Segunda-feira, 20 de dezembro de 2021 - 11h15
Bagé, 20.12.202I
Comércio
do Amazonas, n° 508
Manaus, AM ‒ Sexta-feira, 14.07.1899
A
Revolução de Iquitos
Estampamos hoje em nossas colunas
a proclamação de Emilio Vizcarra, o Chefe do movimento Revolucionário de
Iquitos. O público já conhece a opinião que temos sobre este movimento, “instigado” (???) pelo Sr. Todd, Comandante da “Wilmington”. Eis a proclamação:
El Director Supremo
De La Campana
Regeneradora
A los habitantes de la
Capital
Loretana ([1])
Compatriotas:
La evolución política que he practicado à
impulsos irresistibles de la opinión pública, manifestada en todos los órganos
del pensamiento y de la aspiración nacional, donde quiera que la presión de la
tiranía del Gobierno no ha impuesto silencio por el atentado sacrílego, tiene
el objeto preciosísimo y el propósito inquebrantable de abatir y aniquilar ese
Poder absorbente e irresponsable, opuesto al espíritu literal y à la voluntad
del País que ha asumido el Jefe del Estado en su inmoderado afán de absolutismo,
sustituyendo-se despóticamente à todos los demás Poderes Políticos y
despojándolos de sus prerrogativas y de su mandato.
El movimiento nacional que dirijo, con el
concurso ciudadano, con el alma y el vigor de los pueblos, arma al brazo del
patriotismo para restablecer la democracia de nuestro organismo político,
escarnecida hipócritamente por el titulado Jefe Demócrata; para devolver su
fuerza imperativa à las leyes fundamentales de la República, violadas y
humilladas por la tiranía; para levantar sobre las intrigas y las imposiciones
de la solapada dictadura que se empeña por perpetuar su dominio, la libertad
electoral que debe constituir Gobierno y Congreso en el próximo periodo
constitucional.
La soberanía popular, la ley, la justicia
y las conveniencias legítimas de los pueblos, son los poderosos móviles
generadores de la acción pública que he desplegado con espíritu recto y
elevado, en defensa de la verdadera causa nacional que he proclamado. No es,
pues, la rebelión criminal, sino la reivindicación, benemérita do los derechos
nacionales, la regeneración política, administrativa y económica del Perú, lo
que empeña y dignifica mi ambición patriótica para asegurar la estabilidad el
engrandecimiento del país por el orden racional y la libertad.
Mi situación es perfectamente clara y bien
definida; se halla afianzada por el concurso de los buenos ciudadanos y debe
por tanto inspirar confianza à todas las clases sociales, a la industria y al
capital; porque en su desenvolvimiento no se desviará jamás de los sanos
elementos que la sustentan y la dirigen, hasta que, derrocada la tiranía que
preside el Gobierno, el voto libre de los pueblos decida de los destinos de la
Patria.
Conciudadanos:
Mi obligada presencia entre vosotros,
puramente accidental, no puede turbar vuestra tranquilidad, ni inspirar recelos
à propiedad y al trabajo, tan respetables para mí, como fuentes seguras de bien
estar y de poder para la Republica. No vengo à extorsionar ni à oprimir; porque
no necesito de estas abominaciones, porque repugnan à mi carácter y a la misión
generosa y reparadora impuesta por el patriotismo. El deber me ha traído pata
moralizar, con la prontitud que me permita las circunstancias, la
administración del Departamento y su economía, dentro de la órbita de las leyes
à, la vez, que para reunir los elementos nacionales que sean precisos pira
perfeccionar la organización da mis fuerzas.
Sobre todo, quiero dar facilidades al
entusiasmo de la juventud y à la espontaneidad de los ciudadanos de espíritu
fuerte, que, quieran ofrecer à la Patria, en esta gloriosa empresa, el
contingente de su abnegación y de sus esfuerzos; porque esta es obra pertenece
a todos los buenos peruanos.
Continuad tranquilos en vuestras pacificas
ocupaciones; confiad en las garantías que os promete la bandera regeneradora
levantada por las energías vivas y más sanas del país, dirigidas por mi
entusiasmo, por Lealtad militar para con la Patria y por mi consagración al
servicio público en cuyas labores, como os he dicho, en otra ocasión solemne, he
sabido interpretar vuestras legitimas necesidades y hasta vuestros deseos
compatibles con la ley.
Iquitos, mayo 24 de 1899.
Emilio
Vizcarra. (JCA, n° 508)
O
Apologista Cristão, n° 008
Belém, PA – Terça-feira, 01.08.1899
O Rio
Acre
Como quase todos os nossos
leitores já sabem, o Rio Acre tributário do Rio Purus tem a sua origem em
território boliviano, e desemboca em território brasileiro. Há poucos anos,
comissões das duas nações fixaram os limites e estabeleceram no Rio Acre assim
como em outras partes a linha divisória do território das duas nações de acordo
com o respectivo Tratado internacional.
Há meses o Sr. Paravicini,
representante plenipotenciário da Bolívia estabelecendo no Rio Acre em Puerto
Alonso, a distância de dois ou três quilômetros acima da linha divisória, um
Posto Aduaneiro, para arrecadação dos impostos sobre a borracha e outras rendas
bolivianas.
Tudo ia bem e de acordo com a
cortesia internacional.
Rompeu na Bolívia uma
insurreição; aproveitaram o ensejo diversas partes interessadas. Cidadãos,
autoridades estaduais do Amazonas expulsaram do território boliviano os
acreditados representantes bolivianos, e o Governo Federal brasileiro continua
agora, como nos anos passados, a arrecadar os impostos da borracha que vem
desse território confessadamente boliviano.
A visita do navio de guerra “Wilmington” da América do Norte parece
ter tido alguma relação com a expulsão das autoridades bolivianas do seu
território.
Seja o que for, ficou evidente
que alguns negociantes de New York querem arranjar borracha sem pagar tantos
direitos alfandegários; e para esse fim queriam empregar a marinha
norte-americana como “Mão de Gato”
para puxar o Rio Acre e ainda mais território do poder tanto da Bolívia como do
Brasil.
Um documento encontrado em Puerto
Alonso na ocasião da expulsão das autoridades bolivianas, fala na intervenção
armada da América do Norte para conseguir a independência desse território do
Acre e pelo Vale do Amazonas abaixo por mil milhas mais ou menos.
A
divulgação inesperada do projeto tornou tudo em fiasco; os cobiçosos
negociantes de borracha ficariam a ver navios. O Comandante do “Wilmington” foi demitido (???) do lugar, para inglês ver; e todo o homem de bem tem nojo da falta de lealdade
exibida tanto da parte da América do Norte como do Brasil e das autoridades
bolivianas.
Interesses
e não direitos se procuravam vingar nessa questão tão antipática de todos os
pontos de vista.
Os
interesse brasileiros triunfaram temporariamente contra os direitos bolivianos;
e os aventureiros americanos, coitados, ganharam apenas o que mereceram, – as
risadinhas mal escondidas do mundo politiqueiro. J.H.N. (OAC, n° 008)
Revista
Marítima Brasileira, n° 231
Rio de Janeiro, RJ ‒ janeiro a junho de
1902
Chapman
Coleman Todd
Os interesses
alienígenas não se contentariam com a simples abertura dos portos, conforme
solicitaram, passando a envolver-se com a produção de borracha, então altamente
rentável, culminando esse processo com a constituição do “Bolivian Syndicate”, que obteve a aprovação de um contrato, pelo
Congresso boliviano, a 17 de dezembro de 1901.
Outorgando a esse Sindicato,
sediado em Nova Iorque, verdadeira soberania sobre o Acre, incluindo o direito
de “equipar e manter uma força armada de
navios de guerra, para a defesa dos Rios ou a conservação da ordem interna, ou
outros objetivos, em adição à força de polícia”. A crise tornara-se aguda
no ano de 1899, ao ser publicado que o desenrolar das estranhas negociações
havia resultado em texto que, levado a Manaus, aí fora recebido a bordo da
Canhoneira “Wilmington”, da marinha “yankee”, que, sob o comando de Chapman
Coleman Todd, tê-lo-ia levado diretamente ao Presidente MacKinley.
Embora tenha sido desmentida pelo
governo norte-americano tal ocorrência, o comportamento de Todd, deixando
Manaus, sem autorização do governo brasileiro, com destino a Iquitos e
transportando a bordo da “Wilmington”
o Cônsul dos EUA, K. K. Kennedy, com suas luzes apagadas para não ser
percebida, retirava-lhe toda a credibilidade.
Segundo a imprensa, o dito cônsul
teria assinado, juntamente com José Paravicini, Ministro boliviano no Rio de
Janeiro, então em visita a Manaus, as bases de um acordo, altamente lesivo aos
interesses brasileiros, sobre a questão do Acre.
Cabe assinalar que o famoso Luiz
Galvez, criador do Estado Independente do Acre, reiterou as acusações à atuação
dessa canhoneira contra os interesses brasileiros.
A “Wilmington”, com 1.390 toneladas de deslocamento, oito canhões de
102 mm de tiro rápido, quatro de 57 mm e dois de 35 mm, era quase um cruzador,
superior a tudo que a Flotilha da Amazonas lhe poderia opor. Que estranho papel
fazia essa canhoneira, em relação a um “negócio”
em tramitação entre o governo da Bolívia e uma companhia particular? (RVM, n°
231)
Correio
da Manhã, n° 270
Rio de Janeiro, RJ – Terça-feira,
11.03.1902
Acre e
Azedo
Entre todas as nações que em
diversas épocas da história tem alargado os seus domínios, nenhuma levará a
palma aos Estados Unidos, se estabelecermos uma proporção entre o tempo
empregado em adquirir estes domínios e a vastidão deles. Esse mesmo primeiro
lugar caberá ainda à grande República Norte-Americana aí estabeleceremos outra
proporção entre a extensão territorial adquirida e as despesas, de todo o
gênero, realizadas para efetuar aquelas aquisições. Babilônia, Roma, Portugal,
Espanha e Inglaterra empregaram séculos, sem falar nas conquistas dos
imperadores Mandchu, em atingir os seus respectivos apogeus territoriais. As
despesas em homens e dinheiros, necessárias a tais conquistas, devem orçar em
algarismos fabulosos.
Os
Estados Unidos, em pouco mais de um século, elevaram a trinta vezes mais a sua
primitiva extensão territorial, empregando processos
os mais variados, mas sempre rápidos, baratos
e pouco escrupulosos, em matéria do respeito a princípios fundamentais de sua constituição.
É que nesse conjunto de
nacionalidades, fervilhando pela sua definitiva conformação étnica, tem vindo
condensar-se a prudência cautelosa dos Rhodios e Fenícios, a ambição irrequieta
dos cartagineses, o orgulho imperial dos romanos, o gênio aventureiro dos
hispano-lusitanos, o bom senso prático dos ingleses, a tenacidade pesante ([2])
dos germanos e o misticismo bíblico dos puritanos – tudo se envolve com sangue
de diversas origens que, no seu prurido de expansão ambiciosa, parecem querer
desforrar-se de passadas e seculares opressões.
e este fato, real e positivo, de
contínua e sistemática expansão territorial, é um dos característicos do povo norte-americano
nessa época, que se vai extinguindo, em que o respeito mais hipócrita do que
real, pela sua Constituição fundamental, era um dos princípios intangíveis da
política dos seus governantes, ‒ pode-se avaliar as surpresas que o futuro nos
reserva quando as brilhanturas sedutoras do Imperialismo relegarem ao
esquecimento aquela originária, timorata e pudica Constituição que repelia os
processos de conquista.
E, pela mesma
forma que o romano, orgulhoso de si mesmo, pretendia felicitar suas conquistas
outorgando-lhes o privilégio honroso de sua cidadania e impondo-lhes o seu
direito; pela mesma maneira que os endeusados hispano-lusitanos, com a sua
centralização de todas as iniciativas, acreditavam no seu papel de redentores
dos povos a eles submetidos congregando-os em torno da cruz consoladora.
Pelas mesmas razões que os britânicos egoístas têm acreditado na supremacia da sua raça, no seu
direito do suprimir pela seleção as raças
menos fortes e dominando os mares sob pretexto
de equilíbrios pacíficos sempre instáveis; quererão por sua vez os “yankees”, empreendedores e de irrequieta
atividade, sintetizar todas aquelas tendências, impondo-nos a “felicidade” do seu direito e cidadania,
de suas crenças, idioma e centralismo, de sua chefia de raça seleta, de seus
princípios utilitários, do seu capitalismo e dos seus hábitos de produção a
todo transe. E pretenderão seduzir-nos como outrora os navegadores faziam entre
os indígenas com as suas bugigangas, fazendo-nos admirar a engenhosidade dos
seus mecanismos cada vez mais aperfeiçoados e de tendências mais nulificadoras
do vigor humano, e levarão muito a mal que não nos consideremos honradíssimos
com as provas do seu interesse por nós, nessa nova cruzada de redenção
civilizadora, a gosto de mecanismos.
Em definitivo, chegaremos a
contemplar mais uma daquelas gigantescas estátuas feitas dos mais ricos metais,
de rija ossatura férrea, reforçada com os arcabouços de aço o mais puro, como convêm
enfim aos representantes desta época de altos-fornos, de possantes laminadoras
e de dominadores de fluídos, mas verdadeiro boneco no fim das contas, com
frágeis pés de barro como as passadas, presentes e futuras encarnações
escultóricas dos eternos fugitivos de Babel.
Depois que isto se der, nada
impedirá o curso natural e confiado dos acontecimentos. E que esses
acontecimentos se precipitam, o está demonstrando o arrendamento, em pleno
coração da América do Sul, do imenso Território do Acre, portentoso torrão de
inexaurível riqueza, na frase de alguém que lá esteve e lá foi alguma coisa;
que vai ser o apanágio de poderosa empresa “anglo-yankee”,
semelhante às “chartered-company” que
tem infelicitado a África, verdadeiras companhias semelhantes àquelas tão
famigeradas que desolaram a França medieval e às quais não faltam chefes do
baraço ([3])
e cutelo, à maneira dos Cecil Rhodes ([4]).
Este nome que
acode à minha memória lembra-me até que já a América Latina teve em tempos a
pouco invejável ventura de atrair os olhares deste Torquemada ([5])
à moderna, que soube achar na imprensa o símil ([6])
dos processos inquisitórios, nos atos dos governos um remedo de sentenças
inapeláveis e na “melinita” ([7]),
na “pícrica” ([8])
e na “panclastite” ([9])
o método aperfeiçoado de supressão herética pelo fogo. Foi com efeito esse
famigerado Cecil Rhodes quem não há muito acenou aos “yankees” com o domínio do resto da América.
É verdade
que, disfarçando-se com a batina, que alguns criticam em Loyola, teve ele a gentileza
de explicar-nos pouco depois e em vista do eco de suas palavras nas repúblicas
latino-americanas, que esse “domínio”,
a que fizera referência, era apenas o “espiritual”,
pela propaganda desinteressada das ideias democráticas, que tem felicidade os Estados
Unidos – Loyola-Rhodes fez reserva mental! Não foi por certo com reservas que
falou, não há muitos anos, num banquete, o Sr. Evarts ([10]),
conhecido estadista “yankee” e antigo
Secretário de Estado.
Antes, pelo contrário, alegre, e
bem disposto depois de um excelente jantar na moda dos patrícios romanos da
decadência, e no qual o famoso “Delmonico’s
de New York” ([11])
talvez apimentasse demais a sua cozinha, aquele “profissional wits” ([12])
comparando a América do Sul com um saboroso presunto, pela sua configuração
geográfica, exclamou entre os sorrisos amarelos dos mexicanos presentes:
A Doutrina Monroe é, por certo, uma
coisa boa, mas, como todas as coisas boas e velhas, precisa ser reformulada.
Essa doutrina se resume em uma frase ‒ “A
América para os americanos”; ora, eu proporia com prazer, um aditamento
para os americanos, sim senhor, mas entendamo-nos para os americanos do Norte.
Começamos pelo nosso caro vizinho o México, do que já comemos um bocado em
1848. Por que não mastigaremos o restante? A América Central virá depois
abrindo o apetite para quando chegar a vez da América do Sul.
Faço graças aos leitores do resto
da comida imaginativa, do Sr. Evarts, espécie de Gargantua ([13])
político, cuja extremada educação foi até relembrar aos mexicanos, presentes ao
banquete, que naquela bandeira “yankee”,
cujas dobras cobriam uma das paredes da sala, jaziam em cativeiro prateadas
estrelas que foram mexicanas e espanholas. Dando o desconto conveniente às
palavras do ilustre político, a que acabo de referir-me e que benevolamente
pedem ser atribuídas a excessos espirituosos de mesa, lembrarei ao mesmo tempo
outras palavras mais sossegadas, se bem que não menos explícitas. Refiro-me às
que, em agosto do 1898, foram pronunciadas pelo Senador Morgan:
Demasiado tempo – disse – temos
estado na obscuridade! Queremos realizar os grandes objetivos de uma raça nova
e vigorosa, que, dotada por modo singular para todo gênero de empresas, apenas
carece de ocasião para levar muito longe as suas energias. Não vacilaremos nem
teremos um momento de descanso no nosso empenho de possuir um grande exército e
uma marinha invencíveis.
O Senador esquecia Philippe II e
a “Invencível Armada” destruída pelos
elementos que aquele monarca espanhol “não
se propunha a combater”. E, continuava o homônimo do criador dos Trusts ([14]):
Dentro
de dez anos seremos senhores de uma armada superior à britânica. Sobra-nos
dinheiro e podemos construir os navios em arsenais, com operários e material
norte-americanos. Aspiramos a ser o núcleo de um imenso Estado [com E], em que
se achem unidos o México, a Argentina, o Uruguai e todas as outras repúblicas
da América. Queremos que do Norte ao Sul se estenda o poderio da nossa bandeira
semeada de estrelas.
Mais claro do que isto só vejo a
água da fonte cristalina, em que admira eternamente sua própria beleza o
Narciso latino-americano!
Aos que me acusarem de brincar
aqui com ilusórios fantasmas, lembrarei aquela canhoneira “Wilmington” que, à maneira de fantástica nave, apenas percebida entre
as brumas noturnas do Amazonas, burlou a vigilância das autoridades
brasileiras, estudou à vontade o curso do grande Rio “para o que vai bem aparelhada”, na frase do “Army and Navy Journal” e do acordo com “as ordens secretas que leva” e que incluíam as de estudar “todos os Rios navegáveis por vasos de fundo
chato, como a Wilmington”, sempre na frase do referido Jornal e... na volta
desculpou-se da visita!
Dois
anos depois é arrendado o Acre a um
sindicato “anglo-yankee”, com a condição expressa de
fortificá-lo e talvez de construir cais de fácil atracação às “Wilmington” de fundos chatos.
Não são as
frases “yankees”, palavras vis de
empolado orador de origem latina sobraçando tabuletas demostenianas de cera por
toda bagagem! Naquele país o fato acompanha paralelamente a palavra, quando não
a precede. Quando os Estados-Unidos assinaram a paz com a Inglaterra e
conseguiram o reconhecimento de sua independência, seu território era de
830.000 milhas quadradas.
Depois da compra do território do
Alasca, ao Império Russo, essa superfície atingiu a 3.588.576 milhas.
Posteriormente, Porto Rico acresceu esse algarismo com 9.314 km; Filipinas com
296.182 e Havaí – 16.946. Não seria descabido acrescentar ainda a extensão
superficial de Cuba, visto como a falada “Independência”
da ilha não passa da mais cruel das ilusões, como terei ocasião de salientar
oportunamente. Em suma, os E.U.A. estendem hoje seu domínio sobre 9.534.742 km2,
dos quais 322.442 nas suas colônias, sem contar Cuba, cuja externa, superficial
é de 17.000 km. Se olharmos para o resto da América e não nos lembrarmos das
províncias mexicanas, arrancadas do poderio latino na América, e tampouco da
situação de Cuba muito menos independente do que o Canadá, veremos o domínio
disfarçado com o título de “controle”,
em ambas margens do projetado canal de Nicarágua, exercido pelos Estados
Unidos.
O
arrendamento pelo prazo de duzentos anos e o mesmo controle, em ambas as
margens projetado canal do Panamá, mediante 1.500.000 dólares anuais pagos ao governo
da Colômbia; compra das Antilhas Dinamarquesas e domínio absoluto no mar das
Antilhas; hegemonia sobre Haiti e S. Domingos, repúblicas há muito visadas pela
cobiça “yankee”. Anulação da
Venezuela, como nação autônoma e apesar de todos os Monroes terrestres e
celestes, no Tratado “anglo-yankee”
relativos à delimitação da fronteira entre Venezuela e a Guiana Inglesa; da
mesma forma que Nicarágua pelo Tratado “Hay-Pauncefaute”;
enfim implantação de uma cidadela “yankee”
em pleno território litigioso da América do Sul, tendo como cabo desta espécie
de panela, em que vai ser cozido o tal presunto do Evarts: o Rio brasileiro do
Amazonas. Dizem que, quando o leão faz ouvir sua voz possante, silenciam todos
os outros seres nas redondezas. E que silêncio absoluto o desta América Latina!
É verdade que o famoso Secretário Hay, uma espécie de poeta da política “yankee” disse há pouco que:
os
Estados-Unidos tem tanta pretensão, a território, na América Latina como os
teriam na Lua!
Adolfo
Morales de los Rios ([15])
(CDM, n° 270)
Bibliografia
CDM, n° 270. Acre e Azedo – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Correio da Manhã, n°
270, 11.03.1902.
JCA, n° 508. A Revolução de Iquitos – Brasil – Manaus, AM – Comércio do
Amazonas, n° 508, 14.07.1899.
OAC, n° 008. O Rio Acre – Brasil – Belém, PA – O Apologista Cristão, n° 008,
01.08.1899.
RVM, n° 231. Chapman Todd – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Revista Marítima
Brasileira, Volume 12, n° 231, janeiro a junho de 1992.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Loretana: região
do Peru cuja capital é a cidade de Iquitos.
[2] Pesante:
amargurada.
[3] Baraço: laço
antigamente empregado para enforcar os condenados.
[4] Cecil John
Rhodes (1853-1902): político inglês, ideólogo do imperialismo e do
colonialismo. Organizou a anexação pelos ingleses de um extenso território na
África do Sul e deu início à guerra anglo-bóer.
[5] Tomás de
Torquemada: o Grande Inquisidor dos reinos de Castela e Aragão no século XV.
[6] Símil:
semelhante.
[7] Melinita:
explosivo feito com ácido pícrico, de carga poderosíssima.
[8] Pícrica: ácido
pícrico, composto altamente explosivo.
[9] Panclastite:
explosivo líquido formado de peróxido de azoto e de um líquido combustível.
[10] William Maxwell
Evarts: 27° Secretário de Estado dos Estados Unidos (12.03.1877 a 07.03.1881)
[11] Delmonico’s de
Nova York: considerado um dos melhores restaurantes do país, nos séculos XIX e
XX, gerenciado pela família Delmonico.
[12] Profissional
wits: inteligente profissional.
[13] Gargantua:
glutão.
[14] Trusts (ou
truste): fusão de várias empresas com o objetivo de monopolizar determinada
oferta de produtos e/ou serviços. William Huntington Russell, em 1856, incorporou
a Skull and Bones com a denominação de Trust Russell, e, mais tarde, Russell
Trust Association.
[15] Adolfo Morales
de los Rios: Engenheiro-arquiteto, foi Presidente do Conselho Federal de
Engenharia e Arquitetura e Professor da Escola Nacional de Belas Artes.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H