Sexta-feira, 14 de maio de 2021 - 09h07
Bagé, 14.05.2021
Navegando o Tapajós ‒ Parte XX
Itaituba, PA/Aveiros, PA
(Juliane Oliveira)
São inúmeras as músicas que embalam o amor dos
santarenos pela Pérola do Tapajós. Algumas delas
falam das praias, do encontro das águas, dos pescadores, dos casais de
namorados e por aí vai. Outras falam
da sua fauna e flora. Não precisa ser muito sensível ou mesmo inspirado pra
fazer poesia para a terra
que é banhada pelo verde-esmeralda do
Tapajós e cobiçada pelo barrento Rio Amazonas.
21.10.2013 – Itaituba/Tabuleiro Monte
Cristo
A fidalga e pronta recepção por parte
do 53° Batalhão de Infantaria de Selva (53°BIS), capitaneado interinamente pelo
Major Paulo Correia Lima Neto foi providencial. O pernoite, nas impecáveis
instalações da Área de Lazer dos Oficiais, de quinta a domingo, permitiu-nos
recompor as energias e recuperar a musculatura. O recompletamento do
combustível da lancha de apoio, por sua vez, garantiu-nos a possibilidade de
dar continuidade à nossa jornada. Infelizmente, apesar de procurar o Major
Correia Lima na sua residência em duas oportunidades, não consegui encontrá-lo
para agradecer em meu nome, de minha equipe e do DCEx.
Alvorada às 05h00 e partida às 05h40.
O deslocamento que fizéramos anteriormente do Tabuleiro Monte Cristo até
Itaituba fora extremamente cansativo, por isso, resolvemos partir cedo. Quando
o Sol surgiu preguiçosamente na margem Oriental, já tínhamos remado mais de uma
hora.
Um dia ameno, uma suave brisa
refrescava nossos corpos extenuados e, vez por outra, uma nuvem providencial
atenuava os causticantes raios solares. Chegamos ao Tabuleiro pouco depois do
meio-dia, três horas menos do que levamos, no dia 17, para percorrer a mesma distância
no sentido inverso. Embora navegar contra a corrente pudesse justificar essa
diferença, temos de considerar que o Tapajós, em virtude da estiagem, pouca ou
nenhuma influência tem em relação ao deslocamento Rio acima; o que realmente
prejudicou nossa progressão anterior foi o terrível calor e a ausência de
ventos e nuvens que amortecessem esses efeitos.
Paramos novamente nas instalações do
IBAMA (Tabuleiro Monte Cristo). Infelizmente, apenas três tartarugas tinham
realizado a postura, não seria desta vez que conseguiríamos apreciar a desova
das enormes tartarugas amazônicas (Podocnemis expansa). Estávamos descansando
nas confortáveis instalações do “Lar das
Tartarugas” quando observamos a “Expedição
Tapajós – 2013” de caiaques subindo o Rio. Um grupo de veteranos
estrangeiros alemães estava subindo até o Salto São Luís. Espero que não seja
mais um grupo de ativistas manifestando-se contra a construção da hidrelétrica
de São Luís do Tapajós, que junto com outras quatro faz parte do Complexo
Tapajós, tão necessária ao desenvolvimento da região e do país.
Amazônica Intocável
A polêmica em relação à construção das
hidrelétricas por parte de manifestantes que defendem que a Amazônia deva
permanecer intocável é um sofisma primário que não encontra amparo lógico nem
na história da humanidade e muito menos no bom senso.
É interessante verificar que todos
estes militantes estrangeiros são oriundos de países que cometeram e ainda
cometem os maiores desatinos ambientais do planeta e que, em vez de cobrarem de
seus próprios governos medidas corretivas em relação à poluição e recuperação
de áreas degradadas de seus países, surgem na “terra brasilis” como insanos arautos do apocalipse ambiental,
demonizando os brasileiros em geral e os amazônidas em particular.
Uma vez indaguei a um deles qual seria
então alternativa energética proposta e o astuto germânico prontamente
respondeu – energia nuclear. Logicamente o Brasil deveria comprar os
equipamentos de sua querida Alemanha que dominava todas as fases desse tipo de
geração – legítimos talibãs verdes a soldo e a serviço de grandes corporações.
Madrugando no Passado
Quantas vezes nós mesmos volvemos os
olhos para o distante pretérito em busca das mais gratas recordações. Como
seria bom que o tempo parasse, estacionasse em uma das melhores fases de nossas
vidas, mas, seria este também o melhor tempo dos outros indivíduos?
Lembro quando acompanhava o velho
Cassiano, meu saudoso e honorável pai, desde os cinco anos de idade, nas
pescarias em açudes de meu querido Rosário do Sul, RS. Era um evento
formidável, memorável mesmo, partíamos de caminhão, amigos, parentes, assador
(Seu Felipe), duas ovelhas vivas, lenha, barco, tralhas de acampamento e
pescaria e uma “velha cambona preta”.
A cambona era feita de uma velha lata de óleo com alça de arame e era colocada
diretamente no braseiro para aquecer a água do chimarrão.
Durante o dia, o pequeno piá Hiram se
divertia pescando lambaris com sua tarrafinha que eram usados, mais tarde, no
espinhel para pegar as cobiçadas traíras e jundiás. À noite, caçava pirilampos
que soltava na barraca fechada transformando-a numa mágica miniatura da abóboda
celestial salpicada de pulsantes estrelas cor de esmeralda. Bons momentos,
talvez dignos de um congelamento temporal. Lembro, porém, que, na mesma época,
a viagem de Porto Alegre a Rosário, no inverno era uma verdadeira odisseia. A
estrada de chão esburacada apresentava um obstáculo por vezes intransponível –
o temível banhado do Inhatium. Deveríamos ficar reféns eternos do ameaçador
estorvo? Rosário era na época abastecido por uma termoelétrica que, quando
estava funcionando, fazia as luzes pulsarem e os poucos eletrodomésticos
pifarem. Continuaríamos para sempre satisfeitos com este tipo de fornecimento?
Parece que não!
O problema é que estes problemas nos
afetam diretamente. É diferente quando estas dificuldades dizem respeito aos
habitantes dos ermos dos sem fim – os amazônidas.
É fácil fazer propostas que embarguem
o desenvolvimento e tragam mais conforto para estas populações quando não somos
diretamente atingidos. Esquecem, porém, os “talibãs
verdes” que não existe desenvolvimento sem energia e que não se faz “omelete sem quebrar ovos”. As minas de
Juriti e Porto Trombetas precisam de muita energia para transformar a bauxita
em alumínio ou será que somos incapazes de alterar nossa destinação histórica
subserviente de exportar minério bruto e importar o produto final dos países
desenvolvidos?
22.10.2013 – Tabuleiro Monte
Cristo/Aveiros
Resolvemos ir até Aveiros, mais de
72km em linha reta, 76km de percurso, desde o Tabuleiro, e partimos às 05h30.
Atingimos Fordlândia às 09h00 e aproamos decididamente rumo a Aveiros. O tempo
colaborou até atingirmos a Praia do Tecaçu por volta das 12h40. Daí em diante
até nosso destino final, onde aportamos, cansados, às 15h40, o Sol castigou-nos
impiedosamente. Em Aveiros, o Marçal foi para sua casa e eu e o Mário nos
instalamos em um hotel da cidade com ar-condicionado.
(Felisbelo Sussuarana)
Dez
horas... dez e meia... As horas voam
E
ela não vem, não vem para a entrevista!
Anseio
e fremo, e quanto me contrista
A
sua ausência... E as onze, lentas, soam...
Do
galo, no terreiro, me atordoam
Os
repetidos cocoricós, e egoísta
Do
meu amor, maldigo esse corista
A
remarcar as horas que se escoam.
Geme
o relógio – doze... Meio-dia!
E
ela não vem, mentiu-me... Que ironia! ...
...........................................
Escuto:
alguém bateu... É o meu amor!
Vou
tê-la, enfim, rendida, nos meus braços!
E,
antegozando os beijos e os abraços,
Descerro
a porta... oh! raiva! Era um credor! ...
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H