Segunda-feira, 17 de maio de 2021 - 08h28
Bagé, 17.05.2021
Navegando o Tapajós ‒ Parte XXI
Aveiros, PA
A Aveiro portuguesa, de quem a cidade
Paraense herda o nome, é conhecida atualmente como a “Veneza de Portugal” mas, anteriormente, era denominada de “Nova Bragança”,
capital do Distrito de Aveiro, na Região Centro e pertencente à sub-região do
Baixo Vouga.
Sítio dos Sonhos
De manhã, visitamos o “Sítio dos sonhos” administrado por um
amigo da família do Marçal, o Sr. Júlio. Um homem determinado e empreendedor
que construiu, com carrinho de mão, uma enorme taipa na beira da praia para
criar Tambaquis (Colossoma macropomum), também chamado de Pacu Vermelho, e
cercou o entorno com majestosos buritizeiros. O aspecto mais curioso de sua
ciclópica empreitada é que, embora alguns especialistas afirmem que o Tambaqui
não se reproduza em cativeiro, o Sr. Júlio, como tantos outros piscicultores,
vem conseguindo que os mesmos o façam naturalmente no seu pequeno lago
artificial.
Os animais são alimentados com as
frutinhas do variado pomar plantado por ele. Além de uma área de acampamento
para visitantes, ele está preparando algumas canchas para prática de esportes.
Vale a pena visitar e conhecer este belo local que fica a poucos quilômetros a
jusante de Aveiro.
Amazônicas coincidências
Encontramos no Hotel Tapajós o Sr.
Emanuel de Oliveira Duda, um desbravador indomável que encontráramos, no dia
17.12.2012, na Escola Ernestina Rodrigues Ferreira, Foz do Breu, AC, fronteira
peruana. Técnico da empresa OI, o Emanuel é um itinerante que perambula pelos
ermos sem fim a instalar orelhões de sua provedora. Ele acompanhou-nos num
rápido passeio pela cidade que foi concluído com uma visita à casa do Marçal
onde conhecemos sua simpática progenitora. O Emanuel tem uma filha encantadora
chamada Gabriele Neves Duda que lhe escreveu uma comovente carta, que ele
carrega sempre consigo, capaz de emocionar os corações mais empedernidos. Conhecemos,
na oportunidade, dois integrantes do famigerado “Programa mais Médicos” os cubanos Manuel Trinchet Hernández e a Drª
Marbelis Ramírez Muñoz que tinham sido alocados em Aveiros, desde 28.08.2013.
Ela uma médica, sem sombra de dúvidas, ele, certamente membro do partido que
ali estava para fiscalizar as ações da sua parceira.
O Marçal apresentou-nos o Sr. Antônio
Felipe Santiago Neto dono do Restaurante e Hotel Mirante do Pôr do Sol onde
fizemos as refeições e pudemos enviar nossas imagens pelo “face” e reportar o artigo de nossa jornada desde Itaituba até
Aveiro.
(Felisbelo Sussuarana)
Dois
filhos tem Miguel José Veludo
Que
gêmeos são, nascidos faz um ano;
Um,
pobrezinho, veio ao mundo – mudo;
O
outro, coitado, é surdo como um cano. [...]
Ontem
me disse: – Sabes, meu amigo?
Eu,
que a doutrina modernista sigo,
Um
grande plano tenho, alevantado:
Fazer
dos dois meninos, com perícia,
Quando
formados – Chefe de Polícia
O surdo... E o mudo? – O
mudo, Deputado.
(Felisbelo Jaguar Sussuarana [1])
Hoje estou triste e
pesaroso e, certo,
Este pesar agora me
acabrunha ([2]).
Longe de ti vegeto num
deserto,
Só tendo minha dor por
testemunha.
É que, formosa, quando
vives perto
Do teu cantor que versos te
rascunha,
É meu viver, florindo, um
céu aberto:
Morre a saudade, morre a
caramunha ([3]).
É que não posso mais sem
teu carinho
Passar nestas – da vida
transitória –
Ondas revoltas de perigo
cheias.
É que, se longe estás do
nosso ninho,
Eu sou forçado – que dorida
história! –
A remendar, que jeito, as
minhas meias.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Felisbelo
Jaguar Sussuarana
(Por ele Mesmo)
Meu
nome é Felisbelo, um nome raro
Que
muito diz e não revela tudo;
Mas,
por capricho do destino rudo,
Belo
não sou nem sou feliz, é claro…
“Embora não tenha intenção de trocadilhar,
direi que Felisbelo Sussuarana foi um poeta de raça que se perdeu na roça. Se
tivesse vivido em meio mais adiantado, os conterrâneos teriam orgulho de ver
seu nome nas antologias nacionais. […] Lamentável não tivesse o escritor
mocorongo um parente, um amigo ou um conterrâneo de recursos que tomasse a
peito reunir em volumes, arrancando-a do olvido e da destruição total, a
fabulosa produção de Felisbelo, que ainda rola pelas páginas esfrangalhadas de
antigos jornais, comida das traças, roída das baratas e delida da ação do
tempo… Lamentável e triste para a tradição cultural de nossa terra…” (RODRIGUES
DOS SANTOS, 1999, p. 410-411).
[2] Acabrunha: magoa.
[3] Caramunha: lamúria.
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
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