Quinta-feira, 23 de setembro de 2021 - 06h00
Bagé, 23.09.2021
Correio Braziliense, n° 16.017 – Brasília, DF
Segunda-feira, 26.03.2007
“Nosso Objetivo é que os Índios Utilizem bem
os Recursos Minerais e que as Comunidades Usufruam da Riqueza Extraída do
Subsolo”
[Carlos Nogueira da Costa Júnior, subsecretário de
Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia]
MINERAÇÃO
Empresas e etnias terão que participar de leilões para explorar o
cobiçado subsolo das terras indígenas. Governo quer regulamentar atividade para
evitar novos conflitos, como os ocorridos em 2004, em Rondônia
ORDEM
NO GARIMPO
[Clarissa lima
da Equipe do Correio]
T |
rês anos após o assassinato de 29 garimpeiros na Reserva Roosevelt, em
Espigão do Oeste, a 543 km de Porto Velho [RO], o governo se prepara para
enviar ao Congresso Nacional, até o final do semestre, um projeto de lei
autorizando a mineração em terras indígenas.
O massacre dos garimpeiros revelou o lado mais sangrento da disputa pela
riqueza no subsolo das terras indígenas Eles foram torturados e mortos por
índios cintas-larga descontentes com a atuação dos brancos na exploração de diamante.
Hoje, apesar da chacina, cerca de 60 não-índios continuam trabalhando em
Roosevelt.
A demora na liberação da atividade mineral em terra indígena rendeu ao
governo brasileiro esta semana, um “puxão
de orelhas” da Organização das Nações Unidas [ONU]. O relator especial da
ONU para defesa dos povos indígenas, Rodolfo Stavenhagen, disse que o governo
não consegue impedir a invasão das reservas por garimpeiros. Enquanto a
regulamentação não é aprovada, garimpeiros e índios trabalham na Ilegalidade, sem
proteção nem segurança.
Além da proposta a ser enviada ao Congresso, o governo discute a criação
de uma lavra garimpeira indígena. Seria uma saída mais rápida para o problema,
por meio de autorização especifica para as próprias etnias explorarem suas reservas.
O aval seria dado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral [DNPM]. “É um Instrumento para dar legalidade,
enquanto o projeto é discutido no Congresso, e para evitar que estas áreas
continuem sendo terra de ninguém”, justifica Walter Arcoverde, diretor de
fiscalização do DNPM.
O esboço do projeto de lei, a que o Correio teve acesso, prevê regras
rígidas para quem estiver disposto a explorar os milhões de hectares de
reservas indígenas, que correspondem a 12% do território nacional. A partir deste
documento, o governo vai iniciar debates com as lideranças indígenas e
empresariais para tentar um consenso em torno da proposta, antes de enviá-la ao
Congresso.
O
QUE PREVÊ A PROPOSTA
O projeto de lei que será apresentado ao Congresso pelo Executivo
estabelece regras duras para a mineração em terra indígena. A principal
novidade é o leilão para exploração da área. Confira como será o processo:
² Qualquer empresa, associação ou o próprio
Executivo pode iniciar o processo para receber a autorização para explorar área
indígena;
² Após o pedido, o Departamento Nacional de
Produção Mineral [DNPM] elabora um laudo técnico com o levantamento das
potencialidades do local;
² Se o parecer for positivo o processo segue para
a FUNAI, onde é feito laudo antropológico. Se a área for de Segurança Nacional,
como as fronteiras, é preciso ainda a autorização do Conselho de Defesa
Nacional;
²A partir deste
aval, o Executivo envia o pedido para votação do Congresso;
²Em seguida, é feito
o leilão, o vencedor só poderá explorar o minério que foi autorizado. Ou seja,
quem pedir para retirar calcário não pode explorar diamante. Terá ainda que
obter as licenças ambientais Junto ao IBAMA.
²O mínimo de 3% do
rendimento bruto com exploração será repassado aos índios da localidade, além
do pagamento pelo uso da área, entre R$ 2 a R$ 4 por hectare;
²É permitido o
extrativismo indígena, ou seja, a retirada artesanal de minério pelas
comunidades, em uma área de, no máximo 100 hectares. Neste caso os índios não
precisam de autorização do Congresso nem de licitação.
REGRAS
DURAS
A proposta estabelece um longo trâmite burocrático. A disputa pelo
terreno será feita por leilão, após o aval de órgãos federais ligados ao tema,
como a FUNAI e o Ministério de Minas e Energia [MME], e a aprovação do
Congresso Nacional.
Se um dos órgãos vetar, o pedido é engavetado, antes mesmo de chegar aos
parlamentares. O leilão seguirá regras parecidas com as adotadas para a
exploração de petróleo e gás natural, onde ganha quem fizer a melhor oferta.
Os índios poderão disputar o leilão, sozinhos ou associados com empresas
privadas. Mesmo que não explorem, receberão um percentual mínimo de 3% do
rendimento bruto arrecadado na exploração uma espécie royalties. “Nosso objetivo é que os índios utilizem bem
os recursos minerais e que as comunidades usufruam da riqueza extraída do
subsolo”, explica Carlos Nogueira da Costa Júnior, subsecretário de
Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia
[MME]. Estas regras subvertem a legislação mineral. Atualmente, a concessão de
direito para atividade de exploração segue o critério da antiguidade. Ganha o
direito de explorar quem primeiro tiver feito o pedido no DNPM. Com o leilão,
essa lista de pedidos será extinta e a disputa, zerada.
Quem ganhar o leilão, só poderá explorar o mineral estabelecido no edital
e por um tempo determinado, ao contrário do que ocorre em outras áreas onde a
autorização não tem prazo para expirar. O governo quer evitar que uma empresa
peça licença para extrair um produto de baixo valor e, na prática, passe a
retirar uma pedra preciosa, por exemplo.
Para a indústria mineral, o endurecimento das regras pode afastar os
investidores. Hoje, o intervalo entre o início da pesquisa do subsolo e a extração
do mineral é de 10 anos. “Se dificultar
mais, iremos limitar este tipo de atividade a um modelo arcaico, que não traz
lucro para o país nem para os índios”, pondera Paulo Camillo Penna,
Presidente do Instituto Brasileiro de Mineração [IBRAM], que reúne as maiores
indústrias do país.
Os empresários, até agora, não tiveram acesso ao projeta. E reclamam da
falta de diálogo, especialmente com o Ministério da Justiça. “Este assunto está fechado em copas”, diz
Camillo Penna.
Entre os índios não há consenso sobre o projeto. Apesar de também terem
poucas informações sobre a proposta, eles defendem que o tema seja Incluído no
Estatuto dos Povos Indígenas, que patina há 13 anos no Congresso. As
comunidades com rico potencial de minério são as que defendem a rápida
liberação da exploração.
EXTRATIVISMO
Uma vitória das comunidades indígenas nestes três anos de debates foi a
liberação para que possam realizar o extrativismo mineral, ou seja, a
exploração de forma artesanal. Os índios estarão livres da burocracia da
licitação, mas terão que cumprir as mesmas regras hoje adotadas para os
garimpeiros em atividade de baixa escala de produção.
A justificativa é de que muitas comunidades retiram minerais – argila,
por exemplo – do seu território para o próprio sustento. Mas o projeto também
libera que os índios possam retirar diamantes. A área máxima permitida é de 100
hectares.
Na prática, o governo vai estar legalizando o que já acontece em regiões
ricas em minerais preciosos, como a reserva de Roosevelt e a dos Ianomâmis.
A autorização para a exploração artesanal será precedida de uma avaliação
do DNPM, que vai verificar o potencial da área e determinar o prazo em que os
índios poderão manter o trabalho. O minério retirado poderá ser vendido, e a
renda revertida para os índios.
UM
FORTUNA INCALCULÁVEL
Os 12% do território nacional que pertencem aos índios escondem um
tesouro ainda incalculável. Por serem reservas, as áreas nunca foram alvo de
estudos geológicos que comprovassem quais tipos de minérios escondem e em qual
quantidade. O que se tem hoje são projeções de que existam riquezas a partir do
tipo de rochas encontradas em áreas vizinhas. “Os conflitos mostram que há um
grande potencial”, afirma Paulo Camillo Penna, Presidente do Instituto
Brasileiro de Mineração [IBRAM].
Na reserva Roosevelt, em uma área de 2,7 milhões de hectares, quase o
tamanho da Bélgica, pode estar urna das maiores minas de diamante do mundo. Uma
fortuna que alguns arriscam ser da ordem de US$ 3,5 bilhões. Em 2004, logo após
o massacre de 29 garimpeiros, o governo federal autorizou a venda do diamante
retirado ilegalmente na área. Foi montado um posto da Caixa Econômica Federal
[CEE] na reserva para recolher as pedras. E o resultado surpreendeu os
técnicos.
Os índios arrecadaram R$ 700 mil com a venda do minério que tem qualidade
comparável aos retirados na África, considerados os melhores do mundo. Apesar
do desconhecimento sobre as potencialidades geológicas, o que não faltam são
interessados no subsolo ocupado pelos índios. Até os anos 90, o Departamento
Nacional de Produção Mineral [DNPM] já tinha catalogado 5.970 pedidos de
empresas para explorar as reservas. Pouco mais de 70% são para retirar ouro e
diamante, minerais ricos no norte da Amazônia. Nesta disputa estão gigantes
como a Companhia Vale do Rio Doce.
Além de Roosevelt, outras áreas que atraem grande Interesse da iniciativa
privada são a Reserva Ianomâmi, com mais de 700 pedidos de pesquisa já
protocolados, e as regiões do Alto Rio Negro [AM], Mundurucu [PA, AM e MT] e
Baú [PA]. Todas ficam na Amazônia Legal. Em Roraima, a existência de ouro e de
diamante na reserva da Raposa e Serra do Sol transforma a região em outro foco
de conflito entre garimpeiros e índios. A liberação da mineração nas reservas
indígenas vai permitir que, pela primeira vez, se façam estudos geológicos
nestas regiões. Hoje, os técnicos do DNPM são proibidos de entrar ou sobrevoar
estas áreas. [CL] (CB, N° 16.017)
Certamente
é mais uma Lei que não está nem será cumprida, parece-me que teríamos de
começar encarcerando as autoridades do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM) que autorizaram este tipo de pesquisa e lavra e disponibilizar
maiores efetivos e recursos materiais à Polícia Federal.
24 Horas News – Cuiabá, MT
Terça-feira, 15.07.2014
Extração
de Diamantes em Terra Indígena em MT Atrai Conflitos e Mortes, Ladrões,
Prostitutas e Contrabandistas.
A partir de agora, devem ser cancelados os requerimentos para realização
de pesquisa mineral em Terras Indígenas da comunidade Cinta-Larga e no seu
entorno, conforme decisão obtida pelo Ministério Público Federal [MPF] junto ao
Tribunal Regional Federal da 1ª Região [TRF1]. No dia 01.07.2014, o Superior
Tribunal de Justiça concedeu liminar para retirar efeito suspensivo que impedia
a decisão do TRF1 de ser cumprida. Desde a ação civil pública em primeira
instância, o MPF demonstrou que as pesquisas e lavras autorizadas pelo
Departamento Nacional de Produção Mineral [DNPM] no interior da Terra Indígena
têm servido para aumentar a criminalidade na área.
Relatório da Polícia Federal [PF] citado nas peças do MPF assinala os
conflitos gerados entre garimpeiros, mineradores e indígenas por causa da
comercialização ilícita de diamantes extraídos nas terras ocupadas pelos índios
Cinta-Larga, com produção avaliada em torno de US$ 20 milhões mensais.
Segundo apuração da PF em Rondônia, a vida dos contrabandistas tem sido
facilitada pela concessão de licenças de pesquisas minerais próximas às áreas
indígenas pelo DNPM e “a presença de
mineradoras nas áreas circunvizinhas às Terras Indígenas fomenta o contrabando
e o crime organizado que atua contrariamente aos interesses indígenas”. A
Área Indígena dos Cinta-Larga possui um raro kimberlito – rocha vulcânica onde
é encontrado o diamante – que, segundo estudo da Companhia de Pesquisa e
Recursos Minerais, órgão do Ministério das Minas e Energia, é único no país,
podendo gerar uma mina industrial de diamante de gema com capacidade para
produzir, no mínimo, um milhão de quilates de pedras preciosas por ano. Além
disso, a exploração atrai ladrões de pedras, prostitutas e traficantes para a
região.
Já provocou a morte de pelo menos cem
garimpeiros, índios e contrabandistas nos últimos dois anos, e é
responsável por sérios danos ambientais, tais como o assoreamento do Rio
Roosevelt. [...] (24HN, 15.07.2014)
Bibliografia
24HN, 15.07.2014. Extração de Diamantes em Terra Indígena em
MT Atrai Conflitos e Mortes, Ladrões, Prostitutas e Contrabandistas –
Brasil – Mato Grosso, Cuiabá – 24 Horas News (24horasnews.com.br), 15.07.2014.
CB, N° 16.017. Nosso Objetivo é que os Índios Utilizem bem
os Recursos Minerais e que as Comunidades Usufruam da Riqueza Extraída do
Subsolo – Brasil – Brasília, DF – Correio Braziliense, n° 16.017,
26.03.2007.
Filmete
https://www.youtube.com/watch?v=tYkH5YO38IQ&list=UU49F5L3_hKG3sQKok5SYEeA&index=40
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H