Quarta-feira, 2 de dezembro de 2020 - 06h10
Bagé, 02.12.2020
Porto Velho, RO/ Santarém, PA ‒ Parte LXX
Foi
com imenso prazer que consegui, passo a passo (remada a remada), percorrer o
mesmo caminho desbravado pela “Bandeira de Francisco de Mello Palheta”,
em 1722, a “Viagem da Real Escolta”, empreendida por José Gonçalves da
Fonseca, nos idos de 1749 e a “Viagem ao Redor do Brasil (1875 – 1878)”,
do insigne Patrono do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro, então Coronel
João Severiano da Fonseca, pelos tumultuados saltos, cachoeiras e corredeiras
do Rio Madeira.
Emocionei-me
ao folhear e reescrever as páginas heroicas escritas com o sangue de nossos
bravos guerreiros nos “ermos sem fim” do Vale Guaporeano.
Mais
uma vez, prestei reverência aos nossos irmãos lusitanos que brava e
obstinadamente estenderam nossas fronteiras para Oeste com muita coragem, suor,
sangue e determinação, lançando no longínquo pretérito, em terras brasileiras,
nos mais desertos rincões, as pedras angulares que hoje sustentam os alicerces
de nossa tão vilipendiada soberania materializada “ad æternum” pela
maior obra da Engenharia Militar naqueles confins Ocidentais, o Real Forte do
Príncipe da Beira.
Procurei,
durante toda a jornada, mostrar a meu filho João Paulo Reis e Silva como
extrair a energia das águas, como desviar a atenção do cansaço e da incômoda
postura no caiaque, admirando as paisagens, as gentes e os animais da
formidável região amazônica.
Apresentei-o
aos famosos “banzeiros” que intimidam e apavoram os ribeirinhos, a ser
capaz de fazer uma leitura das condições do tempo observando o voo inquieto dos
pássaros.
Longe
de ser apenas uma apressada descida a remo, estávamos ali para vivenciar e
aprender com a natureza e as gentes desse “Paraíso Perdido”,
historicamente esquecido pelos poderes públicos.
Graças
aos ribeirinhos, líderes comunitários, Prefeitos e, em especial, ao
General-de-Brigada Paiva, Comandante do 2° Grupamento de Engenharia, sediado em
Manaus, AM, do Tenente-Coronel Rangel, Comandante do 5° Batalhão de Engenharia
de Construção, Porto Velho, RO, e do Tenente-Coronel Sérgio Henrique Codelo
Nascimento, Comandante do 8° Batalhão de Engenharia de Construção, Santarém,
PA, conseguimos atingir todos os objetivos propostos com muito mais conforto e
segurança.
O
sucesso não seria completo, contudo, se não contasse com o apoio irrestrito de
minha fiel companheira Rosângela Maria de Vargas Schardosim e dos amigos e
irmãos Grupo Fluvial do 8° BECnst comandado pelo Comandante do Piquiatuba
Soldado Mário e sua zelosa tripulação formada pelos soldados Vieira, Rebelo e
Marçal.
Aos
nossos caros parceiros de ideais, que nos incentivaram a cada momento, amigos
de longa data e de outras eras que sempre apoiaram nosso Projeto Aventura
Desafiando o Rio-mar.
Rumo
a Porto Velho, RO
(Joaquim de Araújo Lima)
Quando nosso céu se
faz moldura
Para engalanar a
natureza
Nós, os bandeirantes
de Rondônia,
Nos orgulhamos de
tanta beleza.
Como sentinelas
avançadas,
Somos destemidos
pioneiros
Que nestas paragens
do Poente
Gritam com força:
somos Brasileiros!
Nesta fronteira, de
nossa pátria,
Rondônia trabalha
febrilmente
Nas oficinas e nas
escolas
A orquestração
empolga toda gente;
Braços e mentes
forjam cantando
A apoteose deste
rincão
Que com orgulho
exaltaremos,
Enquanto nos palpita
o coração
Azul, nosso céu é
sempre azul
‒ Que Deus o
mantenha sem rival,
Cristalino muito
puro
E o conserve sempre
assim.
Aqui toda vida se
engalana
De belezas
tropicais,
Nossos Lagos, nossos
Rios
Nossas
matas, tudo enfim...
Partida de Porto Alegre (17.12.2011)
Chegamos ao Aeroporto Salgado Filho antes
das sete horas, nosso voo tinha a partida marcada para as 07h53. A enorme fila frente
aos portões de embarque confirmava que o “caos
aéreo” das festas de fim de ano já se instalara. Apesar do atendimento da
Gol ter sido perfeito, as instalações aeroportuárias se mostravam extremamente
acanhadas apesar do reduzido número de voos previsto para aquele horário. A
confusão era geral, partimos com 30 minutos de atraso. No deslocamento até
Porto Velho, constatamos uma total falta de educação dos passageiros em relação
ao uso de aparelhos eletrônicos a bordo, apesar dos insistentes apelos da tripulação.
Chegada em Porto Velho (17.12.2011)
A viagem transcorreu sem maiores alterações
e a aeronave pousou pontualmente às treze horas, hora local, no Aeroporto
Internacional de Porto Velho – Aeroporto Governador Jorge Teixeira. Em virtude
do fuso horário e horário de verão, teríamos um extenso dia de 26 horas. O
Tenente-Coronel da Arma de Engenharia Moacir Rangel Junior, Comandante do 5°
Batalhão de Engenharia de Construção (5° BEC) – Batalhão Carlos Aloysio Weber,
havia escalado o Tenente Thiago Teixeira Baptista e o Soldado Keiles para nos
recepcionar no Aeroporto e nos alojar no Palacete do Rio Madeira.
O Palacete é uma Casa de Apoio para Oficiais
do 5° BEC, e tem a finalidade de apoiar oficiais e comitivas do 2° Grupamento
de Engenharia que se deslocam para a guarnição de Porto Velho, a serviço.
Depois de devidamente recepcionados e
instalados, pelo Soldado Guilherme Fialho, o Tenente Teixeira fez um “tour” pela Cidade mostrando suas
instalações mais relevantes e discorrendo sobre sua história.
De todos os locais visitados, o que mais nos
impressionou foi o “Parque Memorial
Madeira-Mamoré”.
Parque Memorial Madeira Mamoré
As obras de restauração do
conjunto rotunda/girador/oficina marcarão uma mudança no modo de ver a relação
do Rio Madeira com Porto Velho. A Cidade está virada “de costas” para o Rio e a
recuperação de uma área como o pátio da EFMM, complementada pela obra que se
iniciou, fará que a população, através do contato, se aproprie do Rio como
parte da paisagem. Esta obra será mais um passo para que a Cidade una dois dos
seus maiores patrimônios:
o histórico [EFMM] e o natural [Rio Madeira].
(Giovani Barcelos - IPHAN)
No
dia 10.11.2005, a ferrovia foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN), e em 28.12.2006, a Portaria 108, considerou a EFMM
como Patrimônio Cultural Brasileiro.
O
IPHAN, em novembro de 2011, iniciou as obras de restauração da grande oficina
da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, que possui 5.700 m2 e 13 metros
de altura. A previsão é de que as obras estejam concluídas até 2014 quando as
locomotivas percorrerão um trecho de 8 quilômetros entre a Estação de Porto
Velho e Santo Antônio.
Universidade Federal de Rondônia (18.12.2011)
A ética é o
fundamento que orienta as pessoas para que possam ter uma vida digna e justa. A
corrupção é um mal que se estabelece nas sociedades através de pequenos vícios,
portanto não deve ser encarada como algo natural, mas sim um desvio de conduta
adquirido através de maus exemplos. Tem como fruto a miséria, a falta de saúde,
falta de educação, falta de moradia digna etc. Rondônia tem sido alvo de
pessoas inescrupulosas que utilizam o serviço público em defesa de seus
interesses pessoais. O “Movimento Unificado pela Ética e Contra a Corrupção”
espera que essa lamentável situação seja a base de uma reflexão mais profunda
sobre os efeitos maléficos da corrupção visando a banir de nosso meio a longa e
dolorosa tradição de apropriação indevida do aparato público.
(Movimento Unificado pela Ética e Contra a Corrupção)
O
Ten Thiago Teixeira Baptista nos acompanhou até as instalações da Universidade
Federal de Rondônia (UNIR).
O
número de obras paralisadas em virtude dos últimos acontecimentos é
impressionante, mas o que mais chamou atenção de nossa pequena comitiva foi a
falta de ação dos encarregados da segurança que permitiam uma grande quantidade
de pessoas perambularem, no domingo, pelas instalações sem qualquer tipo de
controle, a falta de manutenção das instalações, além do descaso com os gastos
com energia elétrica já que a maioria das salas de aula, embora vazias, estavam
com as luzes acesas e os aparelhos de ar condicionado ligados.
Curiosamente
em todas elas estava fixado um aviso para que isso não ocorresse.
No
dia 14 de setembro deste ano, professores e alunos da UNIR se uniram em
movimento grevista reivindicando melhores condições de trabalho. O Laudo de
Vistoria Técnica, de 21.10.2011, realizado pela Diretoria de Serviços Técnicos
do Corpo de Bombeiros Militares do Estado de Rondônia confirmaram as denúncias
dos grevistas: o Campus Universitário, inaugurado em 1984, não vinha sofrendo
qualquer tipo de manutenção e a deterioração ameaçava a segurança dos
profissionais e alunos da UNIR além de prejudicar as atividades de ensino.
O
Comando de Greve, mais tarde, incorporou-se ao Movimento Unificado pela Ética e
Contra a Corrupção, reivindicando o afastamento da administração anterior
envolvida em inúmeras irregularidades administrativas. Representantes do
Movimento levaram pessoalmente um dossiê de 1.500 páginas à Casa Civil da
Presidência da República onde foram informados que a administração da UNIR
contava com o apoio da base aliada do Governo Federal no Congresso e nada
poderia ser feito.
As
pressões continuaram e, finalmente, no dia 23.11.2011, o Reitor da UNIR, José
Januário de Oliveira Amaral, apresentou sua renúncia ao Ministro da Educação.
Januário argumentou que não tinha mais condições de permanecer no cargo em
virtude da série de denúncias de desvio de recursos envolvendo a Fundação Rio
Madeira – RIOMAR, que serve de apoio à UNIR. No dia 24 de outubro, a Secretaria
de Educação Superior (SESU) nomeou uma Comissão de Auditores, integrada por
representantes do MEC e da Controladoria-Geral da União (CGU), para auditar as
contas da RIOMAR e da UNIR.
Um
movimento legítimo bem diferente do que se verificou recentemente na USP, onde
riquinhos e alienados baderneiros, travestidos de estudantes, reivindicavam a
liberdade de fumar maconha no Campus Universitário.
Usina Hidrelétrica de Samuel (18.12.2011)
Nas
proximidades de Porto Velho, ao Norte a BR-364, observamos um dos extensos
diques da Hidrelétrica de Samuel. Dele avistamos o grande reservatório da
barragem que nessa oportunidade estava bastante seco. No local onde existia a
Cachoeira de Samuel no Rio Jamari, afluente do Rio Madeira, foi construída a
barragem da Hidrelétrica de Samuel, com potência instalada de 216 MW. Em
virtude do relevo pouco acentuado da bacia do Jamari, foram construídos 70 km
de diques para conter extravasamento da água represada no seu reservatório de
540 km² para os Igarapés vizinhos.
Em
1982, a construção da usina teve início e, em consequência da falta de verbas,
só foi concluída catorze anos depois. A construção da Usina Hidrelétrica de
Samuel fez surgir no lugar de uma antiga colônia de pescadores a sede do
Município de Candeias do Jamari. Os royalties proporcionados pela Usina
Hidrelétrica de Samuel favoreceram, além de Candeias do Jamari, mais três
municípios: Alto Paraíso, Cujubim e Itapuã do Oeste.
Atualmente,
90% dos 52 Municípios do Estado são beneficiados com energia desse sistema
isolado da ELETRONORTE. Rio Branco, a capital do Acre, a partir de novembro de
2002, passou a ser abastecida com a energia de Samuel e, em maio de 2006, esse
sistema foi ampliado, permitindo que a geração térmica do Acre fosse
substituída pela hidráulica, proporcionando a substituição da geração a
derivados de petróleo.
Além
de Samuel, a ELETROBRAS ELETRONORTE opera a Usina Termelétrica Rio Madeira, que
produz 90 MW. Somada à geração dos produtores independentes de energia, a
potência instalada em Rondônia é de 403 MW.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail:
hiramrsilva@gmail.com
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Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H