Sexta-feira, 29 de dezembro de 2023 - 08h15
Na imagem que ilustra
(no melhor sentido) o texto, vemos um encontro absolutamente plausível entre
Bozo (O metafísico) e Nosferatu, agora travestido de Napoleão Bonaparte. Se
fosse simbolizar com o “vampiro brasileiro” também estaria muito adequado. Ou,
ainda caberia a capa do Fausto (Goethe) e o Mefistófeles – se bem que esta é
clássica demais para sofrer com os tamanhos males políticos brasileiros. Outro
dia trarei o metafísico lendo O Fausto, ainda que me seja muito fáustico pensar
nisso.
Hoje vamos observar o Bozo-metafísico dialogando ou se colocando
em posição de duelar com o Nosferatu. É óbvio que não seria páreo, porém, em
termos terrenos, na política abaixo do nível da terraplana, o metafísico pode
muito bem representar o papel do mito caído.
Nessa pintura (foto para nós) de Lucas Gama, temos uma
tensa troca de olhares encandecidos, pondo fogo e labaredas em toda a
vermelhidão que corre no fundo da imagem. Seria, quem sabe, uma autodescrição,
caso o próprio metafísico tivesse capacidade de pintar em tal magnitude – como
é incapaz de pintar, sonhar, escrever, interpretar, nós fazemos a leitura como
se ali estivesse transportada essa persona do metafísico.
Não sei se a pintura já tem nome, mas vou chamar de “O mito
caído”. Quando o mito caiu, ao invés de recolher os apreços que tinha direito
pelo pacto de sangue, Bozo – o metafísico logo percebeu que levou um chapéu dos
infernos. Machado de Assis diria que o metafísico foi enrolado pelo padre nos
“sermões da montanha”, exatamente na Igreja do Diabo[1]. E olha eu aí falando d’O
Fausto antes da hora.
De qualquer modo, com o mito caído, atraído e traído por
Nosferatu – o vampiro da política brasileira, o metafísico, põem-se a elucubrar
pelo “contrato de direitos negado”. Qualquer pessoa mediana, com sanidade
espiritual e mental, saberia que o contrato com o Nesferatu é, na verdade, um
distrato. E que levaria para casa apenas o engana pão. O metafísico não é
diferente do mito caído, na lenda ele não ganha, mas engana muito bem.
Na lenda do mito caído, na realidade também, o Bozo –
metafísico assinou sem ler as cláusulas leoninas do acordo com o Nosferatu. Não
percebeu que fazia apenas um contrato napoleônico – de acordo com o modelo da
internação compulsória.
No geral, a lenda do mito caído é meio paradoxal, porém, é
assim mesmo – “a lenda do mito” – e conta essa piração do metafísico em medir
forças com o Diabo. Muito mal perdedor, o metafísico promete acabar com o fogo
pondo lenha na fogueira. Na cabeça (oca) do Bozo – metafísico, lenha e fogo são
elementos diferentes e por isso não se atraem. O que também nos permite
perceber o alcance do metafísico, pois associa a madeira com os elementos da
natureza.
Em meio ao fogo pavoroso, o Bozo – metafísico acaba por gritar
por socorro, desesperado e consumido, aos diabos que possam ouvir. E olha que
coisa mais curiosa, ainda mais interessante, o Nosferatu – como não é político
de perder viagem, aliás, viaja muito ao Centrão – dá de ombros (talvez lhe
escreva uma cartinha) e finge ignorância.
Em matéria política, há um conto pequeno de Maquiavel que
nos ajuda na prevenção, a nós pessoas normais e racionais, contra outro tipo
qualquer de Bozo – metafísico e de Nosferatu. Trouxe Nicolau Maquiavel para
esta conversa porque é o criador da Ciência Política e porque, ao contrário do
Bozo – metafísico, tinha os pés plantados no chão. Além disso, em seu Belfagor
– o Arquidiabo, Maquiavel nos revela um pouco dos males metafísicos do seu
tempo.
É igualmente óbvio que o metafísico – o “não-ser-aí” é
incapaz de ler qualquer descrição que lhe seja apresentada. O metafísico não
consegue ver nem mesmo um desenho de si e do Nosferatu. Sua cegueira política é
absurda, absoluta (do tipo da “cegueira branca”, de Saramago), afinal, se não
fosse, teria lido as entrelinhas (muito realistas, nada metafísicas) do
contrato assinado com o Nosferatu.
Nós trouxemos essa imagem, foto da pintura, na esperança de
que o metafísico, vendo a si mesmo, pudesse fazer uma pausa em sua sandice. É
claro que essa nossa pretensão também é pra lá de metafísica, pois jamais será
realizada. Em todo caso, nós seguimos tentando, inclusive, porque “a lenda do
mito caído” nos atormenta e atormentará por muito tempo.
Por favor, metafísico, olhe ao menos a foto (pintura),
dê-se (dê-nos) uma chance de que o desenho lhe ensine algo útil na vida. O pior
para nós é que o Nosferatu permanece muito mais (infinitamente) mais hábil,
ardiloso, liso, do que o Bozo – metafísico em sua “vã filosofia”, a mesma que
repetem todo dia (em cantilenas), na forma da sua mais pobre “lenda do mito
caído”.
A ciência que não muda só se repete, na mesmice, na cópia, no óbvio e no mercadológico – e parece inadequado, por definição, falar-se em ciência nes
A Educação Constitucional do Prof. Vinício Carrilho Martinez
Introdução Neste texto é realizada uma leitura do livro “Educação constitucional: educação pela Constituição de 1988” de autoria do Prof. Dr. Viníci
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