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Vinício Carrilho

Educação miliciana


Educação miliciana - Gente de Opinião

O mais grave nem é a digitalização da leitura, na decisão da secretaria de educação de São Paulo, porque até poderia ser criativa, com recursos 3D, hiperlinks de profundidade e muito mais. Bastaria inteligência e criatividade para isso.

Também poderia ser um reforço para a ausência de conteúdos quando há hiperfoco em metologias: lembremos que crianças ricas, educadas para o poder, recebem dotações significativas de informações baseadas em teorias.

Provavelmente, só no Brasil tenhamos essa limitação cognitiva em que a prática ("como fazer") anda deslocada da teoria: o que fazer.

Inclusive, não se sabe mais que isso é ideologia, e que é o oposto de qualquer teoria relevante.

Para além da "aprovação continuada", sem verificação de aprendizado, separar teoria e prática é uma excrescência pós-moderna: algo como a morte da epistemologia.

Não sou pedagogo, mas desconfio que Piaget daria voltas no túmulo, com essa substituição da ciência pela ideologia.

O complemento disso é dizer que "a criança tem o direito de escolher o que estudar" - até mesmo escolher pseudo qualquer coisa, como "seja um milionário", estude "o que rola por aí".

Não me lembro de ter visto um rebaixamento intelectual tão grande aplicado à educação pública. O que diriam Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes??

Porém, como disse, o pior está por vir.

Imagine que sem livro físico, as crianças das periferias - aquelas sempre vítimas da progressão continuada neoliberal - não terão onde ler, estudar, fora da escola.

Não parece que o governo do Estado lhes ofertará chips com 5G e dispositivos eletrônicos para leitura.

E ainda que recebam Tablet, com os tais livros digitais, o acesso à Internet será pelo gatonet?

Neste caso, haverá um tipo de encontro nefasto entre o neoliberalismo - tudo pelas metodologias aditivadas do "como fazer", sem saber "o que fazer", e aprovação automatizada - com o crescimento do gatonet.

Ao contrário do que não se ensina (porque basta colar um rótulo nas pessoas, nas teorias), a educação começa com a socialização primária, e isso é um rótulo real, praticamente impossível de se desfazer.

Se ensinássemos sociologia nos cursos de pedagogia, saberíamos que se trata de Durkheim, do funcionalismo social. E saberíamos como é essencial estudar os clássicos, ou seja, nosso "o que fazer" - a determinação lógica do "como fazer" - seria o guia da epistemologia compreendida.

Perguntemos o que é o "concreto-pensado?

Será uma ofensa conceitual?

Será esse o modelo da educação miliciana?

Como se trata de um Fascismo pior do que o modelo Mussolini, é certo que não irei publicar isso aqui.

Também é bom cuidar da previdência, contra o neoliberalismo acadêmico.

Pretendo adotar a prudência, porque defender conteúdo científico gera muito cancelamento (falta de educação) pós-moderno.

Anonymous

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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