Domingo, 27 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Dante Fonseca

O Noroeste Amazônico de Thomas Whiffen, obra agora disponível em português


O Noroeste Amazônico de Thomas Whiffen, obra agora disponível em português - Gente de Opinião
O Noroeste Amazônico de Thomas Whiffen, obra agora disponível em português - Gente de Opinião

Foi lançado na quarta-feira passada (07/08/2019), na Biblioteca da UNIR campus de Porto Velho, a tradução para o português do livro intitulado “The north-west Amazons: notes of some months spent among cannibal tribes”, de autoria do militar inglês Thomas Whiffen com a colaboração do barbadiano John Brown. Publicada originalmente em 1914, a obra é resultado das anotações de Whiffen a respeito de suas viagens pela Amazônia entre os anos de 1908 e 1909. A tradução para o português ficou com o seguinte título: “O Noroeste Amazônico: notas de alguns meses que passei entre tribos canibais”. Seu tradutor, o professor doutor Hélio Rocha, amazônida natural das terras dos antigos purupurus, no médio rio Purus, é doutor em Teoria e História Literária (UNICAMP) e atua como docente junto ao Departamento de Língua Inglesa da Universidade Federal de Rondônia - UNIR; desenvolve pesquisas sobre narrativas de viajantes de língua inglesa que tenham as diversas Amazônias como o lócus de seus estudos e representações. Assim, tem o referido professor se notabilizado por estudar e traduzir nos últimos anos uma série de obras escritas por viajantes de língua inglesa a respeito de suas viagens pela Amazônia, as quais o público interessado não tinha acesso no nosso idioma.

Desse trabalho difícil e penoso, que somente a persistência daqueles que têm vocação para a pesquisa enfrentam, resultou a tradução e os estudos a respeito da obra, constantes no volume publicado. É necessário registrar que também colaboraram no volume recém-publicado os professores Álvaro Echeverri, antropólogo e professor titular da Universidade Nacional da Colômbia e pesquisador do Instituto Amazônico de Investigações e a professora Mariane Bolfarini, doutora em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo e professora de Letras, Língua Inglesa e Letras, Língua e Literatura em Língua Inglesa na Universidade Federal do Mato Grosso.

O livro trata da viagem do autor à fronteira entre o Brasil e a Colômbia, nas regiões dos rios Japurá e Içá, esse último conhecido na Colômbia como Putumayo. Conforme declara o tradutor: “O estudo analisa a maneira pela qual os povos indígenas, especialmente os Bora e os Uitoto, se relacionam com as suas terras. Descreve os seus modos de vida, incluindo suas casas, agricultura, comida, armamento, guerra, vestimentas, saúde, remédio, canções e danças, magia e religião, organização tribal, o status social das mulheres e sua reação a estranhos. A prática do canibalismo também é abordada e Whiffen sugere algumas possíveis razões para isso, incluindo vingança e insulto supremo aos inimigos, a necessidade de consumir toda a carne disponível e o desejo de absorver algumas características do morto. Os apêndices incluem uma lista detalhada das características físicas, divindades, vocabulários, nomes dos nativos da América do Sul e um exemplo de poesia indígena”.

Esses nativos sofreram um brutal processo de escravização, e consequente dizimação, por parte da empresa Peruvian Amazon Company, de capital misto inglês/peruano, através de seu agente local Júlio Cezar Araña. Submetidos esses nativos a um tratamento desumano para extrair da floresta o caucho nativo, foram os investidores da Peruvian Amazon Company e seu próprio carrasco, Júlio Cezar Araña, denunciados pelo britânico Roger Casement, transformando aquele tenebroso evento no que ficou conhecido como o “Escândalo do Putumayo”

Presta assim o professor Hélio Rocha um inestimável serviço à comunidade de pesquisadores e leitores costumeiros das obras relativas a História da Amazônia, ou seja: o público especializado e o público interessado.  Nas palavras de Juan Álvaro Echeverri: “É louvável que o livro de Thomas Whiffen foi traduzido, na medida em que permaneceu sem tradução durante estes mais de cem anos, porque é um trabalho que serviu de referência para o conhecimento etnológico da região de Caquetá-Putumayo e dos grupos conhecidos como o povo do centro”.

Para adquirir um volume dessa obra entrar diretamente em contato com o tradutor pelo telefone 99206-0436;

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 27 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Castanha-do-pará ou castanha-do-brasil? Uma semente amazônica, muitas histórias e muitos nomes 1.

Castanha-do-pará ou castanha-do-brasil? Uma semente amazônica, muitas histórias e muitos nomes 1.

Pomposa como uma fidalga silvestre, abre o seu chapéu-de-sol verde por cima do nível ondulante e superior da floresta, indicando logo mesmo em zonas

A História da Amazônia e de Rondônia, uma reflexão sobre sua dinâmica nos últimos 40 anos – 1984 – 2004

A História da Amazônia e de Rondônia, uma reflexão sobre sua dinâmica nos últimos 40 anos – 1984 – 2004

O ensaio que segue foi elaborado para ser apresentado na cerimônia de abertura do Seminário Integrado de Ensino e Pesquisa e a Semana de História –

Nota introdutória: Catalina o pássaro de aço nos céus da Amazônia

Nota introdutória: Catalina o pássaro de aço nos céus da Amazônia

Nesses tempos, quando a população de Rondônia se vê ameaçada pela suspensão de alguns voos e mudanças de rota das companhias aéreas que nos servem,

Todo boato tem um fundo de verdade: o Ponto Velho, o Porto do Velho e Porto Velho

Todo boato tem um fundo de verdade: o Ponto Velho, o Porto do Velho e Porto Velho

O último artigo que publiquei aqui tratou da figura do “velho Pimentel”, um personagem que, apesar de seu caráter até agora mítico, parece estar ind

Gente de Opinião Domingo, 27 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)