Quinta-feira, 9 de setembro de 2021 - 06h00
Bagé, 09.09.2021
Para
os garimpeiros que tentam ludibriar os índios [leia-se também empresas e mafiosos
atuando por trás], fugindo ou escondendo minérios por resistência à comissão,
que varia entre dez e trinta por cento, o perigo é o mesmo. Muitos foram
torturados e assassinados sem que se tenha mais notícia. Para os mais
audaciosos, que tentam entrar pela mata para garimpar sem prévio “acordo” com
os índios, o destino é o cemitério clandestino, em geral, em local de
dificílimo acesso e desconhecido de quem
não pertence à tribo. (Wilson de Carvalho)
Fui
recebido no aeroporto de Vilhena, no dia 18.10.2014, sábado, pelo Dr. Marc
André Meyers e pelo Sr. Luiz Quijada, esposo da Sr.ª Maria Ângela Elias, que
nos conduziu em sua camionete até o Hotel Colorado onde já estavam hospedados
os demais membros da Expedição.
A
Sr.ª Ângela tinha sido indicada pelo meu caro amigo e irmão de coração Coronel
de Engenharia Carlos Alfredo Maiolino de Mendonça. O então 1° Tenente Maiolino
conheceu-a, nos idos de 1978 a 1980, quando servia no 5° BEC e comandava a
Residência Especial de Vilhena responsável pela construção de um trecho de 300
km da BR-364 entre Pimenta Bueno e Barracão Queimado.
Conheci,
no Hotel Colorado, o Jeffrey apresentador de TV e produtor do programa “Weekend Explorer”. O Jeffrey e o
Coronel Inf R/1 Angonese seriam os responsáveis por conduzir a canoa
desmontável que o Dr. Marc trouxera dos EUA e transportar nela grande parte da
bagagem de rancho enquanto eu e o Dr. Marc pilotaríamos os caiaques oceânicos
da Opium Fiberglass que ostentavam as cores da bandeira brasileira.
20.10.2014 (segunda-feira) – Entrevista - SEMTIC
O
Dr. Marc já havia agendado com a Sr.ta Rita Marta Correia, Chefe do
cerimonial da Prefeitura de Vilhena, uma entrevista à imprensa que repercutiu
favoravelmente nossa empreitada.
Folha do Sul – On Line, Vilhena, RO
Segunda-feira, 20.10.2014
Cem
Anos Depois, Expedição irá Refazer
o Trajeto de Rondon e Roosevelt
Um grupo de quatro pessoas pretende refazer pelo Rio Roosevelt o trecho
percorrido em 1914 pelo Marechal Cândido Rondon e pelo então ex-presidente dos
Estados Unidos, Theodore Roosevelt, viajaram de canoa cerca de 700 km pelas águas.
Na época, o Rio que hoje leva o nome do líder americano ainda era
desconhecido. A expedição foi idealizada pelo engenheiro mecânico Marc André
Meyers, que é professor da Universidade de San Diego, na Califórnia [EUA].
[...]
Aqui no Brasil se juntaram ao grupo o Coronel de Engenharia Hiram Reis e
Silva, experiente na navegação em caiaque, embarcação que será utilizada pelo
grupo no percurso, e o Coronel de Infantaria Ivan Carlos Gingri Angonese, que
serviu no Comando de Selva e, portanto, é conhecedor dos perigos existentes na
Amazônia. O objetivo da Expedição Centenária, segundo Marc, é homenagear
Roosevelt e Rondon, mas também para ver quais mudanças ambientais ocorreram
nestes 100 anos. “Todos os dados
coletados serão matéria-prima para o livro e para o documentário”, disse
Marc. [...] Segundo o Coronel Hiram, o tempo estimado para concluir o percurso
é de 21 dias. Bem abaixo dos três meses, tempo que Roosevelt e Rondon levaram
para fazer o mesmo percurso em 1914.
Folha de Vilhena, Vilhena, RO
Segunda-feira, 20.10.2014
Pesquisadores
Realizarão Expedição em Homenagem aos 100 Anos da Expedição Roosevelt–Rondon
A coletiva de imprensa aconteceu na manhã desta segunda-feira, 20, na
Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio [SEMTIC], localizado no
Centro da cidade de Vilhena.
Folha Espigão, Vilhena, RO
Segunda-feira, 20.10.2014
Centenário:
Aventureiros vão Refazer
Expedição Rondon-Roosevelt
Durante 21 dias, os aventureiros brasileiros Marc André Meyers, Hiram
Reis e Silva, Ivan Carlos Gingri Angonese e o norte-americano Jeffrey Lehmann
[...]
Rondônia em Pauta, Vilhena, RO
Terça-feira, 21.10.2014
Com
Apoio da Prefeitura, Expedição
ao Rio Roosevelt parte nesta Terça-Feira
Teve início nesta terça-feira a Expedição [...]
Jornal o Nortão, Porto Velho, RO
Terça-feira, 21.10.2014
Com
Apoio da Prefeitura, Expedição
ao Rio Roosevelt parte nesta Terça-Feira
Quatro pesquisadores vão realizar, a partir desta terça-feira, uma
Expedição em homenagem aos 100 anos da Expedição Científica Roosevelt-Rondon
[...]
Rondônia Digital, Vilhena, RO
Terça-feira, 21.10.2014
Expedição
ao Rio Roosevelt
Parte Nesta Terça-Feira
Teve início nesta terça-feira a Expedição [...]
Rondônia Agora, Porto Velho, RO
Terça-feira, 21.10.2014
Pesquisadores
vão Percorrer Roteiro
da Expedição Roosevelt-Rondon
Quatro pesquisadores vão realizar, a partir desta terça-feira, 21, uma
Expedição em homenagem [...]
G1. Globo, Rio de Janeiro, RJ
Sábado, 25.10.2014
Pesquisadores
Refazem Trajeto Feito
por Roosevelt e Rondon Há 100 Anos
Expedição iniciou na terça, 21, na nascente do Roosevelt, em Vilhena, RO.
Objetivo é verificar as mudanças que ocorreram na região amazônica em dez
décadas.
25.10.2014
Fomos
recebidos pelo Secretário Estadual do Turismo, Indústria e Comércio (SEMTIC),
Dari A. de Oliveira, que nos apresentou o projeto do “Parque Recreativo Municipal” antes denominado “Parque Rondon”. O projeto prevê uma
pista de caminhada, “play ground”,
academia de ginástica, área verde, banheiros, lanchonetes, etc. O Parque será
dotado de um Lago de aproximadamente 4.000 m² abastecido por poço artesiano.
Após
a entrevista com a mídia local fomos visitar o antigo Posto Telegráfico ([1])
que é agora conhecido como a Casa de Rondon. A área está tombada pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e é patrimônio do Ministério da
Defesa.
21.10.2014 (terça-feira) – Fazenda Baliza (AC01)
Partimos
depois das 08h00 para a Fazenda Baliza e meia hora depois de partirmos a
camionete locada pelo Dr. Marc começou a apresentar problemas mecânicos. O
reboque carregado com a canoa, os dois caiaques e toda a bagagem foram
atrelados, então, à camionete de Guilherme e Dariano que felizmente
acompanhavam-nos e sem o apoio dos quais teríamos, fatalmente, de adiar nossa
partida. Paramos em um posto de combustível e o 3° Sgt BM Douglas Matias da
Silva Ferreira sanou o problema da camionete do Naif.
O
Dr. Marc fez questão de passar pela casa do Sr. Grilo que afirmou que existiam a montante do local onde acamparíamos vestígios de
uma Ponte de madeira que poderia ser a construída, em 1909, pela Comissão Construtora
de Linhas Telegráficas do Mato Grosso ao Amazonas comandada por Rondon.
Descarregamos
as embarcações e a carga e, enquanto meus parceiros montavam o Acampamento 01 –
12°01’41,47”S / 60°22’40,51”O ([2]),
naveguei Rio acima (rumo Sul) na tentativa de achar a tal ponte e, depois de
remar até a Latitude de 12°03’14,27”, não avistei qualquer sinal da mesma. A
largura do Rio, naquela Latitude variava de 08 a 10 m, os barrancos eram baixos
e não me pareceram, na oportunidade, compatíveis com a construção de uma ponte
de 20 m de extensão.
Considerando
que cada minuto da Latitude corresponde aproximadamente a 1.852 m (milha
náutica) tenho certeza de que a Comissão chefiada por Rondon não cometeria um
erro de tal magnitude. A Comissão estabelecera para sua partida a Latitude Sul
de 12°01’, portanto a jusante (ao Norte) do AC01 e eu reconhecera o curso d’água
até quase 02’ acima, aproximadamente, 3.700 m na direção geral Norte.
Historicamente os erros de locação jamais chegaram à casa dos minutos. A título
de exemplo cito a Latitude encontrada pela Expedição Original para a
Confluência do Rio Roosevelt com o Rio Capitão Cardoso que foi de 10°59’00,3”S
e que nós estabelecemos como sendo 10°59’20,8”S, um erro de pouco mais de 20”
perfeitamente aceitável para os rudimentares equipamentos de que dispunha a
Comissão. Na minha solitária investigação avistei inúmeras árvores caídas que
agora em plena estiagem obstaculizavam a progressão exigindo muita atenção e
habilidade. A Expedição Original descera na cheia o que facilitou sobremaneira
a navegação, como relatou Rondon:
A enchente era tão grande, que a correnteza passava molhando a parte
inferior do tabuleiro da ponte ali construída pela Comissão das Linhas
Telegráficas; mas isso era para a Expedição, uma grande vantagem, porque assim
nos seria possível deslizar por cima de obstáculos que estariam submergidos.
(RONDON)
Bibliografia
RONDON, Cândido Mariano da Silva. Conferências Realizadas nos dias 5, 7 e 9
de Outubro de 1915 pelo Sr. Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon no Teatro
Phenix do Rio de Janeiro Sobre os Trabalhos da Expedição Roosevelt‒Rondon e da
Comissão Telegráfica ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ – Tipografia do Jornal
do Comércio, de Rodrigues & C., 1916.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Álvaro Coutinho de Melo Vilhena: os Campos Gerais ou Chapadão dos
Parecis passaram a ser conhecidos como Vilhena, a partir de 1910, após a
Comissão chefiada pelo então Tem Cel Cândido Mariano da Silva Rondon, ter
construído na região um Posto Telegráfico, que fazia parte da linha
Cuiabá-Santo Antônio do Alto Madeira. A linha que ligaria Cuiabá a Porto Velho
permitiria a construção de milhares de quilômetros de cabos telegráficos,
fazendo surgir Vilas em torno dos Postos. Rondon batizou a estação telegráfica,
com o nome de Álvaro Vilhena em homenagem ao engenheiro maranhense Álvaro
Coutinho de Melo Vilhena, que nos idos de 1890, foi designado Engenheiro Chefe
da Organização da Carta Telegráfica da República e, em 1900, Diretor Geral dos
Telégrafos. No dia 12.10.1910, a Estação Telegráfica foi transferida para as novas
instalações, conhecida hoje como “Casa de
Rondon”.
[2] O Acampamento, do dia 27 para 28.02.1914, da Expedição Científica
foi à margem direita 9,1 km à montante do local de onde partimos.
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
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