Domingo, 30 de janeiro de 2022 - 10h52
- esse é o nome que embrulha o estômago.
- mas teremos que tomar esse anti-ácido.
Para derrotar o Fascismo atual não se apresentam muitas
alternativas, além da Conciliação de Classes.
Até dói no coração falar isso, mas ainda teremos que buscar
uma maior aproximação com alguns setores do capital dominante - aquele da Faria
Lima e que é o mesmo que financiou o golpe de 2016.
Vamos ter que engolir a "direita não-fascista",
seja lá o que isso for. Podemos entender que sejam democratas, liberais,
republicanos - até algumas fatias dos militares -, que não sejam fascistas e
ainda que o seu elitismo nos traga enjoos.
Teremos que separar racistas de elitistas. Não será nada
fácil, até porque a Casa Grande nunca admitiu abrir a sala de estar para as
senzalas, mas teremos que procurar alguém mais lúcido mesmo que seja nesse
porão obscuro.
Teremos que bater papo com os conhecidos que são alinhados
aos partidos à nossa direita e esquerda, também. Os primeiros precisam de nossa
conversa para que pouca gente vá passear em Paris no segundo turno (se houver);
os mais à esquerda precisam entender o realismo político, especialmente para
não repetirmos as tonterias da guerra civil espanhola. Quando todas as forças
não-fascistas brigavam entre si para saber quem estava mais à esquerda:
morreram abraçados no calabouço de Franco.
Também teremos que chegar mais próximos da classe média,
mais ainda daquela parcela que até hoje é contra os direitos trabalhistas do
emprego doméstico: no pior exemplo do famigerado "quartinho da
empregada", nos fundos do AP.
Teremos que convencer os jovens, para que convençam os mais
velhos, as mulheres, os negros e brancos empobrecidos, os excluídos pelo
preconceito, todas as "comunidades", os nortistas e os sulistas,
sobre um fato simples: sem o Fascismo, a esperança poderá voltar. A garantia
não é imediata, mesmo porque estamos enterrados na terra arrasada, mas é
possível e viável - com o empenho de todas e todos.
Teremos que convencer a nós mesmos, sobretudo, naquela hora
do nosso diálogo em que o non sense, o senso comum, teimar em fincar o pé no
mesmo lugar. Ou seja, a paciência terá que ser hercúlea para movimentar alguns
e algumas da sua letargia, do seu apego fanático ao retrocesso fascista.
Teremos que convencer papai, mamãe, sobrinhos, titios,
filhos e filhas, amigos e não tão amigos assim, vizinhos e colegas, sobre um
elemento simples: além dos usurpadores de direitos, o que é que vocês ganharam
com o Fascismo?
Teremos que convencer o(a) profissional liberal a voltar a
ser o que era, ou seja, liberal - e exatamente não-fascista.
Teremos que convencer os servidores públicos sobre o
significado de sua atuação, que é a obrigação contratual de "servir ao
público", não podendo escalonar entre a faxineira e uma
"autoridade" qualquer. Afinal, estaremos contribuindo com a mínima
consciência dos fatos: não há nada mais antirrepublicano do que o Fascismo.
Teremos que convencer, acima e além de todo mundo, a classe
trabalhadora, os desempregados, os desiludidos, os famintos que ainda têm
título de eleitor, de um dado simples: se o passado não foi dos melhores,
certamente, reproduzir o presente será o desastre final, a hecatombe, a pá de
cal para quem já exibe as costelas da fome angustiante.
Só uma pergunta: estamos convictos desse caminho?
Se rompemos com sucesso os limites do Fascismo, talvez, em
algum dia menos tórrido, tenhamos uma noite mais tranquila...sem falar, pela
primeira vez em muitos anos, sobre o governo dos medíocres e seu Fascismo
embrutecedor - imbecilizante.
Nesse dia, nessa noite, falaremos, com imenso alívio, sobre
as grandezas espirituais e objetivas da Humanidade.
Nesse momento, o passado estará mais distante e falaremos
sobre o futuro.
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