Terça-feira, 26 de março de 2019 - 12h52
Bagé, RS, 26.03.2019
Propaganda significa combater em todos os campos de batalha do espírito, gerar, multiplicar, destruir, exterminar, construir e abater. (Joseph Goebbels)
Antes de se deixar levar por comentários
sectaristas da mídia adestrada e comprometida com a “velha política” que só deu certo para
seus protegidos, regiamente patrocinados, vale a pena observar o noticiário da
época ainda não contaminado pela corja facciosa que se infiltrou criminosamente
nos meios de comunicação e estabelecimentos de ensino copiando, com paixão
desenfreada, os 11 princípios do Ministro da Propaganda da Alemanha Nazista,
Joseph Goebbels, fazendo com que a racionalidade e o bom senso fossem totalmente
eliminados pela propaganda massiva. Outro cenário, outro povo, novos tempos e esta
sinistra história se perpetuou na nossa amada e vilepediada Terra Brasilis nas
três últimas décadas, as “Décadas Perdidas”.
Jornal do Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ
Domingo e Segunda-feira, 29 e 30.03.1964
Almirantes Denunciam Comunização do País
Em manifesto ontem lançado à Nação, Almirantes e
oficiais de Marinha afirmaram que “continuam
unidos dispostos a resistir por todos os
meios ao seu al-cance às tentativas de comunização do País”. depois de “alertarem o povo para o golpe aplicado
contra a disciplina na Marinha ao admitir-se que minoria insignificante de
subalternos imponha demissão de Ministros e autoridades navais e se atreva a
indicar substitutos”.
“Em lugar de promover-se
a devida punição disciplinar — diz o manifesto — licenciam-se marinheiros
amotinados que não representam absolutamente os dignos suboficiais, sargentos.
marinheiros, fuzileiros que, em compacta maioria, continuaram e continuam fiéis
ao seu juramento de disciplina e de dedicação a Marinha”.
“O que este golpe representa de ameaça a todas as
instituições do Pais está patente na forma e na essência” — conclui o documento
— “e só nos resta alertar a Nação para
que se defenda, enquanto estão de pé as instituições e os cidadãos dignos da
liberdade e da Pátria”. [...]
Em manifesto à Nação. o Clube Naval afirma que “o grave acontecimento que ora envolve a
Marinha de Guerra, ferindo-a na sua estrutura, abalando a disciplina, não pode
ser situado apenas no setor naval. É um acontecimento de repercussão nas Forças
Armadas e a êle o Exército e a Aeronáutica não podem ficar Indiferentes. Carateriza-se
claramente a infiltração de agentes da subversão na estrutura das Forças
Armadas. O perigo que isto representa para as instituições e para o Bra-sil não
pode ser subestimado”.
O Presidente João Goulart, em declarações ontem
distribuídas à imprensa, ressaltou “a
decidida colaboração do Exército e da Aeronáutica, a cuja unidade, disciplina e
alto patriotismo deve o País a rápida superação da crise, que, se prolongada,
po-deria nos conduzir a caminhos mais perigosos”.
O Ministro da Guerra, General Jair Dantas Ribeiro,
enviou aviso aos Comandantes de todas as guarnições do Exército, dando por
encerrada a crise surgida na Marinha e informando que os fatos que possam
sobrevir, capazes de abalar a disciplina na Armada, serão solucionados pelo
Ministro Paulo Mário da Cunha Rodrigues. [...]
Tanto na UDN como no PSD, cujos lideres estão
consultando as suas bancadas de deputados, há uma forte inclinação para a
rejeição do projeto de anistia aos sargentos rebeldes de Brasília, que está na
pauta da sessão de hoje da Câmara Federal para votação.
Na
Ilegalidade
As fotografias dos sediciosos em festa formam o retrato
de corpo inteiro da ilegalidade. Das situações de ilegalidade que precedem
revoluções como a de 1917 na Rússia.
O estado de direito submergiu no Brasil. Estamos
vivendo uma situação de fato, onde não existem figuras constitucionais. Só restam como válidos aqueles que detém o poder
de agir para restabelecer o estado de direito. Ou permitirão que o País se estilhace numa guerra civil?
As Fôrças Armadas foram todas, — todas, repetimos —
feridas no que de mais essencial existe nelas: os fundamentos da autoridacle e
da hierarquia, da disciplina e do respeito às leis militares. Sem êsses
fundamentos, a hierarquia se dissolve e em lugar dela surgem as milícias
político-militares, preconizadas pelos comunistas e fidelistas.
Nesse quadro de fatos a
figura do Presidente se confunde e se turva. Quando estão em jogo os fundamentos da ordem e do
estado de direito, quando a indisciplina e a sedição não são punidas pelos
detentores do poder legal, pouco importa saber se o Presidente ainda governa ou
não. Se é ou não prisioneiro de uma
minoria audaciosa que invadiu o poder
legal para atirar a Nação à situação de fato que ora ela vive.
A Marinha de Guerra do Brasil é peça essencial do
conjunto das Fôrças Armadas. Se sua estrutura e sua existência estão ameaçadas
e fendidas, o Exército e a Aeronáutica não podem ficar indiferentes. Porque não
podem ficar indiferentes a si mesmos e ao papel que desempenham na preservação
de um mínimo de vida civilizada e democrática.
Esta não é a hora dos indiferentes. Principalmente no
Exército, que tem poder preventivo capaz de impedir males muito maiores do que
aqueles que já nos atingem sob a forma de insegurança pessoal e familiar. Numa
situação de fato ninguém tem o direito de ficar indiferente. A audácia dos
líderes comunistas, no soviete de operários e marinheiros instalado
vitoriosamente na Rua Ana Néri, convenceu os mais cépticos de que chegou a hora
de resistir, por todos os meios.
Sim; pregamos a resistêcia. O JORNAL DO BRASIL e o País
querem que sejam restabelecidos a legalidade e o estado de direito.
Mas isso só será possível quando existirem Fôrças
Armadas intactas. Quando o germe da divisão fôr eliminado das Fôrças Armadas,
quando as ideologias não tiverem nelas ingresso para explorar certas
reivindicações que podem ser justas, mas que jamais deverão ser defendidas pelo
caminho da sedição e da indisciplina.
Sem o restabelecimento da hierarquia e da disciplina,
sem a recomposição e a restauração da Marinha em sua integridade digna e
respeitada, não existirá legalidade possível. Não voltaremos à legalidade
enquanto não forem preservadas a disciplina e a hierarquia das Fôrças Armadas.
Primeiro, portanto, vamos recompor os alicerces militares da legalidade — a
disciplina e a hierarquia — para depois, e só depois, perguntarmos se o
Presidente da República tem ou não condições para “exercer o Comando Supremo das Forças Armadas”.
Solicito publicação
(*) Hiram Reis e
Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor,
Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul
(1989)
Ex-Professor do
Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do
Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do
Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Membro do 4°
Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de
História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto
de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de
Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
Membro da Academia
Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito
da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito
da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail:
hiramrsilva@gmail.com;
Blog: desafiandooriomar.blogspot.com.br
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