento, o passado estará mais distante e falaremos sobre o futuro.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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