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Gente de Opinião

Hiram Reis e Silva

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XLVII


Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XLVII - Gente de Opinião

Bagé, 14.03.2025

 

Continuando engarupado na memória:

 

 

Tribuna da Imprensa n° 4.316, Rio, RJ

Sábado, 04 e Domingo, 05.04.1964

 

Agitadores Chineses Presos na Guanabara

(Célia Maria)

 

 

Nove chineses, cabeças do movimento de subversão organizado pela China Comunista no Brasil, foram presos ontem em diligência efetuada pelos detetives da DOPS da Guanabara no prédio 33 da Rua Almirante Tamandaré e no prédio 200 da Rua Senador Vergueiro. Em entrevista à imprensa, o Coronel Gustavo Borges. Secretário de Segurança da Guanabara, apresentou os chineses presos, juntamente com seus passaportes e documentos apreendidos, além de numerosa lista de parlamentares e agentes brasileiros com os quais mantinham contatos.

 

As Prisões

 

Foram efetuadas em duas operações: a primeira, na Rua Senador Vergueiro, 200, ap. 1.707, e a segunda na Rua Almirante Tamandaré 53, aps. 401 e 501. Neste último local, aonde foram em busca de dois chineses da missão comercial, trouxeram cinco, além de documentos apreendidos e “flans” de jornais, máquinas de escrever e mimeógrafo. Os chineses cão Hou-Fa Tseng, Wang Chik, Wang Yao-Teng, Chang Pao Sheng, Wang Wei-Chen, Chu Ching-Tung e Lu Tsu-Peng. Entraram no País há dois anos, e de acordo com declarações prestadas à polícia carioca, por solicitação expressa do presidente João Goulart, na época em que este visitou a China, por ocasião da renúncia do presidente Jânio Quadros. O Coronel Borges informou à imprensa ter sido descoberta “a máquina de espionagem que a China havia montado no País com a cumplicidade do presidente deposto”.

 

Acrescentou que sua ação vinha sendo seguida pelas autoridades policiais da Guanabara, mas em nada puderam intervir porque os chineses dispunham de passaportes oficiais da Ministério das Relações Exteriores, e “se a polícia carioca agisse o governo federal garantiria sua fuga e libertação”. “Com a vitória da Revolução”, prosseguiu o Secretário de Segurança, “é possível revelar à população os nomes e as atividades subversivas dos agentes chineses no Brasil. Seus documentos tinham vistos oficiais, por ordens diretas e expressas do sr. João Goulart. Esses vistos eram renovados anualmente e não trimestralmente, como manda a lei”.

 

Cem mil Dólares

 

No poder dos chineses foram apreendidos 100 mil dólares e três mil libras, um total de Cr$ 100 milhões, destinados à propaganda comunista no Brasil. O dinheiro estava em notas de mil dólares e 500 dólares, que são raríssimos e controladas pelo Tesouro dos Estados Unidos. O Coronel Borges anunciou que entrará em contato com as autoridades da embaixada americana, a fim de apurar a procedência do dinheiro, “já que todas as notas de mil dólares expedidas pelo Tesouro americano são contratadas no mundo inteiro”. Asseverou ainda que é “possível a falsidade das notas, por ser uma tática comunista o lançamento de notas falsas americanas nos mercados subdesenvolvidos, com o fito de descontrolar a estabilidade financeira do País”.

 

Endereços

 

Diversas cadernetas com telefones e listas de nomes foram apreendidos. O Coronel Gustavo Borges declarou que “mais uma vez estavam comprovadas as denúncias do Governador Carlos Lacerda a respeito do perigo comunista no Brasil. Talvez o dinheiro explicasse mesmo a procedência das malas e dos maleteiros”. Foi encontrada, igualmente, uma lista de políticos e militares brasileiros marcados para eliminação através de métodos chineses, ou seja, estrangulamento e injeções venenosas, conforme relatório apreendido. Entre os nomes estavam os do sr. Carlos Lacerda e dos generais Castelo Branco e Amaury Kruel. O Coronel Borges informou que foram presos apenas os cabeças do movimento, faltando agora apanharem as ramificações, por todo o País, onde agiram durante dois anos.

 

No endereço da Rua Almirante Tamandaré, segundo o delegado do DOPS, encarregado da batida de ontem ao local, realizavam-se periodicamente reuniões de até 200 pessoas, entre chineses e brasileiros. Das cadernetas de nomes constavam os de “Levi, Olavo, Darci, Abel, sem sobrenomes, e ao lado dos nomes estavam as cotas de dólares que receberiam”. Em outra página, estava especificado: “Arrais – três mil dólares”. Havia uma cota de 300 mil dólares cuja especificação dizia: “Não está sendo usada de maneira satisfatória. Deverá ser empregada até 31-12”.

 

Havia igualmente uma lista de pessoas consideradas colaboradoras, e fotografias de fisionomias felizes do povo chinês. Foi apreendido um vocabulário brasileiro-chinês, com os seguintes termos entre outros: “audaz mobilização das massas, ampla mobilização das massas, sonegar impostos, fariseu, deitar lenha na fogão, luta sem quartel”, e outros, vistos pelos jornalistas presentes à entrevista do Coronel Borges. Da caderneta de telefones, constavam os nomes de Samuel Wainer, Gabriel Hermes Filho, Roland Corbisier, Paulo Silveira, senadores Artur Virgílio, Aarão Steinbruck, Aurélio Viana e deputado Chagas Rodrigues. Dois dos chineses presos alegaram estar em missão comercial, sendo um deles vendedor de arroz e outro comprador de algodão. O Coronel Borges declarou “serem todos eles espiões, e enquadrados, portanto, na Lei de Segurança Nacional, tendo tido a cobertura do Coronel Nonato Machado Ferreira, membro do Conselho de Segurança Nacional, e notório comunista, que lhes dava cobertura”.

 

Tribuna da Imprensa n° 4.317, Rio, RJ

Segunda-feira, 06.04.1964

Comunistas Fariam Revolução em Maio

 

Policiais do Estado do Rio e contingentes do Exército, sob a orientação do Coronel Hugo Campelo, em diligências nos pontos mais diversos do território fluminense, apreenderam, ontem, dezenas de fuzis, rifles, metralhadoras, bombas e dinamite, “coquetéis molotov” e farto material de propaganda comunista.

 

Na residência de Jaci Pereira Lima, na Travessa Caio Martins, 11, em Niterói, além de bombas e armamento pesado, bandeiras comunistas e material de propaganda, foram encontrados 80 uniformes da “Brigada Revolucionária Cubana”, de cor cáqui, com a característica estrela vermelha na altura do peito.

E, além disso, grande quantidade de pólvora, bombas incendiárias e 20 mil projeteis de diversos calibres.

 

Revolução

 

Entre o material apreendido na casa de Jaci, foram encontrados documentos e correspondência trocada entre os líderes comunistas, datados de março do corrente ano, que dão o dia 1° de maio como dia para o deflagrar da Revolução. Apreendeu-se, também, uma lista; que deveria ser anexada às dos outros Estados, com os nomes dos que deveriam ser “eliminados sumariamente e sem delongas”.

 

Essa lista começa com o vice-Governador do Estado do Rio, sr. João Batista da Costa, prosseguindo com os deputados Simão Mansur, Alberto Adail de Almeida, Alfredo de Morais, Nicanor Sampaio, Coronel da PM Mário Deserto e Capitão Martins, Delegado de Polícia Paulo Paccielo e Comissário Sílvio Solon Ribeiro e Joaquim Vieira Ferreira, além de todos os agentes de Polícia da DOPS.

 

Prisões

 

Com exceção de Jaci Pereira Lima, que segundo a correspondência trocada entre ele e seus superiores e liderados usa o posto de “general”, foram presos os agitadores Emílio Bonfante Demaria, ex-assessor do sr. João Goulart, Antônio Carlos Sigmaringa Seixas, procurador do IAPI, sem nunca ter desempenhado essa função, quatro assessores do sr. Badger da Silveira e o ex-delegado da DOPS de Niterói, sr. Herval Basílio. Este, no dia 1° de abril, recolheu o armamento dos policiais, entregando-o aos elementos pertencentes a sindicatos filiados ao CGT, sob a alegação de que era para defender a “legalidade”, com o que deixou a Polícia praticamente sem defesa. Demaria foi preso em Itaboraí, juntamente com mais quatro agitadores, numa fazenda. As diligências se estenderam a Maricá, onde outros materiais e armamento em quantidade foram apreendidos.

 

# Moscou: Comunistas Devem Unir-se à JK #

 

Uma emissão da rádio de Moscou sobre a Revolução brasileira foi captada sexta-feira última, e gravada. Diz ela que o movimento de implantação de um “Governo Popular” por Jango e os comunistas fracassou por dois motivos: doutrinação mal feita e infiltração deficiente. A rádio de Moscou responsabilizou a “linha chinesa” pelo insucesso do movimento e, no fim, transmitiu uma mensagem para que todos os comunistas brasileiros cerrem fileiras imediatamente em torno do senador Juscelino Kubitschek. “Esta é a única maneira de o comunismo sobreviver no Brasil”, afirma peremptoriamente o PC soviético nessa instrução aos extremistas brasileiros. As últimas instruções de Fidel Castro aos comunistas brasileiros foram trazidas de Havana pelo “em-baixador” comuno-carreirista Álvaro Lins, que de lá voltou poucos dias antes do comício da Central, e procurou imediatamente Luís Carlos Prestes.

 

Na qualidade de presidente do Instituto Cultural Brasil-Cuba, Álvaro Lins, durante sua permanência em Cuba, estivera em Moscou meses antes, recebeu planos atualizados de implantação de guerrilhas rurais e urbanas. Um desses planos aconselhava a criação de milícias militares femininas, logo que, graças à desagregação das Forças Armadas, pela extinção do espírito de disciplina e hierarquia, Jango e Brizola se assenhorassem do Rio, São Paulo e Porto Alegre.

Era dada especial ênfase à formação de contingentes de mulheres, de preferência casadas e mães, sob a alegação de que este fato minimizaria as eventuais reações das Forças Armadas regulares, pois nenhum brasileiro, com o seu sentimentalismo, ousaria atirar numa mulher.

 

O sr. Leonel Brizola foi informado pormenorizadamente pelo “embaixador” Álvaro Lins das novas instruções de Cuba. Mas, “sem desfazer dos cubanos”, disse preferir o seu “grupo de onze”, a seu ver mais eficaz que a técnica castrista.

 

A “atuação” do senador Afonso Arinos na revolução continua suscitando grande indignação nos meios políticos e militares, mas também grandes gargalhadas.

 

Salienta-se que, pela primeira vez na história parlamentar brasileira, um senador da República foi nomeado oficial de gabinete de um governador, pois foi este realmente o cargo de Arinos, como “secretário sem pasta” do governo do sr. Magalhães Pinto.

 

Lembra-se que, uma semana atrás, numa reunião havida no Rio, com a participação dos srs. Juscelino Kubitschek, Negrão de Lima, Afonso Arinos e outros, foi examinada a situação política. O sr. Afonso Arinos propôs, então, uma “saída institucional” para a crise, com a aprovação, pelo congresso, de uma emenda constitucional ao artigo 146, para permitir a reforma agrária.

 

Alegava o senador-oficial-de-gabinete que Jango era invencível, graças ao seu “poderoso” dispositivo militar e ao seu “impressionante” apoio popular, e que se o Congresso não cedesse seria fechado “inapelavelmente” pelo povo e pelas forças militares. No dia seguinte, Afonso Arinos embarcou para Brasília e de lá telefonou para Negrão, perguntando-lhe em que pé ia o encaminhamento de sua “fórmula de saída institucional”.

 

Vinte e quatro horas depois, fazia-se nomear oficial-de-gabinete do governo de Minas e aprontava suas malas par a embarcar no “trem da vitória”. Exatamente o mesmo procedimento calhorda que teve em 1961, no episódio da renúncia de Jânio.

 

# Jango no Uruguai: Não Renunciei,

Não Pedi Asilo e Não Sou Comunista #

 

Montevidéu, 6 (FP-TI) – “Não renunciei. Tampouco pude pedir permissão ao Congresso para deixar o País, pois este deixou de funcionar”, declarou ontem João Goulart em sua conferência de imprensa.

 

Não pedi asilo político. Encontro-me no Uruguai como amigo. Não atuei como comunista. Somente procurei a defesa de meu País e os interesses de meu povo, especialmente das classes mais necessitadas. Isto é lutar contra o comunismo ao elevar o nível de vida”.

 

Em sua entrevista à imprensa, João Goulart não fez nenhuma referência ao que ocorreu depois de partir de Brasília. “Encontro-me no Uruguai como amigo. Não solicitei asilo político, mas por respeito à cálida acolhida do Uruguai e por respeito a meu próprio País, estou eximido de emitir opiniões sobre o ocorrido”.

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Link: https://youtu.be/9JgW6ADHjis?feature=shared

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);

Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);

E-mail: hiramrsilva@gmail.com

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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