Sexta-feira, 21 de outubro de 2022 - 06h05
Bagé, 21.10.2022
Jornal
do Commércio, n° 160
Rio de Janeiro, RJ – Sábado, 16.04.2005
Governador
quer Recorrer ao STF
Contra a Homologação
O Governador de Roraima, Ottomar Pinto [PTB], disse em Boa Vista que
recorrerá ao Supremo Tribunal Federal [STF] da decisão do Governo Federal de
homologar a terra indígena Raposa Serra do Sol como área contínua. A declaração
foi feita depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinar, em
Brasília, o decreto de homologação da reserva, que ocupa uma área de 1,7 milhão
de hectares no Nordeste do Estado. Ottomar Pinto disse que, na segunda, estará
em Brasília, onde vai procurar um especialista para defender o Estado na
questão. Segundo ele, se necessário, “recorrerá
até a ONU”. “O Governo [estadual] não
vai promover a desobediência civil, mas não será complacente com a intervenção
federal branca em Roraima, que inviabilizará a atividade produtiva do Estado”.
Pela decisão do Governo Federal, arrozeiros e fazendeiros que tenham
propriedades dentro da terra indígena terão de ser realocados e serão
indenizados. O Governo de Roraima é favorável à permanência na área. Dados da
Fundação Nacional do Índio [FUNAI] apontam que existem cerca de 40 fazendas
dentro da terra indígena.
[...] Os arrozeiros prometem um protesto hoje na capital do Estado contra
o Governo Federal. Para o Presidente da Cooperativa Grão-Norte, José Dirceu
Vinhal, mantendo a retirada dos arrozeiros da terra indígena, o Governo Federal
“mais uma vez mostrou seu desrespeito com
a população de Roraima”. Vinhal disse que os arrozeiros resistirão a deixar
a área. A homologação anunciada ontem foi motivo de festa na sede do Conselho
Indígena de Roraima [CIR].
No início da noite, cerca de cem pessoas estavam no local para celebrar a
homologação. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, contou que o
presidente Lula estava muito alegre ao assinar o decreto de homologação.
Segundo o ministro, Lula fazia questão de tomar a medida antes da comemoração
do Dia do Índio, na próxima terça-feira. Afirmou Thomaz Bastos:
Esse é um momento fundamental na história das causas indígenas, por isso
o presidente fez questão de assinar essa homologação hoje [ontem], para marcar
sua determinação e sua vontade, expressa no seu programa de governo, de
resgatar essa dívida com os povos indígenas. (JDC, N° 160)
Jornal
do Commércio, n° 162
Rio de Janeiro, RJ – Terça-feira, 19.04.2005
Roraima
– Governador Decreta Luto de Sete dias no Estado
Ottomar
Recorre à Justiça
Contra Área Indígena
O |
Governador de Roraima, Ottomar Pinto [PTB], protocolou ontem uma ação na
Justiça Federal contra a homologação da TIRSS, anunciada na sexta-feira passada
pelo Governo Federal.
O Governador também decretou luto oficial de sete dias no Estado em razão
da decisão da União. A ação, com pedido de liminar, pede que sejam suspensos os
efeitos do Decreto Presidencial que homologou a reserva – uma área de 1,7
milhão de hectares no Nordeste do Estado.
Ottomar Pinto deu entrada na ação, na 1ª Vara da Justiça Federal de Boa
Vista, em seu próprio nome, e não como chefe do Executivo do Estado. “Como cidadão que vive em Roraima, sinto-me
no direito de recorrer à Justiça em meu nome e em nome daqueles que dependem de
mim e que estão tendo seus interesses contrariados”, declarou.
Ontem, foi
publicado o decreto 6.289, no qual o Governador determina luto oficial de sete
dias no Estado. No documento, Ottomar Pinto considera que a portaria do Governo
Federal “agride o sentimento nativista
dos brasileiros de Roraima, projetando mágoas e ressentimentos na população”.
Governo
é Acusado de
Intervenção Branca
O governo é
contrário à retirada de fazendeiros, arrozeiros e outros integrantes da
população não-índia de dentro da reserva. No dia em que Lula homologou a área,
Ottomar Pinto afirmou que “não será
complacente com a intervenção branca em Roraima”. Na Câmara dos Deputados,
em Brasília, o Deputado Pastor Frankembergen [PTB-RR] cobriu-se com uma bandeira
de Roraima e subiu à tribuna para protestar contra a homologação da reserva. “Até quando nós, os roraimenses, teremos que
suportar essa insana política da FUNAI, voltada exclusivamente para a
demarcação de áreas e mais áreas de terra sem critérios justificáveis e em
total desrespeito ao cidadão, sejam índios ou não índios?”, criticou o
Deputado.
Para que
sejam efetivadas as determinações do Decreto Presidencial, 60 homens da Polícia
Federal e 40 da Polícia Rodoviária Federal chegaram a Boa Vista no final de
semana. A operação que pretende garantir a implantação das resoluções federais
no Estado foi denominada Upatakon, que, na língua Macuxí, significa “nossa terra”. No sábado, houve protesto
de arrozeiros e índios que são contra a homologação contínua, em frente à sede
do Governo. Não houve conflito. Ontem não foram registradas manifestações na
capital do Estado, segundo a polícia.
Lula diz que Dívida
vai Além de Demarcação
Depois de
efetivar a homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, na
última sexta-feira, o desafio do Governo Federal é oferecer benefícios que
garantam sustentabilidade aos índios que vivem na região. Na avaliação do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o resgate da dívida com os indígenas vai
muito além da homologação definitiva das terras.
“Não basta demarcar a área, não basta
homologar. Uma vez homologada, uma vez demarcada, é preciso que a gente dê
acesso a benefícios que todo ser humano tem que ter, acesso ao trabalho, ao
conhecimento, à saúde, à alimentação, à educação. São coisas que nós temos que
fazer”, afirmou Lula, ontem, durante o programa de rádio “Café com o Presidente”.
Lula também afirmou que o Governo Federal vem conseguindo garantir esses
benefícios à população brasileira, mas admitiu que o ritmo de implementação
das medidas às vezes é mais lento do que a sua própria vontade. “Estamos fazendo, possivelmente, não no
ritmo que nós mesmos desejamos fazer, mas no ritmo em que a gente pode fazer”,
disse.
Promessa
de Continuar
Processo em Outras Terras
Segundo o presidente, o Brasil tem dívidas “seculares” com os pobres, índios, nordestinos e sem-terra. E por
serem dívidas históricas, ele afirmou que não é possível pagá-las de uma única
vez. O presidente afirmou ainda que o Governo vai continuar com o processo de
demarcação de outras terras indígenas no país. “Vamos continuar demarcando outras terras, porque temos que pagar a
dívida que temos com os índios. Afinal de contas, temos que reconhecer que eles
tem direito, mais do que alguns pensam que eles tem”. O presidente Lula
ressaltou também em seu programa a importância da recente viagem que fez a
cinco países africanos [...].
Lula acredita que, depois de ter dedicado os dois primeiros anos de seu
mandato ao fortalecimento das relações com países da América do Sul, chegou a
hora de o Brasil resgatar a dívida histórica que tem com os africanos.
“O papel do Brasil é ser solidário,
porque eu acho que é uma dívida que nós temos, histórica, com a África. O
Brasil pode ajudá-los porque nós temos história junto com eles. Porque nós
temos mais tecnologia, somos mais ricos, temos mais indústria, mais
conhecimento científico. Portanto, a gente pode ajudar muito mais esses países”.
(JDC, N° 162)
Jornal
do Commércio, n° 163
Rio de Janeiro, RJ – Quarta-feira, 20.04.2005
Lula
Demarca mais Cinco Áreas Indígenas
O |
Presidente
Lula assinou ontem, durante solenidade em homenagem ao Dia do Índio, a
homologação de 5 reservas indígenas na Amazônia, com um total de 599 mil
hectares. As terras são ocupadas pelos índios Wapixanas e Macuxís [Roraima],
Kaixanas e Kokamas [Amazonas], Karajás, Avá-canoeiros e Javaés [Pará e
Tocantins].
“Temos que cuidar, de forma carinhosa, para
não permitir que, depois de demarcada uma terra, os índios sejam afrontados por
fazendeiros que poluem rios e derrubam matas”, disse o presidente. A Casa
Civil informou que uma sexta área, a Terra Indígena Inãwébohona, deve ser
homologada nos próximos dias.
Em relação às ameaças de produtores de arroz contrários à demarcação da
reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, o presidente Lula assegurou a 27 lideranças
indígenas que não vai permitir a violência por parte de fazendeiros. Lula
também prometeu energia elétrica e direitos básicos, como saúde, educação e
alimentação, nas aldeias. Lula, no entanto, pediu paciência para implantar as
medidas. “Essas coisas não acontecem do
dia para a noite e com a rapidez que o próprio governo espera. Vai levar muitos
anos para que a gente consiga devolver aquilo que um dia foi tirado de vocês”,
disse aos índios.
Em nome do Governo, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, pediu
perdão pelas mortes de índios ao longo da história. “Estamos também pedindo perdão às nações ([1])
indígenas pela situação de violência, de
esmagamento e força bruta que se levantou contra elas”, afirmou. No
discurso, o Ministro rebateu críticas de setores do agronegócio, de que os
índios têm muita terra.
O ministro observou, levando em conta estudos antropológicos, que a
relação do índio com a terra envolve questões míticas e culturais. “A importância da terra para o índio não pode
ser medida de acordo com o direito romano e o direito de posse e propriedade, é
algo mais amplo e mítico”, disse.
A homologação da demarcação da reserva em Roraima, na semana passada, foi
o único fato comemorado no Dia do índio pelos caciques. Entidades que atuam na
área lembraram a morte de 15 crianças guaranis por desnutrição nas aldeias de
Dourados, Mato Grosso do Sul, em janeiro e fevereiro.
O índice de crianças mortas no ano passado na região foi de 64 por mil
nascidas. A média nacional é de 25 mortes por mil. As entidades também
recordaram 19 assassinatos de índios ocorridos no Estado. O presidente comentou
o preconceito contra os índios. “Durante
muitos anos, na escola brasileira, se falou que o índio era preguiçoso, por
isso o Brasil tinha de importar, trazer escravos da África. Na verdade, vocês
querem, como qualquer cidadão digno, a oportunidade de provar que são capazes
de viver por conta própria e às custas do próprio trabalho”.
Caciques
dão Presentes e Fazem
Pedidos ao Presidente
O cacique Jacir Manai, um dos que lutaram pela demarcação da reserva
Raposa Serra do Sol, disse que não lembraria os sofrimentos dos povos indígenas
da área, que perderam parentes, mortos nas disputas com brancos. Ele deu a Lula
uma peça de cerâmica e um boné de fibra de buriti. O líder Macuxí convidou o
presidente para uma festa, em setembro, para comemorar a demarcação.
O cacique Raoni, da etnia Caiapó, presenteou o presidente com uma borduna
e pediu que a saúde e a educação dos índios voltem a ser responsabilidade da
Fundação Nacional do Índio [FUNAI]. Há dez anos, a saúde e a educação dos povos
indígenas estão a cargo da Fundação Nacional da Saúde [FUNASA].
A solenidade no Planalto mostrou divergências entre as etnias. Ao ganhar
uma bandeira do Brasil do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, uma líder
da tribo Pankararu, do Nordeste, reclamou que os índios de grandes centros
podem parecer com os brancos, mas são índios, numa crítica aos caciques da
Amazônia que não veem semelhanças entre eles. “A gente pode até ser igual a branco, mas sabe dançar toré muito bem”,
disse a índia.
A reação mais radical à homologação da reserva indígena Raposa Serra do
Sol, em Roraima, vem sendo articulada por um grupo de plantadores de arroz
liderado pelo Prefeito de Pacaraima, Paulo César Justo Quartiero [PDT].
O prefeito defende abertamente uma resistência armada ao processo de retirada
da população não-índia.
Desde que o Governo anunciou o decreto que homologou a demarcação de 1.7
milhão de hectares, englobando na reserva os cerca de 100 mil hectares usados
pelos arrozeiros, Quartieiro vem estimulando a desobediência à decisão e o
enfrentamento às Forças Federais. A mais recente articulação de Quartieiro tem
pretensão de estender o movimento à Venezuela. “A nós, brasileiros de Pacaraima, restam duas opções: reagir ou aceitar
o aniquilamento. Optamos pela reação”. diz um dos trechos da carta que ele
enviou ao prefeito de S. Elena, na Venezuela, Manuel de Jesus Vallez.
Na carta, Quartieiro reclama que Pacaraima está sitiada por Forças
Federais e afirma que a decisão do Governo brasileiro acaba com o sonho da
integração e do mercado comum entre Brasil e Venezuela. Pacaraima fica na
fronteira e desenvolve um comércio praticamente livre com a Venezuela. O
Prefeito pediu ajuda de Vallez para marcar uma audiência com autoridades da
chancelaria venezuelana em busca do apoio do presidente Hugo Chaves para a
questão.
O argumento usado pelo Prefeito é de que toda a faixa de fronteira está
virando território de organizações não-governamentais americanas com a finalidade
de minar a influência de Chaves no continente sul-americano por sua política
anti-Estados Unidos. Em reunião dos produtores com o Governador Ottomar Pinto
[PTB], um dia depois de anunciado o Decreto, o Prefeito defendeu abertamente a
resistência armada, afirmando que a homologação na prática representa uma
Intervenção Federal e a transformação de Roraima em um Estado virtual, uma vez
que perde metade de seu território e sua capacidade econômica. Ele falou em
separatismo e pediu que o Governador comandasse a resistência. (JDC, N° 163)
Jornal
do Brasil, n° 14
Rio de Janeiro, RJ – Sexta-feira, 22.04.2005
Índios
Macuxís Criticam
Homologação de Reserva
Representantes
de Comunidades Indígenas de Roraima Temem Ficar Isolados
BOA VISTA ‒ O prefeito de Normandia [RR], Orlando Justino [PSB], teme que
a homologação contínua das terras indígenas Raposa Serra do Sol possa isolar
comunidades indígenas.
A preocupação é compartilhada pelos índios tuxauas Macuxí Gabriel
Silveira e Anastácio da Silva, das comunidades Raposa e Patativa,
respectivamente – ambas localizadas no município. Disse o Prefeito, que se
autodenomina Macuxí:
‒ Nós já temos 200 anos de contato com os
não-índios, nossa situação é muito diferente daquela vivida pelos Ianomâmi.
Hoje, a comida consumida na área indígena vem da cidade. Se o Lula não se
reeleger e o próximo Presidente não apoiar os indígenas, quem vai garantir
nossa sobrevivência?
Gabriel informou que os 800 Macuxí que vivem na comunidade plantam seu
próprio alimento, como no caso do milho e da mandioca. Mas confirmou que a
dependência em relação ao Estado é grande:
‒ Há hoje 23 professores Macuxí, funcionários
públicos estaduais, na Raposa. Eles temem perder o emprego contou.
O Governador
de Roraima, Ottomar Pinto [PTB], já afirmou que vai tirar da terra indígena
todos os serviços prestados pelo estado.
Para o
Prefeito de Normandia, o outro lado negativo da homologação contínua da reserva
é o fato de expulsar os 15 produtores de arroz que lá trabalham. Os arrozeiros,
porém, não pagam impostos à prefeitura. Argumentou Orlando:
‒ A gente está
elaborando o Código Tributário Municipal e a saída dos arrozeiros de Normandia
frustrou nossa expectativa de aumento de receita.
Segundo ele, a atual verba da Prefeitura, de cerca de R$ 45 mil mensais,
vem de repasse federal, do Fundo de Participação dos Municípios [FPM].
Ainda, segundo o Prefeito, Normandia tem quase sete mil habitantes, dos
quais quatro mil vivem na sede do Município.
‒ Não sei exatamente os marcos da
reserva indígena, mas creio que 80% de Normandia ficaram dentro da Raposa Serra
do Sol.
Ontem foi o quarto dos sete dias de luto oficial decretado pelo
Governador de Roraima em função da homologação da terra indígena.
Para a antropóloga Mônica de Freitas, da Secretaria de Estado do Trabalho
e Bem Estar Social, a população está sendo vítima do terrorismo ideológico.
‒ As pessoas são contra a Raposa Serra do Sol
sem nunca terem ido lá. Elas não sabem que no fundo defendem apenas meia dúzia
(?) de arrozeiros.
O vereador de Normandia. Eduardo Oliveira [PDT] resumiu o clima de hoje
na capitai de Roraima.
‒ Aparentemente, é mais um feriado tranquilo.
Mas há muita tensão e incerteza no ar.
Rádio
Faz Campanha Contra Lula
Uma das
principais rádios de Roraima, a Equatorial FM, iniciou uma campanha para
incitar a população do Estado a reagir contra a homologação da reserva indígena
Raposa Serra do Sol. A Equatorial FM chegou a transmitir ao vivo os discursos
feitos nos trios elétricos por lideranças de produtores de arroz e por
políticos contrários à demarcação da reserva indígena. Desde o último dia 15,
quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto de homologação,
aconteceram três protestos na Praça Central de Boa Vista.
‒ Somos
totalmente contra. O presidente Lula e o Ministro Thomaz Bastos estão
entregando o país – afirmou o diretor e comentarista da rádio, Márcio
Junqueira.
Junqueira
administra a Sociedade Rádio Equatorial Ltda ao lado do empresário
José Renato Haddad.
Representantes
dos índios favoráveis à demarcação da reserva vêm afirmando que o intuito do
radialista, ligado ao PDT, é usar a situação como palanque visando uma cadeira
de Deputado Estadual nas próximas eleições.
Questão
é Controversa
[Luís Orlando Carneiro]
BRASÍLIA – A homologação da demarcação contínua da reserva indígena
Raposa Serra do Sol, em Roraima, determinada pela Portaria 534 do Ministério da
Justiça, no dia 15 – sem a exclusão de núcleos urbanos instalados na região há
mais de 100 anos e de extensas plantações de arroz está longe de uma solução
jurídica definitiva.
O Supremo Tribunal Federal já foi provocado por uma ação cautelar do
Senador Mozarildo Cavalcanti [PTB-RR] e o Governador Ottomar Pinto entrou com
uma ação popular na Justiça Federal de Roraima, depois de ter decretado sete
dias de luto no Estado, em sinal de protesto contra a portaria.
O Presidente
da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, em Roraima, Antônio Oneildo
Ferreira, afirmou ontem que a Portaria preservou – na imensa região de quase
800 mil hectares – as áreas fronteiriças, um quartel do Exército, o Núcleo
Urbano do Município de Uiramutã e as estradas federais e estaduais, mas vai “transformar milhares de pessoas não-índias,
que lá vivem há décadas, em verdadeiros palestinos”.
‒ É preciso respeitar os direitos das minorias indígenas, fazer a
demarcação da área de forma a acomodá-los,
mas sem sobrepor os direitos dos índios aos não-índios – acrescentou o Presidente da seccional da
OAB. Todos vivem lá de forma harmoniosa.
A demarcação deveria ter excluído núcleos urbanos instalados na região desde
1908, como a Vila de Socó, colonizada por um não-índio, Severino Mineiro, que
ajudou a empurrar a fronteira do país para mais longe.
No dia 14, o STF extinguiu todas as ações que questionavam a demarcação
da reserva indígena, porque a maioria dos ministros considerou prejudicadas
todas as ações que estavam em curso sobre a questão, por “perda de objeto”. Ou seja, a nova portaria do Ministério da Justiça
alterou “de forma substancial” a
portaria de 1998, que era objeto de diversas ações.
O relator da reclamação do MPF foi o ministro Ayres Britto. No dia
seguinte, o Senador Mozarildo Cavalcanti ingressou no Supremo com ação cautelar
para suspender os efeitos da nova Portaria 534, argumentando, inclusive, que
Ayres Britto levou o assunto ao plenário antes mesmo de a portaria ter sido
publicada.
A liminar pede que sejam agora suspensos os efeitos não só da Portaria
534, como “de toda e qualquer portaria
que obstrua o andamento judicial das ações que venham a discutir o processo
administrativo da demarcação da reserva”. (JDB, N° 14)
Bibliografia
JDB,
N° 14. Índios Macuxís Criticam
Homologação de Reserva – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Jornal do Brasil, n°
14, 22.04.2005.
JDC,
N° 160. Governador quer Recorrer ao STF
Contra a Homologação – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Jornal do Commércio,
n° 160, 16.04.2005.
JDC,
N° 162. Roraima – Governador Decreta
Luto de Sete dias no Estado – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Jornal do
Commércio, n° 162, 19.04.2005.
JDC,
N° 163. Lula Demarca mais Cinco Áreas
Indígenas – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Jornal do Commércio, n° 162,
20.04.2005.
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H