Sexta-feira, 4 de agosto de 2023 - 10h34
O mais grave nem é a digitalização da leitura, na decisão
da secretaria de educação de São Paulo, porque até poderia ser criativa, com
recursos 3D, hiperlinks de profundidade e muito mais. Bastaria inteligência e
criatividade para isso.
Também poderia ser um reforço para a ausência de conteúdos
quando há hiperfoco em metologias: lembremos que crianças ricas, educadas para
o poder, recebem dotações significativas de informações baseadas em teorias.
Provavelmente, só no Brasil tenhamos essa limitação
cognitiva em que a prática ("como fazer") anda deslocada da teoria: o
que fazer.
Inclusive, não se sabe mais que isso é ideologia, e que é o
oposto de qualquer teoria relevante.
Para além da "aprovação continuada", sem
verificação de aprendizado, separar teoria e prática é uma excrescência
pós-moderna: algo como a morte da epistemologia.
Não sou pedagogo, mas desconfio que Piaget daria voltas no
túmulo, com essa substituição da ciência pela ideologia.
O complemento disso é dizer que "a criança tem o
direito de escolher o que estudar" - até mesmo escolher pseudo qualquer
coisa, como "seja um milionário", estude "o que rola por
aí".
Não me lembro de ter visto um rebaixamento intelectual tão
grande aplicado à educação pública. O que diriam Darcy Ribeiro, Florestan
Fernandes??
Porém, como disse, o pior está por vir.
Imagine que sem livro físico, as crianças das periferias -
aquelas sempre vítimas da progressão continuada neoliberal - não terão onde
ler, estudar, fora da escola.
Não parece que o governo do Estado lhes ofertará chips com
5G e dispositivos eletrônicos para leitura.
E ainda que recebam Tablet, com os tais livros digitais, o
acesso à Internet será pelo gatonet?
Neste caso, haverá um tipo de encontro nefasto entre o
neoliberalismo - tudo pelas metodologias aditivadas do "como fazer",
sem saber "o que fazer", e aprovação automatizada - com o crescimento
do gatonet.
Ao contrário do que não se ensina (porque basta colar um
rótulo nas pessoas, nas teorias), a educação começa com a socialização
primária, e isso é um rótulo real, praticamente impossível de se desfazer.
Se ensinássemos sociologia nos cursos de pedagogia,
saberíamos que se trata de Durkheim, do funcionalismo social. E saberíamos como
é essencial estudar os clássicos, ou seja, nosso "o que fazer" - a
determinação lógica do "como fazer" - seria o guia da epistemologia
compreendida.
Perguntemos o que é o "concreto-pensado?
Será uma ofensa conceitual?
Será esse o modelo da educação miliciana?
Como se trata de um Fascismo pior do que o modelo
Mussolini, é certo que não irei publicar isso aqui.
Também é bom cuidar da previdência, contra o neoliberalismo
acadêmico.
Pretendo adotar a prudência, porque defender conteúdo
científico gera muito cancelamento (falta de educação) pós-moderno.
Anonymous
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