Quinta-feira, 6 de outubro de 2022 - 10h33
(*), Bagé, 07.10.2022
A política indigenista do
atual governo é caótica, incoerente e irresponsável. A soberania está ameaçada
quando se tem centenas de ONGs estrangeiras que deixam as fronteiras
vulneráveis. (José de Anchieta Junior ‒ Gov. de Roraima)
João Américo Peret ‒ Indigenista “BRASILEIRO”
João
Américo Peret, um dos mais renomados indigenistas do país, é também arqueólogo,
escritor, jornalista, acadêmico, roteirista cinematográfico e fotógrafo. Como
indigenista trabalhou no Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e a Fundação
Nacional do Índio (FUNAI) no período de 1950 a 1970 tendo convivido, nesta
época, com o Marechal Rondon e sertanistas conhecidos como os irmãos Villas
Boas, Francisco Meirelles e Gilberto Pinto. Participou da criação do Museu do
Índio e da criação da “Comissão Pró-Índio”,
no Rio de Janeiro; atualmente participa do “Movimento
em Defesa da Economia Nacional” e do “Centro
Brasileiro de Estudos Estratégicos”, organização voltada às questões
indígenas e problemas de fronteiras.
Foi
confirmado o conhecimento de que a questão indígena atinge uma gravidade capaz
de pôr em risco a segurança nacional. Considerando a atual reivindicação de
autonomia e a possibilidade de futura reivindicação de independência de nações
indígenas, o quadro geral está cada vez mais preocupante, especialmente na
fronteira Norte.
As organizações não governamentais [ONGs], algumas controladas por
governos estrangeiros, adquiriram enorme influência, na maioria das vezes usada
em benefício da política de suas nações de origem, em detrimento do Estado
brasileiro. Na prática, substituem, nas áreas indígenas, o governo nacional.
(Grupo de Trabalho da Amazônia)
Peret critica a
FUNAI que, segundo ele, vem sendo omissa e conivente com a proliferação de ONGs
nas áreas indígenas. “Hoje é comum se
encontrar uma jovem graduada em antropologia, amasiada com líderes indígenas e
administrando ONGs em causa própria”.
Em relação à
reserva Raposa e Serra do Sol disse que os índios do CIR são “marionetes” com operadores, inclusive,
internacionais. Em relação à desintrusão dos não índios, Peret relata que a
maioria deles tem relação de parentesco ou amizade com os índios:
Como vão
aceitar que lhe retirem o avô? O pai? O tio? O primo? O compadre? O índio é
muito ligado aos parentes. Também, não existe unanimidade das lideranças
indígenas quanto à demarcação contínua ou em ilhas da região Raposa e Serra do
Sol.
Responsabilidade pela demarcação
A decisão
memorável da demarcação da Raposa e Serra do Sol repousa nas mãos dos ministros
do STF e nos remete a um problema que se arrasta há décadas que é permitir que
a demarcação das terras ocupadas pelos índios seja atribuição exclusiva do
executivo. Estudos realizados por diversas Comissões Legislativas já indicaram
quais as medidas adequadas para que isso fosse feito.
Infelizmente,
estas ainda se arrastam nos intermináveis corredores da burocracia política. Quem
sabe os últimos eventos em Roraima tenham sacudido a letargia de nossas
lideranças do legislativo e os Projetos que existem venham a ser avaliados e
aprovados.
Comissão Externa Reserva Indígena Raposa Serra do Sol
(31.03.2004)
A Comissão Externa destinada a avaliar, in loco, a situação da demarcação
em área contínua da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, no estado de Roraima
lembra que:
É certo que o interesse de proteção das comunidades indígenas há de ser
respeitado, nos moldes do art. 231 da Constituição Federal. Cumpre, entretanto,
lembrar que a Constituição é patrimônio de todos os brasileiros.
A proteção que ela oferece vai muito além do citado artigo, e suas
disposições alcançam cada grupo, cada etnia e cada cidadão, para que, na
proteção de cada um de nós, o bem coletivo se realize.
Sendo a Carta Magna uma unidade normativa, cabe interpretar a proteção ao
interesse das comunidades indígenas de forma a não prejudicar - como no caso,
gravemente – interesses legítimos e igualmente tutelados pelo texto
constitucional. [...]
O relator sugere ainda que:
Ante todo o
exposto, entendemos absolutamente necessária “nova identificação” das terras destinadas à reserva indígena Raposa
Serra do Sol, dela retirando as áreas cujo aproveitamento é fundamental para a
economia do Estado, bem como uma faixa de 15 km ao longo da fronteira do Brasil
com a Guiana e a Venezuela, aí incluído o Município de Uiramutã.
Isto se fará com vistas à preservação da paz social e à garantia da
segurança nacional e da ordem constitucional no Estado de Roraima. (LINDBERG
FARIAS)
Conclusão
As proposições a seguir não visam a, tão-somente, sugerir alterações para
as futuras demarcações, mas reavaliar e alterar os limites de reservas já
demarcadas.
Demarcação: é necessário e
urgente regulamentar o artigo 231 da Constituição para que não tenhamos de
enfrentar, no futuro, problemas similares aos que estão ocorrendo em Roraima e
que colocam vidas humanas e a soberania nacional em risco;
Fronteiras: acreditamos que é
uma necessidade alterar os limites das TIs nas regiões de fronteiras com outros
países retirando delas uma faixa de 15 a 20 km ao longo de toda fronteira;
Áreas estratégicas e habitadas:
deve-se deixar de fora dos limites propostos, povoados e áreas cujo
aproveitamento seja importante para a segurança, economia e desenvolvimento dos
estados como o aproveitamento do potencial hidrelétrico, exploração mineral,
pesquisa biogenética dentre outros;
Presença do Estado: é preciso
aumentar a presença do Estado nestes rincões, principalmente com a presença
ostensiva das Forças Armadas ocupando, estrategicamente, o espaço Amazônico;
ONGS: há que se ter uma
postura mais vigilante em relação às ONGs que atuam na área, sobretudo em
relação àquelas que se identificam como religiosas, mas que, na verdade, são
‘lobos em pele de cordeiro’ acobertados sob o manto da fé e da evangelização;
Recursos: os recursos encaminhados para
as entidades não-governamentais devem ser destinados às Forças Armadas que
terão, então, condições de proporcionar assistências educacionais, médicas e
sanitárias aos povos da floresta, sem sectarismos nocivos, evitando, ainda, o
desvio de recursos que ora vêm ocorrendo.
Miscigenação: impedindo a demarcação
contínua de grandes reservas estaremos evitando o isolamento dos povos
indígenas permitindo sua integração com a sociedade e combatendo o racismo e a
segregação que tão veementemente refutamos e, em consequência, promovendo esse
intercâmbio racial que nos identifica como povo. Como diria Darcy Ribeiro:
Nós, brasileiros,
somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no
espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos
feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos viveu por séculos
sem consciência de si. Assim foi até se definir como uma nova identidade
étnico-nacional, a de brasileiros.
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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