Terça-feira, 27 de abril de 2021 - 08h51
Vou inventar
um nome aqui. Aliás, nomes. Porque falar em manter reserva de índio, florestas
nacionais ou parques é motivo para ser assassinado. O nome dela é Flor. Há
tanto tempo que de um lado a Flor grita. E do outro lado, uma magricela e
inquieta, seu nome é Santa, também labuta pela mesma causa.
Flor quer o Parque Nacional de Pacaás Novos – (Campo Novo
de Rondônia) intacto e belo, tal qual a natureza o construiu. Santa abraça o
mundo. Entra no mato, salta toco, atravessa igarapé e encara o risco. Até parece
sobrenatural. A causa dela é a Reserva Indígena Uru-Eu Wau-Wau.
Tanto Flor quanto Santa se imbricam numa vizinhança
geográfica. O que sempre foi plano, coberto de floresta densa, vai se
transformando numa revolução geológica, eis que se descortina o Parque de
Pacaás. Estou olhando para o céu. Procurando algum adjetivo, bem bacana, para
traduzir os paredões espelhosos, os bichos raros, a vegetação “savanosa”, as
nascentes nas pedras, as quedas d’água, platôs elevados que vigiam o mundo
inteiro.
Santa e Flor querem as mesmas coisas. Que deixem a
Reserva Uru e Parque Pacaás em paz. Porque o homem, o outro homem, o homem do
mal, não vê o que elas, mulheres, veem. O homem do mal, desrespeitoso, cruel –
além do furto da madeira, quer que tudo seja pastagem.
E para onde irão os índios Urus? Para onde voará o “gavião real”, ave rara e
exclusiva do Parque? E o “macaco aranha”, que habita as gretas das pedras? E as
nascentes de quase todos os rios rondonienses, que nascem ali?
Eu indago: – quanto vale um rio? Quanto vale a Reserva
Uru em pé? Quanto?
Não poderiam existir gente mais valorosa no mundo – do que Flor e Santa. Flor
Santa. Santa Flor. Santíssimas flores da Amazônia
Contar história é também uma arte e um ofício. E cada pessoa, depois de alguns “janeiros” nas costas, vai olhando pra trás e vê pelo retrovisor – a
O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 60
Falei no capítulo 59 que daria um tempo para continuar com a série. Se não fizer esta pausa, terminarei repetindo demais, indo e voltando. Estou ven
O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 59
Temos um ano, apenas, de convivência com o coronavírus (Covid-19). E o esforço tem sido enorme pelos profissionais de saúde para, pouco a pouco, ire
Fazer oposição é um ato de coragem. Eu me lembro do Jerônimo Santana, do MDB, em pleno regime militar, tempos duros, onde poucos se atreviam a falar