Sábado, 9 de setembro de 2023 - 13h34
Fake News racista
O
que acontece quando o nonsense
evapora da garrafa do gênio?
Resposta
simples: vira teoria da conspiração.
Neste
caso, nosso caso, neste momento, ao invés de combater o racismo, o pensamento
escravista (pior ainda quando inoculado na inconsciência social da pequena
burguesia de esquerda), atacam quem denuncia o racismo estrutural ou defende a
inclusão de negros e negras nas hostes do poder aburguesado do Estado
brasileiro.
Atacam
Gregório Duvivier, por defender uma mulher negra no STF.
Na
teoria da conspiração da pequena esquerda aburguesada, conspiram contra quem
colocou um outdoor em Nova Deli, pedindo pela indicação de uma mulher negra no
STF.
Os
gênios da lâmpada, nesta modalidade conspiratória perguntam: "quem pagou
por esse outdoor na cidade pobre e lascada de Nova Deli (governada por castas)?
Eu
respondo:
1. Eu pagaria se soubesse que iriam
fazer isso.
2. A maioria dos homens brancos,
escolarizados e empregados, poderia pagar.
3. A minoria dos homens negros,
escolarizados e empregados, poderia pagar. Isso porque há enorme discrepância
salarial entre homens brancos e negros, no exercício da mesma função (mesmo no
setor público raramente os negros chegam aos postos de comando).
4. Uma ínfima parcela das mulheres negras poderia custear o tal outdoor que, insisto, preconiza ações institucionais efetivas contra o racismo e a hipocrisia da pequena esquerda aburguesada por demais.
Por
que só uma ínfima parte das mulheres negras poderia pagar por um outdoor na
tresloucada Nova Deli? Óbvio, na cadeia alimentar da sociedade brasileira,
racista, misógina, patriarcal, as mulheres negras ganham menos do que os homens
negros, e esses menos ainda do que os homens brancos (em funções similares).
Será
que se responde ao nonsense da Fake
News que virou teoria da conspiração, no mote da pequena burguesia disfarçada
de esquerda?
Ou
seria preciso fazer um desenho preto e branco?
Porém,
pode ser pior, pois, das duas, uma: ou reaprendemos do zero toda a teoria
social e política, ou quem vota contra pautas de inclusão (neste "país
respeitoso") não é, nunca foi, nunca será de esquerda.
Quando
sugerimos, lutamos, para que seja indicada uma mulher negra para o STF, que
fique claro, nós concordamos que tenha que ser uma pessoa com visão da
sociedade brasileira, que conheça inclusive sociologia e história brasileira,
que tenha militado em prol dos direitos fundamentais sociais para,
efetivamente, mudar nossa realidade.
Ou
seja, o argumento é histórico e não geográfico.
Também
é um argumento de estratificação social: na cadeia alimentar do escravismo
brasileiro (renitente), quem está no topo e quem está no rodapé? Lembremos que
80% da população identifica o Brasil como um país racista. Mas, é muito curioso
que ninguém se veja como racista.
Pergunte-se:
quem está no rodapé da história? Quem sempre foi objeto na nossa fabulosa
miscigenação? Essa é a linha de raciocínio e não outra teoria da conspiração.
Falei isso tudo numa carta que fiz pro Lula. Só estou esperando ser
publicada.
* Só não falei da nova teoria da conspiração porque essa é muito nova.
Como
disse, pode ser pior: é contra as cotas inclusivas que a bancada do PT quer
dizer sim[1]. Como diz
o povo, naquilo que está errado, tem alguma coisa que não está certa. Imagino
que alguns desses parlamentares, inclusive do PT, mantenham em suas residências
aquele famoso "quartinho da empregada". Só o PSOL deve votar contra.
A tal da curvatura da vara está bem à direita, né não?
Uma
coisa é aguentar o Centrão, outra coisa é se alinhar com o Centrão. Como
diria o filósofo popular: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra
coisa. E a coisa agora diz que toda a direita (revelada) votará contra as
pautas progressistas.
Por
fim, para coroar de vez, a magnânima justiça brasileira (nada racista)
determinou a volta para casa do desembargador que escravizou por décadas uma
mulher – ela (negra e surda) deve voltar à mesma situação, ao status quo ante escravizador[2]. É desse
modo que a justiça nacional, por ser tão magnânima, acaba por transformar as
vítimas do racismo em algozes de si mesmas. E foi assim que se acolheu a
decisão do STF e do STJ – bem embranquecidos.
Também
é assim que caminha a “nova” teoria da conspiração – esquecida de ser o Brasil
um país profundamente racista.
A ciência que não muda só se repete, na mesmice, na cópia, no óbvio e no mercadológico – e parece inadequado, por definição, falar-se em ciência nes
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