Sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018 - 08h06
A Falta de Educação
Hiram Reis e Silva, Bagé, RS, 14.02.2018
É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade. (Immanuel Kant)
Iniciamos nosso artigo com esta contundente afirmativa do grande filósofo prussiano Immanuel Kant considerado como um dos principais filósofos da era moderna. Evidentemente não se pode considerar que a educação venha a se processar apenas na escola, ela faz parte de um complexo e amplo espectro de componentes da vida do educando; dois deles, porém, são fundamentais para o seu aperfeiçoamento como ser humano: a escolar e o lar.
Na escola, a interação do professor-aluno não deve se ater tão somente à construção do conhecimento visando atingir a sua maioridade intelectual mas, sobretudo, estimular uma rede mais generalizada de afetividade nas relações interpessoais, trabalhando intensivamente para integrar o educando à sociedade através da formação sadia de uma consciência cívica e moral. No lar, a educação acontece na convivência diária, na formação de bons costumes, de bons exemplos, emanados de seus progenitores.
O Brasil vem amargando uma série interminável de insucessos nas últimas décadas, onde experiências de fundo meramente ideológico sobrepujaram as científicas. A Unesco coloca, nos dias de hoje o Brasil, na 88ª posição, em um ranking com outros 127 países, mostrando o mal que estes famigerados experimentos tem trazido às nossos jovens e à nossa nação.
O que podemos esperar de uma geração cujos pais não são capazes de apresentar-lhes bons exemplos, de escolas mal administradas, onde os recursos das merendas escolares são desviados, as instalações são precárias e os professores mal remunerados, desprestigiados e mal formados?
Repercuto um belo artigo de um ex-aluno e ex-instrutor do Colégio Militar de Porto de Alegre e meu amigo pessoal Tenente-Coronel Luciano Zucco –especialista em Segurança Pública e Análise Risco.
Tenente-coronel Luciano Zucco
As pessoas tendem a reproduzir na vida adulta os ensinamentos e os valores absorvidos durante a infância e a adolescência. E os principais ambientes para este aprendizado são a família e a escola.
Não tenho dúvidas que a crise social que hoje vivemos tem sua raiz mais profunda na falência do nosso modelo de educação pública e na desestruturação familiar.
As salas de aula viraram depósitos de jovens, com investimentos cada vez menores, com professores desvalorizados e desmotivados. Sem falar na violência física e moral sofrida por estes profissionais. Sim, o professor tem apanhado de todos os lados, inclusive dos seus alunos. A pedagogia do “tudo pode”, da permissividade em sala de aula está produzindo uma legião de jovens incapazes de encarar as agruras da vida e de um mercado profissional cada vez mais exigente.
O analfabetismo funcional é apenas uma de suas facetas. Recordo de uma experiência profissional vivida durante minha passagem pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, onde o então Chefe do Executivo participava de um ato de entrega de unidades habitacionais. Na casa que era entregue para uma família, o Presidente da República entregou o documento de posse para o menino, que cursava a quarta série, pudesse ler aos pais. A criança não conseguiu ler o texto, gaguejou sílabas e não foi capaz de reproduzir o que ali estava escrito.
O fato me marcou profundamente e fez brotar em meu íntimo a vontade de tentar ajudar a construir um Brasil melhor para nossos jovens. No entanto, se há um caos instalado na Educação, ainda há ilhas de excelência.
No Rio Grande do Sul, cito as escolas administradas pela Brigada Militar em Porto Alegre, Santa Maria, Passo Fundo, Ijuí, Pelotas, Santo Ângelo e São Gabriel, conhecidos como Colégio Tiradentes. Além, é claro,do centenário Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA), do qual muito me orgulho de ter sido aluno, e de seu congênere no centro do Estado, o Colégio Militar de Santa Maria (CMSM).
Nesses estabelecimentos, há muito mais do que bons professores e seriedade no trabalho com os conteúdos programáticos. Em tais quesitos, os resultados do IDEB e do ENEM comprovam a excelência desse modelo de gestão educacional. Mas existe algo mais: disciplina, que nada mais é do que colocar as coisas nos seus devidos lugares.
Ao professor cabe ensinar e, ao aluno, aprender. Tudo é cuidadosamente planejado e organizado para que assim seja. Os instrutores e monitores, além de fornecer orientação e aconselhamentos constantes, estão sempre vigilantes para que as normas sejam cumpridas. Ser pontual, pautar-se pela boa apresentação individual, realizar suas tarefas com oportunidade e correção, tratar os superiores e colegas com respeito.
Mas as escolas administradas pelos militares vão ainda mais além. Elas investem no patriotismo e no civismo como elementos formadores do caráter. Aí entram o respeito aos Símbolos Nacionais e o orgulho de ser brasileiro, valores que mais tarde, já no mercado de trabalho, possibilitam que esses jovens desenvolvam e produzam estudos, pesquisas, bens e serviços que ajudarão a desenvolver e transformar a Nação brasileira.
Nos colégios militares também são cultuados os valores indispensáveis à plenitude da vida cidadã: honra, honestidade, lealdade, coragem moral, ética, responsabilidade, liberdade e respeito [à Pátria, aos mais velhos, às instituições, aos professores e outros superiores, ao meio ambiente, aos animais].
Aos que criticam esse modelo, peço que perguntem aos médicos, engenheiros, jornalistas, advogados, servidores públicos e a outros profissionais que estudaram em Colégios Militares, se essa experiência contribuiu de forma positiva para sua formação e sucesso profissional.
É bastante provável que todos afirmem que sim. Porque, antes de tudo, os Colégios Militares são uma escola de vida. Qual pai e mãe não se orgulham de ter um filho sendo conduzido pelo bom caminho? Em educação, é possível teorizar sobre tudo. E como há teóricos que pretendem revolucionar a Educação com fórmulas milagrosas, densamente apoiadas em teorias de próceres que, tal como eles, mal conhecem as realidades de uma sala de aula brasileira! Isso sem falar na imensa gama de “professores” que se utilizam da sala de aula para pregar ideologias estranhas aos brasileiros e que não vingaram em nenhum país, exceto em algumas atuais ou falecidas ditaduras, disfarçadas ou não.Por essas constatações práticas, sigo com a firme convicção de que os colégios militares podem ser uma das soluções para a retomada do rumo perdido pelo Brasil.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com;
Blog: desafiandooriomar.blogspot.com.br
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