Terça-feira, 21 de setembro de 2021 - 06h00
Bagé, 21.09.2021
Isto
É, n° 1.731 – São Paulo, SP
Quinta-feira, 05.12.2002
Lá
Está a Riqueza que os Estrangeiros e os Políticos Querem Tirar do meu Povo.
Tudo o que Saiu é Pouco. Os Garimpeiros Estão Somente Arranhando a Rocha Maior
[Kimberlito], Abaixo do Igarapé, onde está o Grosso Do Diamante. [Tataré
Cinta-Larga]
Os kimberlitos são a mais importante fonte de diamantes e sua existência
só foi comprovada nos idos de 1866. Kimberlito é uma homenagem a Kimberly, na
África do Sul, onde a existência destas miraculosas chaminés foi comprovada
pela primeira vez. A maioria dos diamantes que encontramos hoje formaram-se há
milhões de anos quando violentas erupções de magma trouxeram-nos até a
superfície através das chaminés de kimberlito.
Estas chaminés foram criadas à medida que o magma emergia desde as mais
profundas fissuras da Terra empurrando os diamantes e outros minerais para a
superfície da crosta terrestre. Após o magma esfriar ele deixava atrás de si as
características veias cônicas da rocha de kimberlito.
Embora alguns de nossos mais ilustres magistrados manifestem-se
contrários à exploração mineral nas TI os caciques Cinta-Larga continuam
zombando da Lei e gerindo suas terras como se não fizessem parte de nosso País.
A prepotência se deve simplesmente à ausência de medidas coercitivas que
os atinjam. A criminosa impunidade no assassinato de mais de uma centena de
garimpeiros, a ingerência até mesmo em terras que não lhes pertencem, os “contratos”
permitindo o garimpo e a exploração madeireira, sem
qualquer controle estatal, atentam contra
tudo e contra todos.
A perpetuar-se este cenário estaremos permitindo que os nefastos caciques
Cinta-Larga transformem, progressivamente, Rondônia numa terra sem lei. (ISTO
É, n° 1.731)
Correio Braziliense, n° 14.950 – Brasília, DF
Sexta-feira, 23.04.2004
Massacre no
Garimpo foi Aviso, diz Cacique
Os principais líderes da tribo cinta-larga, da reserva Rooseevelt, em
Espigão D’Oeste, Rondônia, assumiram ter assassinado os 29 garimpeiros que
buscavam diamantes na terra indígena. Eles afirmaram que o massacre foi “um aviso” do que pode ocorrer na área.
Segundo confirmou o cacique Pio Cinta-Larga, as mortes aconteceram pelo fato de
os mineradores não terem obedecido à ordem de não entrar na reserva. “Isso foi um ‘aviso’, porque os guerreiros
estão cansados de tirar o pessoal do garimpo proibido”, disse Pio, em
entrevista. “Os garimpeiros ficam
teimando”.
O cacique defendeu a liberação do garimpo apenas para os índios, mas ele
próprio e outros três líderes da tribo estão sendo processados por formação de
quadrilha e extração ilegal de minério. Os índios confirmaram o que a Polícia
Federal [PF] já sabia, mas não descreveram como ocorreram as mortes. Os 29
mortos estavam entre os mais de cem mineradores que extraíam ilegalmente
diamantes na área chamada Grota do Sossego. “Nós não queremos que eles invadam mais. O pessoal entra na área sabendo
que é proibido”, afirma o cacique, um dos principais líderes da Roosevelt.
Depoimento
Pio Cinta-Larga será um dos índios que a PF irá chamar para depor,
provavelmente depois de sobreviventes serem ouvidos na próxima semana. “Antes, é necessário acabar com o clima de
tensão. A seguir, será iniciada a fase de depoimentos”, afirma o Delegado
Federal Mauro Spósito, Coordenador-geral de operações especiais de fronteira da
PF e responsável pelas investigações. O cacique cinta-larga responde a quatro
processos na Justiça Federal de Rondônia e já foi indiciado em inquéritos na PF
nos quais é acusado de ligação com o empresário Marcos Glikas, preso em Porto
Velho por contrabando de diamantes.
No inquérito, Pio e os caciques Raimundo, Oita e João Bravo são citados
como responsáveis pelas transações com o empresário, que seria o líder de uma
grande organização no País.
Outro cacique, Dirceu Cinta-Larga, afirmou que a Fundação Nacional do
índio [FUNAI] não tem culpa pelas mortes de garimpeiros na Roosevelt “A FUNAI não tem culpa, pois foram os
próprios índios que fizeram esse serviço [as mortes]” disse.
Hostilidade
O coordenador da Força-Tarefa do governo na região, Walter Blós, acredita
que os índios foram provocados antes de matar os mineradores. Ontem, dez dos 29
corpos dos garimpeiros assassinados na Semana Santa foram liberados no Instituto
Médico Legal. Os exames comprovaram que eles foram mortos por tiros.
Os demais corpos deverão ser reconhecidos por exames de DNA, segundo o
IML Na região do garimpo Roosevelt, cerca de 400 homens da PF, PM e outros
órgãos federais e estaduais continuam fazendo barreiras para evitar a entrada e
saída das Terras Indígenas.
O governo quer legalizar a exploração de garimpo de diamantes na reserva
Roosevelt, mas o assunto não é consenso entre os Ministérios. Desde o início de
2003, o governo faz debates sobre a regulamentação da exploração de minérios em
terras indígenas. Pela Constituição, os recursos naturais do subsolo
brasileiro, incluindo minérios, são patrimônio da União e só podem ser
explorados mediante concessão pública. (CB, N° 14.950)
Correio Braziliense, n° 14.951 – Brasília, DF
Sábado, 24.04.2004
Diamantes por
Armas
Três líderes cintas-largas ‒ Nacoça Pio, Oita e João Bravo ‒ são acusados
de vender diamantes extraídos da reserva Roosevelt, em Rondônia, em troca de
armas, como revólveres, pistolas e rifles.
A negociação teria sido feita com o empresário Marcos Glikas, preso em
março. Segundo o processo criminal a que eles respondem, o empresário chegou a
investir RS 1,27 milhão nas aldeias, antes mesmo de receber as pedras.
Apenas numa das transações, teriam sido negociados 2 mil quilates de
diamantes. “Há indícios claros de que
parte dos diamantes foi paga com amas de fogo”, afirmou o delegado Marcos
Aurélio Moura, Superintendente da Polícia Federal em Rondônia. Segundo o processo,
sob sigilo judicial, foram os próprios índios que solicitaram as armas.
Enterro Coletivo
Ontem, oito dos 29 garimpeiros assassinados por cinta-largas dentro da
reserva foram enterrados numa cerimônia coletiva, em uma mesma cova no
cemitério de Espigão d’Oeste, a 534 km de Porto Velho.
Na cidade vizinha de Pimenta Bueno ocorreu um enterro. Outro corpo foi
levado para Mato Grosso. Cerca de 300 pessoas, segundo a Polícia Militar,
assistiram ao velório.
Em mais uma denúncia contra os Cinta-larga, o Sindicato dos Garimpeiros
de Espigão d’Oeste informou que 20 homens são mantidos reféns na aldeia
indígena Roosevelt.
A FUNAI em Rondônia negou a denúncia, mas segundo o presidente do
sindicato, Gilton Muniz, os garimpeiros feitos reféns são obrigados a trabalhar
para os índios, operando máquinas usadas na extração de diamantes durante a
noite. De dia ficam amarrados e vigiados. (CB, N° 14.951)
Jornal do Commercio, n° 170 – Rio, RJ
Segunda-feira, 26.04.2004
RONDÔNIA
Chefes Cintas-Largas
são Acusados de Contrabando
[...] O contato de Glikas com os índios era intermediado, segundo a PF
por José Nazareno Torres de Moraes, servidor da Fundação Nacional do índio
[FUNAI] na cidade de Cacoal [R0].
Segundo as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público
Federal, Moraes tinha um contato próximo com os líderes tribais devido ao seu
trabalho indigenista. Além de porcentagem sobre a venda de diamantes, Moraes
receberia um caminhão para facilitar a entrada de máquinas na reserva, mas a
encomenda foi interceptada pela PF no início deste ano.
De acordo com um integrante da quadrilha que passou a colaborar com os
investigadores da polícia, antes da compra de diamantes, Glikas enviou R$ 390
mil ao chefe Pio, R$ 180 mil a Oita e R$ 700 mil a João Bravo, totalizando R$
1,27 milhão. A testemunha confirmou à PF ao menos quatro compras de pedras, nos
valores de R$ 205 mil, R$ 260 mil, R$ 220 mil e R$ 160 mil.
O dinheiro era gasto pelos índios na compra de caminhonetes, relógios,
roupas de grife e bebidas. Nas visitas à cidade de Espigão d’Oeste, cada líder
indígena também levava presentes para suas mulheres. (JC, N° 170)
Correio Braziliense, n° 14.958 – Brasília, DF
Sábado, 01.05.2004
Risco de Tensão no
Pará
[...] Em Rondônia, a Polícia Federal ainda não conseguiu chegar à Grota
do Sossego, na reserva Roosevelt, onde 29 garimpeiros foram mortos na Semana
Santa. O sindicalista Celso Fantim, do Sindicato dos Garimpeiros de Espigão
d’Oeste, garantiu à PF que há ainda pelo menos 14 homens desaparecidos na
reserva.
OPERAÇÃO PENTE FINO
A Polícia Federal fará uma operação pente-fino para retirar garimpeiros
da Reserva Roosevelt, em Rondônia. Há 20 dias, um confronto entre índios e
garimpeiros deixou 29 mortos na Reserva.
O Superintendente da Polícia Federal em Rondônia, Marco Aurélio Moura,
anunciou que a partir de segunda-feira será reforçado o efetivo de agentes na
área. Atualmente cerca de 60 policias atuam na área, com extensão calculada de
2,7 milhões de hectares. Na próxima terça-feira o Procurador Federal Daniel
Farah e o Delegado Federal Mauro Spósito irão a uma das aldeias da Reserva.
De acordo com a FUNAI o objetivo é sensibilizar os guerreiros a seguirem
as orientações da Fundação e da PF no sentido de evitar confrontos com
garimpeiros e suspender as atividades de garimpagem, concentradas em três
grotas espalhadas pela Reserva. A PF diz não ter uma lista oficial de
garimpeiros desaparecidos.
“Como era um garimpo clandestino,
quem tem coragem entra. Não existe essa lista oficial”, afirmou François
René, assessor de imprensa da Polícia Federal. Segundo caciques Cinta-Larga,
outro grupo de mineradores está fazendo a extração ilegal de diamantes no
local. O Delegado Federal Mauro Spósito, coordenador de operações especiais de
fronteira, se reuniu ontem com os líderes indígenas Nacoça Pio, João Bravo e
Panderê Cinta-Larga para reforçar a proibição de extração de diamantes, seja
por índios ou brancos.
Na próxima semana, Spósito e funcionários da FUNAI entrarão em diversas
aldeias para tentar acabar com o clima de tensão, que aumentou após o
surgimento da informação sobre a presença de garimpeiros na Grota do Sossego. A
PF teme que os mineradores estejam armados e possa haver novas mortes.
Envolvimento
Está em investigação a participação do superintendente da Fundação
Nacional do índio [FUNAI] em Rondônia, Valter Glóss, na extração ilegal de
diamantes e na morte dos garimpeiros na Reserva Indígena Rooseevelt. O nome de
Glóss foi citado em alguns dos mais de cem depoimentos tomados no estado pelo
superintendente da PF, Márcio Mauro, depois que os Cinta-Larga mataram os
garimpeiros. Segundo o diretor-geral da PF Paulo Lacerda, não está descartada a
participação de narcotraficantes entre os responsáveis por dar suporte
econômico ao garimpo na região. (CB, N°
14.958)
Bibliografia
CB, N° 14.950. Massacre no Garimpo foi Aviso, diz Cacique
– Brasil – Brasília, DF – Correio Braziliense, n° 14.950, 23.04.2004.
CB, N° 14.951. Diamantes por Armas – Brasil – Brasília,
DF – Correio Braziliense, n° 14.951, 24.04.2004.
CB, N° 14.958. Risco de Tensão no Pará – Brasil –
Brasília, DF – Correio Braziliense, n° 14.958, 01.05.2004.
ISTO É, N° 1.731. Lá Está a Riqueza que os Estrangeiros e os
Políticos Querem Tirar do meu Povo... – Brasil – São Paulo, SP – Isto É, n°
1.731, 05.12.2002.
JC, N° 170. Chefes Cintas‒Largas são Acusados de Contrabando – Brasil – Rio de
Janeiro, RJ – Jornal do Commercio, n° 170, 26.04.2004.
Filmete
https://www.youtube.com/watch?v=tYkH5YO38IQ&list=UU49F5L3_hKG3sQKok5SYEeA&index=40
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da Academia
Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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