Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Hiram Reis e Silva

A Terceira Margem – Parte CDXCI - “Apartheid” em Bagé e na TIRSS - I


Revista Veja, 05.05.2010, Edição 2.163 - Gente de Opinião
Revista Veja, 05.05.2010, Edição 2.163

Bagé, 03.10.2022

 


Brasil um País de Todos!

Não! Brasil um País de Tolos!

Apartheid

A mestiçagem unifica os homens separados pelos mitos raciais. A mestiçagem reúne sociedades divididas pelas místicas raciais e grupos inimigos.
(Gilberto de Mello Freyre)

Trabalhava em um dos capítulos anteriores, “Resgates Históricos? Por quê?”, quando minha parceira Rosângela Schardosim, de Bagé, me informou que estavam querendo “plantar” um Quilombo em Bagé. Em nome de um pretenso “Resgate Histórico”, mais uma vez o Governo Federal estava permitindo a implantação do “apartheid”, desta vez entre negros e brancos e entre os próprios negros.

Ao invés de unir as pessoas, o Governo Federal, através do INCRA, consegue promover a cisão até mesmo dentro da própria Comunidade Negra. Um governo, realmente democrático, não deveria, jamais, promover a separação de cidadãos brasileiros em castas raciais ou de qualquer espécie.

Desta vez, ONGs a soldo do desgoverno PeTralha querem expulsar cidadãos ordeiros do Distrito de Palmas, Município de Bagé, usando pretensas e fraudulentas justificativas históricas.

Terra Indígena Raposa e Serra do Sol (TIRSS)

Vamos fazer uma breve digressão histórica, antes de apresentarmos o caso do suposto Quilombo de Bagé, para mostrar como costumam agir democrati­camente as Instituições Públicas nestes casos.

No caso da Raposa e Serra do Sol, o Ministro da InJustiça ‒ Tarso Genro, deu uma clara demonstração da “isenção” que as autoridades da República devem ter na resolução de conflitos deste gênero. Tarso, na época em que ainda não se tinha definido o tipo de demarcação, foi a Roraima para ouvir, apenas, as lideranças indígenas ligadas à ONG denominada Conselho Indígena de Roraima (CIR), que defendiam a demarcação contínua.

A Força Nacional e a Polícia Federal agiram como MEGANHAS, jagunços mesmo, de republiqueta de 5ª categoria seguindo à risca as ordens de Tarso. O jornalista Reinaldo Azevedo publicou, na época, um artigo mostrando a ação altamente condenável dos “Homens de Preto” ‒ a regiamente paga “Gestapo de Tarso Genro”. A ação truculenta da Polícia Federal (PF) é um exemplo legítimo dos procedimentos altamente “democráticos” que a camarilha petista instalada no Ministério da InJustiça tanto defende.

Tarso, fica claro a cada dia, é um perigo para a democracia. Está evidente que ele se aproveita das licenças concedidas pelo estado de direito para transgredi-lo e para turvar a democracia. Não conhecíamos, até agora, detalhes da ação da PF em Raposa Serra do Sol. Vimos apenas o que publicou uma imprensa notavelmente bem comportada [com o governo], que já tinha elegido [é o certo no caso, não “eleito”] os seus bandidos e os seus mocinhos.

Como é usual no Brasil, quem produz um alfinete que seja corre o risco de ir parar atrás das grades.

Pois bem, para ver o vídeo, acesse o link:

www.youtube.com/watch?v=XpYsvQnfAFY

Vale a pena ver o vídeo todo para ressaltar o ridículo de Tarso Genro e de seus Homens de Preto. Mas uma passagem, em especial, merece ser apreciada: a invasão da Fazenda Canadá, a partir de 06 min e 31 s. Os agentes chegam e se trava, então, o seguinte diálogo:

Proprietário ‒ Tem mandado judicial?

Policial ‒ Negativo.

Proprietário ‒ Não tem mandado judicial?

Policial ‒ Não temos mandado judicial.

Proprietário ‒ Então eu não vou permitir vocês entrarem sem mandado judicial.

Policial ‒ Então nós vamos entrar à força.

Proprietário ‒ Perfeitamente.

Policial ‒ Como está sendo feito em outras propriedades também.

Segundo Policial ‒ O Senhor pode esclarecer como o Senhor vai resistir a isso?

Proprietário ‒ Posso, posso, eu vou resistir...

Segundo Policial ‒ Como?

Proprietário ‒ Eu vou resistir dentro da legalidade, na Justiça.

Segundo Policial ‒ O Senhor vai resistir de alguma outra forma?

Proprietário ‒ Eu vou resistir dentro da legalidade, na Justiça.

Segundo Policial ‒ Ok. Tudo bem.

E os meganhas cortam o cadeado e invadem a fazenda. Sem mandado judicial. O diálogo acima é por demais eloquente.

Dispensa grandes considerações Observem, se vocês quiserem um motivo adicional para indignação que, mesmo depois de o proprietário ter deixado claro que vai resistir na Justiça, há uma espécie de provocação, tentando induzi-lo a dizer algo que caracterize resistência ativa à ação policial ‒ o que, certamente, levaria a PF a fazer o que fez com outro fazendeiro: meter-lhe algemas nos braços.

Este é o Estado Policial de Tarso Genro, o TROTSKISTA SURTADO. Como vocês bem sabem, a questão tramitava e tramita na Justiça, e os agentes federais jamais poderiam ter invadido uma propriedade sem mandado judicial. Como? “Não é propriedade?” “É tudo dos índios?” A questão, reitero, está “sub judice”.

É mais um abuso de autoridade patrocinado pelo Ministro da “Justiça”. (AZEVEDO, 2008)

Demarcações Ideológicas

O resultado final desse imbróglio todos nós sabemos: a demarcação foi feita a ferro e fogo. A imprensa comprometida ideologicamente não mostra o quadro atual que talvez sirva de reflexão para o caso de “Palmas”.

Os índios estão migrando para a capital de Roraima, Boa Vista, em busca de emprego e melhores condições de vida. Muitos deles gravitavam em torno das plantações de arroz e das pequenas propriedades rurais de “não índios”, trabalhando como operadores de máquinas, peões, etc.

Outros, atacados pelos facínoras do CIR procuram buscar segurança na capital do Estado. Não seria surpresa que, num futuro próximo, os Quilombolas venham a procurar apoio junto aos mesmos ruralistas, que sempre os apoiaram, e de quem hoje tentam surrupiar as terras.

Produtores Rurais e o Famigerado INCRA

Em abril de 2010, os produtores rurais estavam reunidos na Coxilha das Flores tratando da atitude a ser tomada para se defenderem do “Projeto dos Horrores” elaborado sorrateiramente pelo INCRA, onde, ignorando o direito à propriedade, sob um “suspeitíssimo” estudo antropológico, decidiram desapropriar pequenos produtores rurais para ampliar as áreas que os afrodescendentes já possuem, quando começou a correria. Três funcionários do INCRA, pilotando uma Picape cabine dupla do Governo Federal, passaram pela barreira de produtores com o intuito de dar início aos trabalhos. Os proprietários rurais se organizaram e impediram a vistoria por parte dos “Militantes Petralhas”, travestidos de funcionários do INCRA, que pretendiam iniciar o levantamento fundiário, do forjado território da Comunidade Quilombola de Palmas.

O assessor jurídico da Federação de Agricultura no Rio Grande do Sul [FARSUL] Nestor Hein conversou com os funcionários que se retiraram.

Nota do INCRA (Militância Petralha)

A Superintendência Regional do INCRA/RS, condenou a situação de conflito criada em Bagé pelos proprietários rurais, se esquecendo que eles mesmos é que fomentaram a confusão.

Resgate Histórico?

A demarcação de áreas em nome de um “Resgate Histórico” é um tremendo engodo, conversa para boi dormir. A “fabricação” de Comunidades Quilombolas está fomentando, no país, mais um “Apharteid Étnico” idêntico ao que se vê hoje implantado pelos indígenas da Raposa e Serra do Sol, em relação aos não índios.

Viúvas do Muro de Berlim

São as viúvas do muro de Berlim,
que ainda tentam ressurgir na América Latina.
(Gedeão Silveira Pereira)

O Vice-Presidente da FARSUL, Gedeão Silveira Pereira, recriminou a ação dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Cultura asseverando, categoricamente, que esses órgãos promovem a insegurança jurídica nas propriedades rurais e afirmando que:

‒Tentam aniquilar Bagé em termos de reforma agrária.

Testemunhos

O casal José Bayard Rodrigues, 72 anos, e Sônia Maria de Paula Rodrigues, 60 anos, contaram para a reportagem do Jornal Minuano que são descendentes de Quilombolas. Eles marcaram presença na reunião. “Isso que estão fazendo é uma ignorância, nos damos com todo mundo e moramos no que é nosso”, disse José Rodrigues. A esposa acrescenta que a situação só vai criar inimizades entre brancos e negros [...]. O ex-Vereador Antenor Teixeira, que é de Palmas, foi contundente durante pronunciamento. “Querem ver fora daqui brancos e negros”, bradou.

Ele lembrou a trajetória de amizade na região entre famílias das duas raças. Um produtor rural pediu a união dos moradores e falou que já passou por situação parecida com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra [MST]. “Não tenho vergonha de dizer que fui corrido da minha terra”, desabafou.

Alguns produtores que foram notificados não quiseram revelar nomes para a reportagem. O argumento deles é de que, com isso, poderiam ferir amizades com algumas famílias negras que residem na região. Os que se manifestaram afirmaram que não existiram

Quilombos em Palmas. O que aconteceu foi que estancieiros tinham o costume de doar pequenos lotes para capatazes e outros empregados. A informação é de que muitas dessas terras que foram doadas sequer foram escrituradas até hoje. (SOUSA)

Os Heróis da Amazônia e de Bagé

Não apenas os ruralistas, mas todos bajeenses deveriam se mobilizar contra os desmandos de um governo inepto e inconsequente, como fizeram, no passado, Plácido de Castro e Joaquim Caetano na longínqua Amazônia.

Nos dois históricos episódios em que tivemos de recorrer às armas para defender nossas fronteiras, na Amazônia tivemos êxito graças à ação invulgar desses dois gaúchos. No Acre, José Plácido de Castro, gaúcho de São Gabriel, liderou a “Epopeia Acreana” derrotando o exército boliviano apesar da falta de apoio do governo brasileiro. A Questão do Contestado Franco-Brasileiro, no Amapá, foi favorável ao Brasil graças aos argumentos insofismáveis de Joaquim Caetano da Silva, gaúcho de Cerrito (Jaguarão).

Perdemos o Pirara para os ingleses, porque as forças militares foram retiradas da região permitindo que os ingleses agissem aliciando indígenas com uma participação importante da Igreja luterana.

“Os Cães Ladram e a Caravana Passa”

Em resposta a meus artigos, os membros de ONGs, que faturam alto com a “fabricação” de Quilom­bos, publicaram a “ameaçadora” (estou “preocupadís­simo” com as tais ameaças) nota carregada das mesmas conotações racistas que tanto repudiam.

Nós, Quilombolas da Rede Quilombos do Sul, na Região da Campanha, representados pela FACQRS ‒ Federação de Comunidades Quilombolas do Estado do RS e nacionalmente pela Coordenação Nacional de Comunidades Rurais Quilombolas [CONAQ] reafirmamos a luta histórica e de resistência secular das Comunidades Quilombolas no Brasil. [...] Os mesmos que organizam um documento chamado o “Apartheid de Bagé”, que condena o segmento ruralista da primeira à última linha, acusando o laudo antropológico da Comunidade de Palmas realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul de falso, manifestando por escrito suas opiniões fascistas e criminosas, daqueles que não querem perder seus privilégios mantidos ao longo da história deste país, à custa da exploração dos negros e negras no campo e na cidade. [...]

Desta forma, esperamos que a hóstia seja proibida para os 50 fazendeiros, e todos os seus apoiadores como o Sr. Hiram com toda sua IRA [...] que a Polícia Federal exerça seu poder de Polícia sobre quem descumprir a Lei [Leve um Fazendeiro ao Menos para o Xilindró] no exercício pleno de Proteção as Comunidades Quilombolas [...]

... e, sobretudo, o ataque fascista e racista como é o documento intitulado o “Palmas, o Apartheid de Bagé” ‒ de autoria do Sr. Hiram Reis e Silva, Coronel Engenheiro, Professor do CMPA [Colégio Militar de Porto Alegre] contra o qual também tomaremos providências.

As Minorias Radicais

Basta que não se concorde com o posicionamento das “ditas minorias” para ser taxado de “fascista e racista”. Digo “ditas minorias” porque, estatisticamente na verdade, compõem a maior parte da população brasileira. Serão eles os únicos donos da verdade? Nas mais de trezentas palestras que fiz nos últimos dez anos, faço uma preleção do saudável caldeamento racial que gera, na nossa terra, os mais belos matizes de todos os continentes. Flui nas minhas veias o sangue valoroso dos Charruas, que nunca se dobraram a interesses vis e mercantilistas. Estes movimentos segregacionistas que apartam irmãos pela cor da pele não têm autoridade moral para acusar quem quer que seja de racista, pois eles é que estão fomentando este tipo de reação tão indesejada na sociedade moderna. O documento não menciona, intencionalmente, a reação dos negros, de Palmas, cujas glebas viriam a fazer parte do tal “Quilombo”. Estes pequenos produtores negros são contra a criação do “Quilombo”, pois têm certeza de que, no final de tudo, o fruto de seu suado trabalho irá parar no bolso dos fabricantes de “Quilombos”.

Demarcações Altamente Rentáveis

A excelente reportagem produzida pela Revista Veja mostra, claramente, como a política desencadeada pelo governo Lulla provoca a divisão dos brasileiros em raças e provoca a instabilidade e o terror. Os mestiços que moram nas proximidades de Quilombos declaram-se negros para não perderem o direito à terra e tornarem-se objeto de “desintrusões”.

Comunidades de caboclos, na região amazônica, assumem ares indígenas para pleitear demarcações antes que outras Comunidades vizinhas o façam e provoquem sua expulsão da área que habitam.

É o caos instalado em uma nação que permite que ONGs, muitas vezes estrangeiras, faturem alto produzindo laudos criminosos sem qualquer critério científico. É o Império dos critérios ideológicos e mercantilistas sobrepujando os científicos.

Bibliografia

 

AZEVEDO, Reinaldo. Tarso Genro o Trotskista Surtado ‒ Brasil ‒ São Paulo, SP ‒ Revista VEJA, Edição 2075, 27.08.2008.


 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

E-mail: hiramrsilva@gmail.com.

Galeria de Imagens

  • Revista Veja, 05.05.2010, Edição 2.163
    Revista Veja, 05.05.2010, Edição 2.163
  • Revista Veja, 05.05.2010, Edição 2.163
    Revista Veja, 05.05.2010, Edição 2.163
  • Revista Veja, 05.05.2010, Edição 2.163
    Revista Veja, 05.05.2010, Edição 2.163
  • MST
    MST
  • Jornalista Reinaldo Azevedo
    Jornalista Reinaldo Azevedo
  • Gedeão Silveira Pereira
    Gedeão Silveira Pereira

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 23 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X

Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória:  Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI

Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória:  Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas  T

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV

Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória:  Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III

Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória:  Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira  O jornalista H

Gente de Opinião Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)