Domingo, 11 de agosto de 2019 - 08h57
Foi lançado na
quarta-feira passada (07/08/2019), na Biblioteca da UNIR campus de Porto Velho,
a tradução para o português do livro intitulado “The north-west Amazons: notes of some months spent among cannibal
tribes”, de autoria do militar inglês Thomas Whiffen com a colaboração do
barbadiano John Brown. Publicada originalmente em 1914, a obra é resultado das
anotações de Whiffen a respeito de suas viagens pela Amazônia entre os anos de
1908 e 1909. A tradução para o português ficou com o seguinte título: “O Noroeste Amazônico: notas de alguns meses
que passei entre tribos canibais”. Seu tradutor, o professor doutor Hélio
Rocha, amazônida natural das terras dos antigos purupurus, no médio rio Purus,
é doutor em Teoria e História Literária (UNICAMP) e atua como docente junto ao
Departamento de Língua Inglesa da Universidade Federal de Rondônia - UNIR;
desenvolve pesquisas sobre narrativas de viajantes de língua inglesa que tenham
as diversas Amazônias como o lócus de seus estudos e representações. Assim, tem
o referido professor se notabilizado por estudar e traduzir nos últimos anos uma
série de obras escritas por viajantes de língua inglesa a respeito de suas viagens
pela Amazônia, as quais o público interessado não tinha acesso no nosso idioma.
Desse trabalho
difícil e penoso, que somente a persistência daqueles que têm vocação para a
pesquisa enfrentam, resultou a tradução e os estudos a respeito da obra,
constantes no volume publicado. É necessário registrar que também colaboraram no
volume recém-publicado os professores Álvaro Echeverri, antropólogo e professor
titular da Universidade Nacional da Colômbia e pesquisador do Instituto
Amazônico de Investigações e a professora Mariane Bolfarini, doutora em Estudos
Linguísticos e Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo e professora
de Letras, Língua Inglesa e Letras, Língua e Literatura em Língua Inglesa na
Universidade Federal do Mato Grosso.
O livro trata da
viagem do autor à fronteira entre o Brasil e a Colômbia, nas regiões dos rios Japurá
e Içá, esse último conhecido na Colômbia como Putumayo. Conforme declara o tradutor:
“O estudo analisa a maneira pela qual os
povos indígenas, especialmente os Bora e os Uitoto, se relacionam com as suas
terras. Descreve os seus modos de vida, incluindo suas casas, agricultura,
comida, armamento, guerra, vestimentas, saúde, remédio, canções e danças, magia
e religião, organização tribal, o status social das mulheres e sua reação a
estranhos. A prática do canibalismo também é abordada e Whiffen sugere algumas
possíveis razões para isso, incluindo vingança e insulto supremo aos inimigos,
a necessidade de consumir toda a carne disponível e o desejo de absorver
algumas características do morto. Os apêndices incluem uma lista detalhada das
características físicas, divindades, vocabulários, nomes dos nativos da América
do Sul e um exemplo de poesia indígena”.
Esses nativos
sofreram um brutal processo de escravização, e consequente dizimação, por parte
da empresa Peruvian Amazon Company,
de capital misto inglês/peruano, através de seu agente local Júlio Cezar Araña.
Submetidos esses nativos a um tratamento desumano para extrair da floresta o
caucho nativo, foram os investidores da Peruvian
Amazon Company e seu próprio carrasco, Júlio Cezar Araña, denunciados pelo
britânico Roger Casement, transformando aquele tenebroso evento no que ficou
conhecido como o “Escândalo do Putumayo”
Presta assim o
professor Hélio Rocha um inestimável serviço à comunidade de pesquisadores e
leitores costumeiros das obras relativas a História da Amazônia, ou seja: o
público especializado e o público interessado.
Nas palavras de Juan Álvaro Echeverri: “É louvável que o livro de Thomas Whiffen foi traduzido, na medida em
que permaneceu sem tradução durante estes mais de cem anos, porque é um
trabalho que serviu de referência para o conhecimento etnológico da região de
Caquetá-Putumayo e dos grupos conhecidos como o povo do centro”.
Para adquirir um volume dessa obra entrar diretamente em
contato com o tradutor pelo telefone 99206-0436;
Nota introdutória: Catalina o pássaro de aço nos céus da Amazônia
Nesses tempos, quando a população de Rondônia se vê ameaçada pela suspensão de alguns voos e mudanças de rota das companhias aéreas que nos servem,
Todo boato tem um fundo de verdade: o Ponto Velho, o Porto do Velho e Porto Velho
O último artigo que publiquei aqui tratou da figura do “velho Pimentel”, um personagem que, apesar de seu caráter até agora mítico, parece estar ind
A origem da cidade de Porto Velho e o velho Pimentel
Todos sabem que a origem da cidade de Porto Velho coincide com a última tentativa de construção da ferrovia Madeira-Mamoré em 1907. Naquele ano, ao
Ciclos econômicos e migração marcaram a história de Porto Velho desde a sua criação
Há mais de 100 anos um trecho do alto Madeira presenciava o surgimento de uma nova povoação, em razão do início da construção da Estrada de Ferro Ma