Terça-feira, 11 de maio de 2021 - 06h02
Bagé, 11.05.2021
Navegando o Tapajós ‒ Parte XVII
Santarém/Enseada da
Pedra Branca
(Valter Brumatte)
De tarde, em cima do cais, a sós,
O pescador, na margem do Tapajós
Lança o anzol até onde alcança
E sente o beliscar das lembranças.
Cada vez mais, tesa-lhe a linha
Onde o horizonte se alinha:
É o peixe da saudade, vadio,
Que puxa o anzol, mordendo macio.
De repente, o caniço se curva
E seus olhos molhados se turvam
Ante o peixe que brilha no ar.
E então, no ofício da pescaria
O pescador vê que pesca a poesia
No rio imenso do seu olhar
10.10.2013 – Santarém/Lago Maripá
Pernoitei,
como na véspera, no Porto do 8°BEC, a bordo do Piquiatuba. Uma moto-bomba
permaneceu funcionando a noite inteira transpondo combustível de uma balsa para
outra, geradores barulhentos e altamente poluentes só foram desligados ao
amanhecer, movimentação intensa de embarcações, uma noite, portanto, nada
reparadora tendo em vista a agitação característica do local.
Às
06h20, partimos eu e o Marçal em nossos caiaques, apoiados pelo Mário na lancha
Mirandinha, rumo a Itaituba. Os ventos fortes de popa, do quadrante
Este,
em torno de 17 km/h, embora criassem marolas de até 1,5 m de altura aceleravam
nossa progressão e conseguimos imprimir uma velocidade de até 9 km/h subindo o
Rio Tapajós. Na primeira parada, o caseiro de uma das belas casas da orla
franqueou-nos o acesso aos saborosos frutos dos cajueiros da residência. Na
Ponta do Cururu, próximo a Alter do Chão, fizemos uma parada mais longa,
preparando-nos para atravessar o Rio da margem direita (Oriental) para a
esquerda (Ocidental). Encontramos alguns turistas do Sul do país curtindo as
belas águas cor de esmeralda.
Iniciamos
a travessia. Inicialmente aproei para jusante de nosso destino considerando a
intensidade dos ventos mas, a meio curso, verifiquei não ser necessária a
correção e apontei a proa diretamente para uma pequena enseada que optara para
nossa primeira parada. Depois de aportar e realizar um breve reconhecimento,
resolvemos estacionar no Lago fronteiriço à enseada, mais seguro e abrigado dos
ventos e onde poderíamos pescar.
Preparei
uma pequena fogueira em um buraco, e deitei cedo buscando recompor minhas
energias. Tínhamos colocado uma “malhadeira”
para reforçar o rancho com pescado fresco e o Mário, ao recolher, sozinho,
alguns peixes da rede, foi mordido por uma piranha. Ajudamos o estropiado
companheiro a recolher a rede e os peixes restantes, desinfetamos sua ferida
com Andolba e a protegemos com um pedaço de pano.
11.10.2013 – Lago Maripá –Pedra Branca
Novamente
partimos antes do nascer do Sol. Os ventos fortes e as grandes ondas de través
prejudicaram, sobremaneira, a progressão e o equilíbrio do caiaque “Indomável” do Marçal enquanto eu
aproveitava para ganhar velocidade surfando com o meu agora flamante “Cabo Horn” da Opium Fiberglass. O
caiaque foi reformado na Cia Eqp do 8°BEC, os mais de 9.000 km navegados pelos
amazônicos caudais tinham provocado profundas cicatrizes no seu convés e casco.
Encurtamos nosso destino pela metade e paramos numa bela e rasa enseada.
Montamos acampamento e não reparei nas curiosas formações incrustadas nas
raízes, troncos e galhos da vegetação circunvizinha, desatento confundi os
cauxis com raízes aéreas e minha distração custou-me muito caro.
Cauxi (Porifera, Demospongiae)
As
esponjas de água doce pertencem à classe Demospongiae (Tubella reticulata e
Parmula batesii), têm como característica básica a produção de um esqueleto de
espículas de Óxido de Sílica.
As espículas possuem um aspecto de agulhas transparentes ou opacas, com
extremidades ligeiramente curvas. Essas espículas, após a morte e putrefação
das esponjas, são liberadas da matriz de colágeno, que as mantém unidas em
feixes estruturais e, assim permanecem nos sedimentos, disponíveis até que os
banzeiros as propaguem no meio líquido.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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