Quarta-feira, 1 de setembro de 2021 - 06h05
Bagé, 01.09.2021
Empresário Pedro Meyers
É com grande honra que recebi o convite do Cel Hiram Reis para escrever o
prefácio desta obra.
Com mais de 26 livros escritos, dos quais 7 publicados, o ex-instrutor
chefe do Curso de Engenharia do CPOR de Porto Alegre e ex-comandante da
primeira companhia de engenharia de construção do 6° Batalhão de Engenharia, é
um dos grandes remadores do mundo. Remou em seu kayak mais de 60.000 Km pelos
principais rios brasileiros como o Amazonas, Negro, Madeira, Tapajós, Branco,
Juruá, Aquidauana, Miranda e pela Laguna dos Patos, Lagoas Mirim e Mangueira,
no Rio Grande do Sul.
Aceitou nobre e prontamente, “de pé e à ordem”, fazer parte da
expedição que refez em 2014 a épica aventura do ex-presidente americano
Theodore Roosevelt e do Cel. Rondon, realizada em 1914, quando remaram toda a
extensão do Rio da Dúvida, atual Rio Roosevelt, percorrendo um trajeto de 750
Km por regiões inóspitas com tribos indígenas e cachoeiras traiçoeiras. Essa
obra é sobre esse grandioso feito de 2014.
Seus outros livros são valiosos e interessantes pois, em suas incursões a
remo por esse Brasil afora – imaginem 60.000 Km! – o solitário navegador “eternamente
em busca da terceira margem” relata a situação atual dos locais de
interesse como fortes e outros sítios históricos que foram descritos por outros
autores um ou dois séculos antes. O
leitor tem assim uma visão clara de como as coisas mudaram nos últimos séculos.
Em alguns casos para pior.
E para grande parte dos brasileiros que desconhecem essa riqueza do
Brasil – os grandes rios – os relatos do Hiram são um achado, pois contam a
história da conquista desses rios por parte de dedicados exploradores e
nativos, a maioria sucumbindo em tenra idade por moléstias e outras agruras dos
trópicos. Os majestosos rios são descritos com maestria e salpicados com belas
poesias [o autor além de historiador é poeta] e fotos. Um prazer de leitura!
Mas voltemos ao livro atual – Expedição Centenária Roosevelt – Rondon –
Tomo III.
A épica excursão de 2014, na qual dois integrantes perderam a vida e o
ex-presidente Roosevelt quase morreu pelas agruras e dificuldades da aventura
[excesso de cachoeiras, falta de alimentação e moléstias tropicais], era
composta por 22 integrantes e durou 2 meses navegando com inúmeras dificuldades
o Rio da Dúvida em 7 pesadas pirogas [canoas], percorrendo 750 Km em direção
norte a partir das cercanias de Vilhena, no atual estado de Rondônia, via Mato
Grosso, até o Rio Madeira no Amazonas.
Para refazer os passos exploratórios da dupla icônica [Rondon e
Roosevelt], o Prof. Marc Meyers, idealizador do projeto, teve a sorte de
encontrar o grande canoeiro Cel Hiram Reis – Kiko como o chama carinhosamente
nosso Vice-Presidente Mourão – e seu amigo Cel Ivan Angonese, do prestigioso
Colégio Militar de Porto Alegre, com quem nosso autor desceu o Juruá.
O Prof. Marc trouxe consigo o repórter americano Jeffrey Lehmann e os
quatro percorreram o mesmo trajeto de 750 Km em dois kayaks e uma canoa
canadense em 22 dias em outubro/novembro de 2014, um século após a excursão
original.
Deve ser mencionado que a aventura só chegou a bom termo graças a
experiência e coragem dos dois coronéis. O rio é pontilhado de rápidos e
cachoeiras, o que dificulta ao extremo sua navegação. Sem a expertise e
destreza de um experiente navegador como o Cel Hiram um ou mais integrantes da
excursão teria sucumbido como na excursão de 1914. Outra dificuldade pela qual
passaram os indômitos exploradores foi seu encontro com o chefe da tribo dos
Cinta Larga João Brabo que os proibiu de navegar na reserva. Esse trajeto de
100 km foi realizado em 2019 após obtenção de permissão para tal pelo chefe
João Brabo.
O autor, ao descrever cada etapa da aventura, faz a conexão com a
descrição original feita por Roosevelt, pelo Cel Rondon, e pelo naturalista
americano Cherrie. Para o leitor essa visão por vários ângulos traz realidade à
aventura. Nosso escritor ao descrever o Salto Navaité, onde o rio se estreita
de 100 para 2m, diz poeticamente, em profunda admiração por seus ídolos Rondon
e Roosevelt:
[...] beleza agreste daquelas formações, o medonho fragor do caudal
confinado de repente, com uma angustura tão incomum e as águas tumultuarias e
refulgentes, emocionaram-me na presença daqueles ilustres personagens.
Engarupado na anca da história, eu via ou sentia a presença daqueles ilustres
personagens [Roosevelt e Rondon] que há cem anos palmilharam aqueles sítios,
gravando indelevelmente sua passagem em cada deles.
A situação de conflito entre os índios Nambiquara/Cinta-Larga e os
garimpeiros, que redundou em dezenas de mortes de garimpeiros pelos Cinta Larga
em 2004, é analisada com muita profundidade e imparcialidade pelo autor que se
baseia também em artigos do “Jornal do Brasil”, “Correio Braziliense”,
“Jornal do Commercio”, e “O Cruzeiro” da época. É assunto
complicado e de difícil solução.
O autor também relata no tomo III sua visita ao Forte Príncipe da Beira,
Rondônia, em setembro de 2019, às margens do Rio Guaporé que divide a Bolívia
do Brasil. Nessa ocasião foram visitados na região sítios arqueológicos e “labirintos”
compostos de vales e morrotes. De acordo com a antropóloga Denise Schaan, da
Universidade Federal do Pará, esses sítios arqueológicos pré-colombianos
encontrados no Amazonas, Acre e Rondônia são de origem religiosa.
Raros são os escritores que reúnem numa só pessoa o espírito de aventura
e a força física necessária para tal, com o interesse e dedicação por fatos
históricos e o necessário rigor militar. E além de tudo é poeta, citando, além
de poesias próprias, Carlos Drummond de Andrade, Gonçalves Dias, Camões, Múcio
Teixeira, Garcia Lorca e tantos outros. “Mens sana in corpore sano!”
Parabéns Hiram! Que seu espírito de idealismo e conquistas iluminem e
sirvam de exemplo para todos os brasileiros!
Filmetes
https://www.youtube.com/watch?v=tYkH5YO38IQ&list=UU49F5L3_hKG3sQKok5SYEeA&index=41
https://www.youtube.com/watch?v=OQcTRq9sYnY&list=UU49F5L3_hKG3sQKok5SYEeA&index=31
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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