Quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023 - 06h05
Bagé, 02.02.2023
Mais uma vez tenho a honra de repercutir outro
belo e oportuno artigo de meu caro Amigo, Irmão e Mestre Higino Veiga Macedo,
editado em Natal, RN, quarta-feira, 25 de janeiro de 2023. O tema ganha
importância após os últimos desmandos do governo PeTralha, demitindo o
Comandante do Exército Gen Ex Júlio Cesar de Arruda e a nomeação de Tomás para
ocupar seu lugar. O Gen Ex Arruda agiu corretamente não cumprindo a ordem de retirar
a indicação do nome do Tenente-Coronel Mauro Cid para comandar o 1º Batalhão de
Ações de Comandos (BAC), em Goiânia. Gen Ex Arruda um bravo entre lacaios!!!
A Falência de um
Sistema
(Higino Veiga Macedo)
Entre 10
e, já, 30 de janeiro de 2023, a instituição mais confiável do Brasil sucumbe
perante atos arbitrários e atos despudoradamente anticívicos do governo, o
executivo, e dos outros ditos poderes, mas que são também governo: legislativo
e judiciário. A única instituição que poderia dar um alento aos brasileiros era
o Exército.
Infelizmente,
como em vários exemplos na história do mundo recente, seus generais se entregam à grande
traição à Pátria e perjuram o que prometeram perante a Bandeira Nacional. Por frouxidão de
seus generais dos altos postos, o Brasil vai se “venezuelar”
rapidamente. E mais: os generais de altos postos entregarão suas forças à
extinção e serão presos e enforcados, pois não merecerão do inimigo a honra de
morrer fuzilados como devem ser mortos os militares dignos.
A Nação
que lhes fizeram honrados será extinta como a Alemanha no Nazismo, a Itália no
Fascismo, Cuba e China no Comunismo em poucos anos. Antes de entrar no mérito
do “PORQUÊ” dessas traições, convém lembrar que todos os brasileiros,
civis e militares, os consideravam privilegiados de inteligências e vigores
físicos, pois muitos deles tinham cursos de alta especialização em combate.
Isso quer dizer: paraquedistas, comandos, forças especiais, guerra na selva...
Não só detinham os cursos, mas também foram instrutores (professores) nas
escolas em que se formaram como também nas de cursos de especializações.
E onde
entra a frouxidão, de agora, se historicamente os militares brasileiros foram
profissionais sempre... não se negando em defender a Pátria? Porque temos,
hoje os que defendem o GOVERNO e o PARTIDO DO GOVERNO. Sou obrigado a usar parte
de um provérbio oriental: “homens fracos criam tempos difíceis...”
A
promoção atual, no Exército, tem um ranço de “ações entre amigos”.
Influência do velho e conhecido “canal – Prezado amigo”. A preparação
feita pela comissão para estudar cada oficial apto a ser promovido, a Comissão
de Promoções de Oficiais, envolve todos os dados estabelecidos em portarias e
leis juntadas com o hoje fatídico perfil profissiográfico.
Daí é
elaborada uma lista que espelharia o mérito dos futuros oficiais em forma de
pontos. Acontece uma enorme mágica neste estágio: os “com mais pontos”
são oficiais que estão atrelados a algum General de Exército (general de quatro
estrelas). Os mais entusiasmados, abreviando, dizem “quatro estrela”.
As
ingerências dos generais os fizeram conhecidos e rotulados, jocosamente ou não,
como jóquei. Faz parte do inconsciente dos oficiais, nas conversam sobre os
possíveis promovidos, “que fulano está com o General sicrano e ele é um bom
jóquei”.
Nesse critério,
são relacionados os melhores em função de vagas... O Presidente da República
apenas chancela o que lhe é imposto goela abaixo. Há quem diga que “pelo
menos se tem algum critério. Pior se não tivesse critério”. O contra
argumento é que o critério existe apenas para dar cunho legal e registrar dados
coincidentes com o “queremismo reinante (eu quero..., eu mando..., eu sou o
mais antigo...)”. Hoje, está se tornando uma disputa de apadrinhados e
padrinhos.
As
promoções estão sendo resultado de barganha, personalismo... Hipocritamente,
dizem serem os perfis profissionais “que decidem”. Mas o perfil é
montado segundo os Conceitos emitidos pelos superiores e os Conceitos, para
quem está coberto, pelo manto sagrado de um General, são supervalorizados,
misteriosamente. Servem para legalizar os conceitos privilegiados dos que estão
ungidos pelo seu jóquei. Alega-se, como avestruz, também para legalizar
personalismo, serem os perfis profissiográficos frutos da apuração dos dez
últimos conceitos emitidos por comandantes ou chefes.
Não há
como comparar dois oficiais, do mesmo posto, para conceituação, sendo um
responsável pela logística de uma brigada, em Tefé – Amazonas, e outro oficial “assistente-secretário
de um General”, em Brasília, ou instrutor em alguma escola. E hoje o que
mais devasta as promoções por escolha é a “carreira militar” feita como
Assistente-secretário.
Aqui é o
início dos “homens fracos...”. Na tropa é onde “geram homens fortes”.
Mas, o que me foi dado ver, com raríssimas exceções, e agradáveis exceções,
tais assistentes-secretários eram cortesões, muito mais preocupados em se
servir que servir; em bajular que informar; em servir de latrina para aparar os
dejetos de fúria de autoridades.
Eram de “personalidades
fracas: necessitavam de aprovação das ações; são de opiniões vagas: ou por não
as ter ou para não contrariar as dos superiores; e tem atitudes neutras: para
não serem responsabilizados por algum insucesso.” ([1]) Muitos deles atingem elevados postos. E nesses
elevados postos continuam fracos.
A função
de assistente-secretário é relevante e a postura de militar exige definição,
decisão, vontade. Mas, estão sempre a esperar de modo que o tempo resolva. Não
tem capacidade de fazer o tempo, que é preciso, para resolver no tempo
necessário.
E
convivendo na penumbra, ultimamente são eles levados a cargos elevados por
escolha. E quando a autoridade, para demonstrar autoridade, que não tem, sempre
a esperar a solução do tempo, e para orgulho dos demais cortesãos, parte para “bravatas”.
Coisa aprendida dos arroubos de autoridades anteriores que sempre está a um
passo da arbitrariedade. Sabe que não será incomodado porque tem assistentes
fracos, que nunca lhe dirão um “não”, como ele já o fora e fizera antes.
Assim, como genéticas dos descendentes, a fraqueza e os arroubos vão se
perpetuando.
Tive um
companheiro de turma que sempre fora bem classificado, escolarmente, e numa
reunião de companheiros foi claro: “agora que sou assistente do general
fulano, sei como ser general; já aprendi como o general deve proceder”.
Acho que até aprendeu, mas o “como não ser”, pois foi um péssimo
general. Mas, uma pergunta que se faz é quando que tais fracos começaram a
dominar os postos de mando. Bom, uma resposta é a conjuntura, o momento da vida
nacional: é melhor ser um covarde vivo que um herói morto. Portanto, é o meio,
o ambiente e a cultura momentânea. Fazer-se rolha nas marés políticas e
governamentais para sempre estar na crista da onda, sem interessar idealismo,
convicções e patriotismo. Pragmatismo sempre, idealismo quando puder. Se, estamos
com porcos, porque não se chafurdar na lama.
A
segunda, é que, acreditando nas bravatas, e sendo fraco de personalidade, acha
que o chefe é forte. Daí mostra-se fraco depois de servir a um chefe forte e
personalista (dependência psicológica) ([2]). Em geral tais assistentes-secretários são
inteligentes, acima da média. E se tornam perigosos, a partir do momento em que
sabem explorar a autoridade que sua posição permite e que dela possa usufruir.
Não a tem (autoridade), mas usa o nome do chefe para respaldar o que não tem.
Exploram a vaidade do chefe de modo a, cada vez mais, ter quinhão de decisão de
coisas que deveriam ser do chefe, que por ser fraco e não mais suportar
desgastes, entrega parcelas de poderes e autoridades a seus auxiliares.
Aprendem, os assistentes, a serem cortesãos dos palácios e gabinetes.
Segundo
Robert Greene ([3]) “eles fazem o rei se sentir mais rei; eles
fazem todos os outros temerem seu poder. São magos da aparência, sabendo que
quase tudo na Corte é julgado pelo parecer ser. Os grandes cortesãos são
graciosos e polidos; sua agressividade é velada e indireta. Donos do mundo,
nunca dizem mais do que o necessário, levando sempre a melhor num elogio ou
insulto velado. São ímãs de prazer – as pessoas querem ficar ao seu lado porque
eles sabem agradar, no entanto eles nunca adulam nem se humilham”. A
consequência: chefes cada vez mais fracos e cada vez mais “bravatareiros”
Acontece que o nível de inteligência entre os militares é alto. E logo percebem
que os chefes não são confiáveis. E toda a força passa a não ter líderes. Agrega
a isso a despersonalização da Força Terrestre; as autoridades governamentais
nivelam toda a Força pelo comportamento de seus chefes. A nação, que não é o
governo, é traída, pois pensa que tem uma força em sua defesa.
Em 1971,
tudo levava a crer que estava entrando num sistema de meritocracia das mais
equilibradas do país. No mesmo ano foi implantado, na Casa de José
Pessoa, ([4]) o Código de
Honra. Tinha como defensores ferrenhos o então Coronel Paulo de Campos Paiva e
o General Meira Matos. Criado em 1970 e oficializado em 1971, com as expressões
VERDADE, PROBIDADE, LEALDADE E RESPONSABILIDADE.
A ideia nasceu e morreu no mesmo ano. Alguns
intelectuais de quem nunca se soube os nomes ou o nome alegaram ou alegou que
Cadete era muito imaturo para praticar um “CÓDIGO DE HONRA”. Tal CÓDIGO
se fundamentava não em frases, mas em uma filosofia, com princípios basilares
para um código, de onde se extraiu sequências de valores a serem apreciados.
Ficou conhecido como CONCEITO LATERAL.
Qual a filosofia? Está contida num dito atribuída a
Abraham Lincoln: “Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por
algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo”. No final do
curso se teria várias avaliações feitas pelos seus pares. “Poderia enganar
alguns, mas não a todos e a muitos”. Esse processo deveria ter se
prolongado pela carreira toda dos oficiais. Mesmo que houvesse alguma leniência
ou rigor, o número de avaliação deveria diluir o dado com excesso. Em matemática,
é a diluição do erro.
Assim ter-se-ia valores para aquilatar reais
méritos de desempenho. Se tivéssemos dado continuidade, hoje estaríamos, a
nossa geração, “1971”, bem treinados para avaliar o companheiro da mesma
turma e até da mesma geração (mesma geração = as turmas com quem se conviveu na
AMAN: a turma considerada; três mais antigas e três mais modernas, portanto,
sete turmas), sem os ranços de vingança por qualquer que fosse o motivo.
Depois, pela maturidade, passaria conceituar desempenho dos superiores. Seria
levar o conceito, das Escolas Militares, de “retificação da aprendizagem”
para o da “retificação de ação”. E maturidade para apontar a relação de
indicados ao generalato. Indicado pelos semelhantes e não por benesses e
graciosidades de chefes, também fracos.
E isso não é nenhum fantasma. Tem um artigo da
Militar Review do início dos anos 90 que tratava das “Críticas dos Exercícios
Militares” na Alemanha, me parece. Tem um título em alemão desses com as
vinte duas consoantes todas juntas. Mas, num auditório, todos os componentes do
exercício, incluídos os soldados, participavam. O exercício era repassado passo
a passo e as ordens recebidas e expedidas eram repetidas. O árbitro do
exercício apontava as falhas e acertos. Nas falhas, era dada a palavra a todos
para que dissessem como receberam as ordens; como entenderam as ordens. E os
soldados, enfim os grandes executores repetiam o que tinham entendido da ordem
do sargento, que repetia sobre a ordem do tenente e assim até o início do
sistema de comando e controle. Ninguém ficava magoado, constrangido ou irritado
com o subordinado. Ou sentia a hierarquia ferida por o subordinado revelar seu
entendimento das ordens expedidas, com erros, pelo superior. A “Crítica”
era para que todos treinassem melhor para a guerra e cada um aproveitassem ao
máximo para se adestrar (que o paisano chama de Capacitação). Era a tal “retificação
da aprendizagem”, termo já referido, mas em desuso.
Tudo dito acima para comentar os critérios para a
promoção a generais do Exército Brasileiro.
Há uma falsa narrativa de critérios rígidos e esmerada avaliação dos
oficiais. Porque não fazer as avaliações continuadas do Conceito Lateral, desde
Cadete restabelecendo o Código de Honra?
Porque, nestas avaliações continuadas, não
incluírem os mais antigos? Eles teriam a oportunidade de “retificarem a
aprendizagem” fugindo dos “queremismos: eu quero, eu posso, eu mando”
que nada mais são que atos nas raias das arbitrariedades?
Porque as promoções a general, a promoção por
escolha, não se dá pelo Senado Federal? Evitaria o “faz de conta”, de
promoção pelo Presidente baseado numa relação que cheira “ações entre amigos”?
O Senado é a Casa que busca as coisas da Nação. É ele quem sabatina os
embaixadores; os componentes de diversos tribunais superiores, do poder
judiciário; os presidentes do Banco Central. Porque não avaliar, também, os
responsáveis diretos, pela segurança e existência da nação.
O general não é empregado, funcionário ou outra
correlação parecida, do Poder Executivo, isto é, do Estado. Ele é a maior
figura de uma Instituição Nacional depurada ao longo da vida da NAÇÃO. Não se
é general por indicação de partido ou nomeação por decreto. Sendo Nacional
então ele pertence à Nação e não ao Estado. A partir do momento que ele é promovido
pelo Executivo, o general terá que se render à política implantada pelo
Presidente e logicamente aceitar, sem restrição, os programas dos partidos
políticos que dão respaldo ao governo daquele Presidente. Aí a contradição:
como militar, tem que ser apolítico. Para os mais puristas, explicando melhor:
o Presidente como Chefe de Estado não é necessariamente o melhor representante
da Nação e está sujeito às regras estatutárias impostas pelos partidos que lhe
dão apoio ou lhe são oposição (entendendo o Estado como a Nação organizada por
leis..., etc.).
Assim as deformidades afetariam menos a
instituição, (onde o idealismo de todos busca intensamente a perfeição, que
para os carreiristas é utopia), e deixar de gerar constantes decepções, ditas à
meia boca, a responsabilidade de promover tem que ser do Senado.
Ali o oficial proposto seria sabatinado nos aspectos
de seu desempenho, cultura geral e profissional. Lá, como cá, existem homens
patriotas, livres para questionar e de bons costumes para serem justos. Portanto,
os comportamentos das EXCELÊNCIAS deixariam de serem de meros cortesãos e
revitalizaria o que a nação sempre precisa: homens que cumpram o juramento
perante a Bandeira nacional e não uma vergonhosa submissão a um partido
politico corrupto e criminoso; submissos a ponto de praticarem o assassinato de
sua força. Esses homens fracos deixarem ao extinguir o EXÉRCITO, a MARINHA e a
AERONAUTICA.
Sinto saudades, do meu tempo de menino, com ações
do major Haroldo Veloso e capitão José Chaves Lameirão, que tomaram a base
militar de Jacareacanga ([5]), no Pará; do General
Olímpio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar – Exemplo de Patriotas!
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Inspirado num comentário de “reality
show”, da Globo, BBB-12, sobre um ganhador.
[2] [Inspirado no
citado por John Cornwell - O Papa de Hitler - retirado de O. Chadwick – Britain
and the Vatican during the Second World War (Cambridge, 1966, pág. 36.)].
[3] Robert Greene – As 48 Leis do
PODER ( THE 48 LAWS OF POWER) – Editora ROCCO Ltda (www.rocco.com.br).
Tradução Talita M Rodrigues – 2000.
[4] José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Idealizador da AMAN.
Academia Militar das Agulhas Negras – Wikipédia, a enciclopédia livre
(wikipedia.org)
[5] Revolta de Jacareacanga
(Hiram Reis e Silva)
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H