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Hiram Reis e Silva

A Terceira Margem – Parte CCXCII - Expedição Centenária Roosevelt-Rondon 2ª Parte – XXXI Kithaulu ‒ Ponte da C. Telegráfica – II


Ponte Telegráfica – Rio Roosevelt, 2014 - Gente de Opinião
Ponte Telegráfica – Rio Roosevelt, 2014

Bagé, 30.08.2021


 

Ponte sobre o Rio Roosevelt

 

Partimos, por volta das 11h30, e como o Cacique nos alertara, encontramos diversos obstáculos pelo caminho que foram eliminados pelo nosso amigo Ari Wakalitesu e mais dois amigos Nambiquara que nos acompanharam até a BR-364. Chegamos à Vilhena e hospedamo-nos, mais uma vez, no Hotel Colorado da cara amiga Dona Ângela.

 

A 27.02.1914, pouco depois do meio-dia, iniciamos a descida do Rio da Dúvida para o desconhecido. [...] Estivéramos acampados junto ao Rio, no lugar da picada da linha telegráfica, onde há sobre ele uma ponte rústica. (ROOSEVELT)

 

Afigura-se-me ainda fixada na retina aquela cena inolvidável do embarque, presenciado por mim do tosco balaústre da ponte aí construída pela Comissão Telegráfica, para servir ao pessoal da conservação e às tropas. (MAGALHÃES, 1942)

 

16.11.2015: O Dr. Marc não estava se sentindo bem e permaneceu em Vilhena, RO, enquanto eu e o Coronel Angonese partimos na viatura Marruá, com nossa equipe de apoio, rumo à Fazenda Baliza.

 

Chegamos à residência do Sr. Grilo, que conhecêramos na descida do Rio Roosevelt, em outubro de 2008, na hora do almoço e sua esposa, gentilmente convidou-nos para o almoço. Após o almoço eu e o Angonese embarcamos na voadeira pilotada pelo Sr. Grilo, no mesmo Porto da Fazenda Baliza (12°01’34,1”S / 60°22’41,7”O) em que déramos início à jornada de caiaque pelo Rio Roosevelt. Naquela oportunidade eu navegara 6 km Rio acima (12°03’14,27”S / 60°22’14,5”O) e não encontrara nenhum sinal da Ponte de onde partira a Expedição Científica Roosevelt-Rondon nos idos de 1914.

 

Desta feita subimos 9,1 km desde o Porto da Fazenda Baliza e encontramos, finalmente, a Ponte construída em 1909, pela Comissão Construtora de Linhas Telegráficas do Mato Grosso ao Amazonas comandada por Rondon (12°03’55,37”S / 60°21’46,59”O). A Comissão estabelecera que Latitude da Ponte 12°01’S, portanto a jusante (ao Norte) do AC01 (Porto da Fazenda Baliza) e eu reconhecera o curso d’água mais 6.000 m na direção geral Sul.

 

Historicamente os erros de locação jamais tinham chegado à casa dos minutos. A título de exemplo cito a Latitude encontrada pela Expedição original para a Confluência do Rio Roosevelt com o Rio Capitão Cardoso que foi de 10°59’00,3”S e que nós estabelecemos como sendo 10°59’20,8”S, um erro de pouco mais de 20” perfeitamente aceitável para os rudimentares equipamentos de que dispunha a Comissão. Certamente houve um erro na edição da transcrição das anotações manuais de Roosevelt ‒ os editores confundiram o 04’ (quatro minutos) com 01’ (um minuto) que foi transcrito nas edição impressas).

 

Foi o momento mais emocionante de toda a Expedição. Ainda se podia visualizar perfeitamente os detalhes da construção da cabeceira da margem direita e os dois cavaletes ancorados no leito do Rio, sendo que um deles ainda ostentava as três estacas originais onde podia-se notar a amarração complementar do chapéu de cavalete às vigas com o mesmo cabo de aço galvanizado empregado nas linhas telegráficas.

 

Coordenadas da Ponte Telegráfica

 

Eu baseara meu planejamento na informação equivocada do livro de Esther de Viveiros, “Rondon Conta Sua Vida” (baseada no livro de Roosevelt ‒ Through the Brazilian Wilderness), em que ela faz a seguinte narrativa:

 

Começamos a descer o Rio da Dúvida pouco depois do meio-dia de 27 de fevereiro. [...] O Cap Amílcar, com seu grupo, dizia adeus da margem quando as canoas partiram rio abaixo – corrente escura, volumosa, porque era plena estação das águas.

 

Era tão grande a enchente que a correnteza molhava a parte inferior do tabuleiro da ponte aí existente. Isso tinha a vantagem de imergir os obstáculos, inclusive árvores caídas. Na estiagem, estariam certamente à tona. Partíamos de 12°1 de latitude Sul e 17°7’34” de longitude Este do Rio de Janeiro. A direção a seguir era Norte, para o Equador. (VIVEIROS)

 

Felizmente, depois de muita pesquisa, verifiquei nas “Conferências Realizadas nos dias 5, 7 e 9 de outubro de 1915”, por Rondon, no Teatro Fênix do Rio de Janeiro, sobre os trabalhos da Expedição Roosevelt-Rondon e da Comissão Telegráfica:

 

2ª CONFERÊNCIA

 

I

 

Reconhecimento e exploração do Rio da Dúvida: [...]

 

II

 

Exploração e levantamento do Rio da Dúvida, desde o Passo da Linha, na lat. 12°0356,8”S e long. 60°21’55,8”O de Greenwich, até o encontro com a turma auxiliar do Tenente Pyrineus no Aripuanã. (RONDON)

 

 

 

Despedidas (17.11.2015)

 

Hoje foi um dia de despedidas. Despedimo-nos de nossos valorosos guerreiros do 2° B Fron (Cáceres, MT), o Sargento Matheus YURI Vicente Cândido (Chefe da viatura) e o Soldado Paulo ÉDER Pereira Dias (motorista e cozinheiro) cujo profissionalismo e dedicação à missão foram sobejamente demonstrados durante toda a Expedição. Despedimo-nos, também, de nosso caro e prestativo amigo e guia Ari Wakalitesu e do tal do Mané Manduca.

 

 

Filmete

 

https://www.youtube.com/watch?v=-ek3beISFFA&t=456s

 

https://www.youtube.com/watch?v=rECpPlEurDI&t=23s

 

https://www.youtube.com/watch?v=wxA1AJchYFM&list=UU49F5L3_hKG3sQKok5SYEeA&index=23

 

Expedição Centenária R-R - III Parte - Fase I - YouTube

 

https://www.youtube.com/watch?v=3bt42u-sGtA&list=UU49F5L3_hKG3sQKok5SYEeA&index=20

 

Bibliografia

 

 

MAGALHÃES, Amílcar A. Botelho de. Impressões da Comissão Rondon – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Companhia Editora Nacional, 1942.

 

RONDON, Cândido Mariano da Silva. Conferências Realizadas nos dias 5, 7 e 9 de Outubro de 1915 pelo Sr. Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon no Teatro Phenix do Rio de Janeiro Sobre os Trabalhos da Expedição Roosevelt-Rondon e da Comissão Telegráfica ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ – Tipografia do Jornal do Comércio, de Rodrigues & C., 1916.

 

ROOSEVELT, Theodore. Através do Sertão do Brasil ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ ‒ Companhia Editora Nacional, 1944.

 

VIVEIROS, Esther de. Rondon Conta Sua Vida ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ ‒ Livraria São José, 1958.

 

Solicito Publicação

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

·     Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

·     Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);

·     Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

·     Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

·     Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

·     Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

·     Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

·     Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

·     Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

·     Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

·     Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

·     Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

·     Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

·     E-mail: hiramrsilva@gmail.com.

Galeria de Imagens

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