Sexta-feira, 14 de março de 2025 - 07h55
Bagé, 14.03.2025
Continuando
engarupado na memória:
Tribuna da Imprensa n° 4.316, Rio, RJ
Sábado, 04 e Domingo, 05.04.1964
Agitadores Chineses Presos
na Guanabara
(Célia
Maria)
Nove chineses, cabeças do movimento de
subversão organizado pela China Comunista no Brasil, foram presos ontem em
diligência efetuada pelos detetives da DOPS da Guanabara no prédio 33 da Rua
Almirante Tamandaré e no prédio 200 da Rua Senador Vergueiro. Em entrevista à
imprensa, o Coronel Gustavo Borges. Secretário de Segurança da Guanabara,
apresentou os chineses presos, juntamente com seus passaportes e documentos
apreendidos, além de numerosa lista de parlamentares e agentes brasileiros com
os quais mantinham contatos.
As Prisões
Foram efetuadas em duas operações: a
primeira, na Rua Senador Vergueiro, 200, ap. 1.707, e a segunda na Rua
Almirante Tamandaré 53, aps. 401 e 501. Neste último local, aonde foram em
busca de dois chineses da missão comercial, trouxeram cinco, além de documentos
apreendidos e “flans” de jornais,
máquinas de escrever e mimeógrafo. Os chineses cão Hou-Fa Tseng, Wang Chik,
Wang Yao-Teng, Chang Pao Sheng, Wang Wei-Chen, Chu Ching-Tung e Lu Tsu-Peng.
Entraram no País há dois anos, e de acordo com declarações prestadas à polícia
carioca, por solicitação expressa do presidente João Goulart, na época em que
este visitou a China, por ocasião da renúncia do presidente Jânio Quadros. O
Coronel Borges informou à imprensa ter sido descoberta “a máquina de espionagem que a China havia montado no País com a
cumplicidade do presidente deposto”.
Acrescentou que sua
ação vinha sendo seguida pelas autoridades policiais da Guanabara, mas em nada
puderam intervir porque os chineses dispunham de passaportes oficiais da
Ministério das Relações Exteriores, e “se
a polícia carioca agisse o governo federal garantiria sua fuga e libertação”.
“Com a vitória da Revolução”,
prosseguiu o Secretário de Segurança, “é
possível revelar à população os nomes e as atividades subversivas dos agentes
chineses no Brasil. Seus documentos tinham vistos oficiais, por ordens diretas
e expressas do sr. João Goulart. Esses vistos eram renovados anualmente e não
trimestralmente, como manda a lei”.
Cem mil Dólares
No poder dos chineses
foram apreendidos 100 mil dólares e três mil libras, um total de Cr$ 100
milhões, destinados à propaganda comunista no Brasil. O dinheiro estava em
notas de mil dólares e 500 dólares, que são raríssimos e controladas pelo
Tesouro dos Estados Unidos. O Coronel Borges anunciou que entrará em contato
com as autoridades da embaixada americana, a fim de apurar a procedência do
dinheiro, “já que todas as notas de mil
dólares expedidas pelo Tesouro americano são contratadas no
mundo inteiro”. Asseverou
ainda que é “possível a falsidade das
notas, por ser uma tática comunista o lançamento de notas falsas americanas nos
mercados subdesenvolvidos, com o fito de descontrolar a estabilidade financeira
do País”.
Endereços
Diversas cadernetas com telefones e listas
de nomes foram apreendidos. O Coronel Gustavo Borges declarou que “mais uma vez estavam comprovadas as
denúncias do Governador Carlos Lacerda a respeito do perigo comunista no
Brasil. Talvez o dinheiro explicasse mesmo a procedência das malas e dos
maleteiros”. Foi encontrada, igualmente, uma lista de políticos e militares
brasileiros marcados para eliminação através de métodos chineses, ou seja,
estrangulamento e injeções venenosas, conforme relatório apreendido. Entre os
nomes estavam os do sr. Carlos Lacerda e dos generais Castelo Branco e Amaury
Kruel. O Coronel Borges informou que foram presos apenas os cabeças do
movimento, faltando agora apanharem as ramificações, por todo o País, onde
agiram durante dois anos.
No endereço da Rua Almirante Tamandaré,
segundo o delegado do DOPS, encarregado da batida de ontem ao local,
realizavam-se periodicamente reuniões de até 200 pessoas, entre chineses e
brasileiros. Das cadernetas de nomes constavam os de “Levi, Olavo, Darci, Abel, sem sobrenomes, e ao lado dos nomes estavam
as cotas de dólares que receberiam”. Em outra página, estava especificado:
“Arrais – três mil dólares”. Havia
uma cota de 300 mil dólares cuja especificação dizia: “Não está sendo usada de maneira satisfatória. Deverá ser empregada até
31-12”.
Havia igualmente uma lista de pessoas
consideradas colaboradoras, e fotografias de fisionomias felizes do povo
chinês. Foi apreendido um vocabulário brasileiro-chinês, com os seguintes
termos entre outros: “audaz mobilização
das massas, ampla mobilização das massas, sonegar impostos, fariseu, deitar
lenha na fogão, luta sem quartel”, e outros, vistos pelos jornalistas
presentes à entrevista do Coronel Borges. Da caderneta de telefones, constavam
os nomes de Samuel Wainer, Gabriel Hermes Filho, Roland Corbisier, Paulo
Silveira, senadores Artur Virgílio, Aarão Steinbruck, Aurélio Viana e deputado
Chagas Rodrigues. Dois dos chineses presos alegaram estar em missão comercial,
sendo um deles vendedor de arroz e outro comprador de algodão. O Coronel Borges
declarou “serem todos eles espiões, e
enquadrados, portanto, na Lei de Segurança Nacional, tendo tido a cobertura do
Coronel Nonato Machado Ferreira, membro do Conselho de Segurança Nacional, e
notório comunista, que lhes dava cobertura”.
Tribuna da Imprensa n° 4.317, Rio, RJ
Segunda-feira, 06.04.1964
Comunistas Fariam Revolução
em Maio
Policiais do Estado do Rio e contingentes
do Exército, sob a orientação do Coronel Hugo Campelo, em diligências nos
pontos mais diversos do território fluminense, apreenderam, ontem, dezenas de
fuzis, rifles, metralhadoras, bombas e dinamite, “coquetéis molotov” e farto material de propaganda comunista.
Na residência de Jaci Pereira Lima, na
Travessa Caio Martins, 11, em Niterói, além de bombas e armamento pesado,
bandeiras comunistas e material de propaganda, foram encontrados 80 uniformes
da “Brigada Revolucionária Cubana”,
de cor cáqui, com a característica estrela vermelha na altura do peito.
E, além disso, grande
quantidade de pólvora, bombas incendiárias e 20 mil projeteis de diversos
calibres.
Revolução
Entre o material
apreendido na casa de Jaci, foram encontrados documentos e correspondência
trocada entre os líderes comunistas, datados de março do corrente ano, que dão
o dia 1° de maio como dia para o deflagrar da Revolução. Apreendeu-se, também,
uma lista; que deveria ser anexada às dos outros Estados, com os nomes dos que
deveriam ser “eliminados sumariamente e
sem delongas”.
Essa lista começa com
o vice-Governador do Estado do Rio, sr. João Batista da Costa, prosseguindo com
os deputados Simão Mansur, Alberto Adail de Almeida, Alfredo de Morais, Nicanor
Sampaio, Coronel da PM Mário Deserto e Capitão Martins, Delegado de Polícia
Paulo Paccielo e Comissário Sílvio Solon Ribeiro e Joaquim Vieira Ferreira,
além de todos os agentes de Polícia da DOPS.
Prisões
Com exceção de Jaci
Pereira Lima, que segundo a correspondência trocada entre ele e seus superiores
e liderados usa o posto de “general”,
foram presos os agitadores Emílio Bonfante Demaria, ex-assessor do sr. João
Goulart, Antônio Carlos Sigmaringa Seixas, procurador do IAPI, sem nunca ter
desempenhado essa função, quatro assessores do sr. Badger da Silveira e o
ex-delegado da DOPS de Niterói, sr. Herval Basílio. Este, no dia 1° de abril, recolheu
o armamento dos policiais, entregando-o aos elementos pertencentes a sindicatos
filiados ao CGT, sob a alegação de que era para defender a “legalidade”, com o que deixou a Polícia
praticamente sem defesa. Demaria foi preso em Itaboraí, juntamente com mais
quatro agitadores, numa fazenda. As diligências se estenderam a Maricá, onde
outros materiais e armamento em quantidade foram apreendidos.
# Moscou: Comunistas
Devem Unir-se à JK #
Uma emissão da rádio de Moscou sobre a
Revolução brasileira foi captada sexta-feira última, e gravada. Diz ela que o
movimento de implantação de um “Governo
Popular” por Jango e os comunistas fracassou por dois motivos: doutrinação
mal feita e infiltração deficiente. A rádio de Moscou responsabilizou a “linha chinesa” pelo insucesso do
movimento e, no fim, transmitiu uma mensagem para que todos os comunistas
brasileiros cerrem fileiras imediatamente em torno do senador Juscelino
Kubitschek. “Esta é a única maneira de o
comunismo sobreviver no Brasil”, afirma peremptoriamente o PC soviético
nessa instrução aos extremistas brasileiros. As últimas instruções de Fidel
Castro aos comunistas brasileiros foram trazidas de Havana pelo “em-baixador” comuno-carreirista Álvaro
Lins, que de lá voltou poucos dias antes do comício da Central, e procurou
imediatamente Luís Carlos Prestes.
Na qualidade de presidente do Instituto
Cultural Brasil-Cuba, Álvaro Lins, durante sua permanência em Cuba, estivera em
Moscou meses antes, recebeu planos atualizados de implantação de guerrilhas rurais
e urbanas. Um desses planos aconselhava a criação de milícias militares
femininas, logo que, graças à desagregação das Forças Armadas, pela extinção do
espírito de disciplina e hierarquia, Jango e Brizola se assenhorassem do Rio, São Paulo e Porto
Alegre.
Era dada especial
ênfase à formação de contingentes de mulheres, de preferência casadas e mães,
sob a alegação de que este fato minimizaria as eventuais reações das Forças
Armadas regulares, pois nenhum brasileiro, com o seu sentimentalismo, ousaria
atirar numa mulher.
O sr. Leonel Brizola
foi informado pormenorizadamente pelo “embaixador”
Álvaro Lins das novas instruções de Cuba. Mas, “sem desfazer dos cubanos”, disse preferir o seu “grupo de onze”, a seu ver mais eficaz
que a técnica castrista.
A “atuação” do senador Afonso Arinos na
revolução continua suscitando grande indignação nos meios políticos e
militares, mas também grandes gargalhadas.
Salienta-se que, pela
primeira vez na história parlamentar brasileira, um senador da República foi
nomeado oficial de gabinete de um governador, pois foi este realmente o cargo
de Arinos, como “secretário sem pasta”
do governo do sr. Magalhães Pinto.
Lembra-se que, uma
semana atrás, numa reunião havida no Rio, com a participação dos srs. Juscelino
Kubitschek, Negrão de Lima, Afonso Arinos e outros, foi examinada a situação
política. O sr. Afonso Arinos propôs, então, uma “saída institucional” para a crise, com a aprovação, pelo congresso,
de uma emenda constitucional ao artigo 146, para permitir a reforma agrária.
Alegava o
senador-oficial-de-gabinete que Jango era invencível, graças ao seu “poderoso” dispositivo militar e ao seu “impressionante” apoio popular, e que se
o Congresso não cedesse seria fechado “inapelavelmente”
pelo povo e pelas forças militares. No dia seguinte, Afonso Arinos embarcou
para Brasília e de lá telefonou para Negrão, perguntando-lhe em que pé ia o
encaminhamento de sua “fórmula de saída
institucional”.
Vinte e quatro horas depois, fazia-se
nomear oficial-de-gabinete do governo de Minas e aprontava suas malas par a
embarcar no “trem da vitória”.
Exatamente o mesmo procedimento calhorda que teve em 1961, no episódio da
renúncia de Jânio.
# Jango no Uruguai:
Não Renunciei,
Não Pedi Asilo e Não
Sou Comunista #
Montevidéu, 6 (FP-TI) – “Não renunciei. Tampouco pude pedir permissão
ao Congresso para deixar o País, pois este deixou de funcionar”, declarou
ontem João Goulart em sua conferência de imprensa.
“Não
pedi asilo político. Encontro-me no Uruguai como amigo. Não atuei como comunista.
Somente procurei a defesa de meu País e os interesses de meu povo,
especialmente das classes mais necessitadas. Isto é lutar contra o comunismo ao
elevar o nível de vida”.
Em sua entrevista à imprensa, João Goulart
não fez nenhuma referência ao que ocorreu depois de partir de Brasília. “Encontro-me no Uruguai como amigo. Não
solicitei asilo político, mas por respeito à cálida acolhida do Uruguai e por
respeito a meu próprio País, estou eximido de emitir opiniões sobre o ocorrido”.
(*) Hiram Reis e Silva
é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor,
Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Link: https://youtu.be/9JgW6ADHjis?feature=shared
Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente
da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;
Ex-Professor do
Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do
Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do
Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4°
Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);
Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Membro do
Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)
Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
E-mail: hiramrsilva@gmail.com
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XLVI
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Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XLIV
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Bagé, RS, 05.03.2025 Mais uma vez tenho a honra de repercutir um artigo de meu Mestre Higino Veiga Macedo. Cidadão ou Indivíduo!(Cel Eng Higino Veiga
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XLIII
Bagé, 05.03.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.312, Rio, RJSegunda-feira, 30.03.1964 A Renúncia de Jango O sr. João