Quarta-feira, 19 de outubro de 2022 - 06h05
Bagé, 19.10.2022
São conhecidas as aspirações da nossa estimável irmã
da América do Norte, a respeito da borracha; é notório seu
apreço pelo torrão maravilhoso
possuído pelo Brasil
nas margens amazônicas; são bem conhecidas as
transações ultimamente efetuadas no estrangeiro
a respeito de grandes trechos daqueles vastos e
ferocíssimos territórios; e, mais cedo ou mais tarde,
dentro de pouco tempo, talvez fiquemos privados
daquelas zonas, as vejamos em mão estrangeiras ([1]).
Meu “interesse” pela Amazônia foi despertado
nos idos de 1978/79 quando participei, como Tenente Chefe da Equipe de
Terraplenagem do 9° Batalhão de Engenharia de Construção (9° BEC), sediado em
Cuiabá, MT, da construção da BR-364 e BR-070. Digo construção porque a antiga
estrada, implantada pelos nossos destemidos pioneiros, servia agora apenas de
caminho de serviço. Trabalhava satisfeito de segunda a domingo, das 05h30 à
22h00, cumpria dois plantões por semana com rondas às 24h00, 02h00 e 04h00,
mais de 130 horas semanais, durante 8 meses por ano, em prol da integração da
nossa Amazônia. Esse “interesse” pela
Amazônia transformou-se em “amor”
quando comandei como Capitão de Engenharia, e Comandante da 1ª Companhia de
Engenharia de Construção, instalada no Norte de Amazonas, limite Sul da Reserva
Waimiri-Atroari (WA), subordinada ao 6° BEC (sediado em Boa Vista, RR), nos
idos de 1982/83, tendo como principal missão a manutenção da BR-174.
A falta de
recursos, a distância da sede do Batalhão, pontes de madeira desabando, bueiros
ruindo, formação de atoleiros imensos no “inverno
amazônico”, atendimento aos familiares, instalados precariamente na sede da
Companhia, e à população indígena ‒ na época muito amiga e totalmente
dependente de nossa Seção de Saúde, ter de conviver com um ex-Padre, pedófilo,
na época chefe do Posto de Atração da FUNAI, com um arredio antropólogo inglês
à soldo de interesses inconfessos que esboçou um arremedo de falaciosa e inútil
tese sobre os WA e, além de tudo isso, acompanhar de perto a instalação das
minas do Pitinga e construção da hidrelétrica de Balbina e suas consequências
para a BR-174.
Em 1999, já como
Coronel antigo, conclui o Curso de Guerra da Selva, um sonho acalentado desde
que era aluno do Curso Científico do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA),
incentivado pelo Capitão Cav Francisco de Paula Barcellos da Silva, chefe da
seção de Educação Física e instrutor do Curso de Infantaria do CMPA. Nos
exercícios de campo, eu e os demais alunos, ouvíamos atentos seus relatos sobre
o Curso e planejávamos um dia, quem sabe, ostentarmos o “Brevê da Onça”. No curso tomei conhecimento de outras questões
ligadas à segurança e soberania nacionais e foi então que meu amor pela
Amazônia transformou-se em “paixão”.
Por ocasião da brevetação, o General Luiz Gonzaga Schroeder LESSA, meu
ex–Diretor de Informática e então Comandante Militar da Amazônia (CMA),
insistiu para que eu assumisse o compromisso de trazer ao povo do Rio Grande do
Sul uma visão mais realista das questões que afligem a Região Amazônica. Desde
o ano de 2000 que viemos cumprindo este acordo computando até o dia de hoje
mais de 700 palestras realizadas.
Vamos repercutir,
a seguir, uma série de notícias sobre a famigerada demarcação contínua da Terra
Indígena Raposa “E” Serra do Sol
(TIRSS). Lembro que ao pesquisar sobre o tema no ano de 2000, colhendo
material para minhas palestras, o número de notícias nacionais relacionadas à
questão representavam menos de 5% do total de links apresentados pelo Google,
uma demonstração inequívoca da criminosa orquestração internacional para
colocar em cheque nossa soberania. Infelizmente nossos últimos políticos, procurando
mais reconhecimento de nações estrangeiras do que atender aos interesses
nacionais homologaram a demarcação de áreas maiores que muitos países da Europa
sem levar em conta para qualquer embasamento científico, técnico ou
estratégico.
Collor Entreguista
Nenhum dos
grandes cientistas e exploradores anônimos que cruzaram os vales do Urariquera
e Orenoco avistaram quaisquer índios com nome “Ianomâmi”. Em seu estudo “Índios
do Brasil”, edição do Ministério da Agricultura, Conselho Nacional de
Proteção aos Índios, publicação n° 98, volume II, edição 1958, o maior e mais
respeitado indigenista brasileiro – Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon,
não faz qualquer alusão aos “Ianomâmi”
dentre as tribos levantadas na região. A reserva “Ianomâmi”, projetada inicialmente com uma área aproximada de 2,4
milhões de hectares, foi ampliada para 5 milhões de hectares tão logo foram
conhecidos os primeiros resultados do levantamento dos recursos minerais da
Amazônia executados pelo Projeto Radam-Brasil, em 1975. Na data de sua criação,
a Portaria 580, de 15 de novembro de 1991, assinado pelo então Presidente
Fernando Collor, passou para 9,4 milhões de hectares.
“Curiosamente” esta ampliação
permitiu que as grandes reservas de minerais nobres (ouro, estanho, minerais
radioativos e o nióbio da região dos seis lagos), detectados pelo Radam-Brasil,
ficassem dentro da reserva. A Survival-International (SI) foi fundada em 1969,
com a finalidade precípua de inventar os “Ianomâmis”
e criar a reserva. Robin Hanbury-Tenison, presidente da SI, em 1971, fez
diversos reconhecimentos na região, realizou estudos geopolíticos e levantou
possíveis eixos de integração Sul-americana. No seu livro “Worlds Apart”, ele reporta que esses roteiros foram indicados
pessoalmente pelo príncipe Philip. A criação da reserva representaria um
bloqueio físico a qualquer integração que permitisse o desenvolvimento da
região.
Fernando
Henrique mais um Traidor
Fernando Henrique Cardoso, em 14.04.1998, homologou cinco terras
indígenas em São Gabriel da Cachoeira, região conhecida como Cabeça do Cachorro,
num total de 10,6 milhões de hectares.
TIRSS
São cinco etnias e pouco mais de 15.000 indivíduos, para as quais foi
demarcada aleatoriamente uma área contínua de 1.747.000 hectares, prejudicando
definitivamente a economia do estado de Roraima, dificultando a construção de
hidrelétricas, segurança das linhas de transmissão e atividades das mais
diversas instituições federais.
Modelo Tikuna
O
grupo Tikuna, a mais numerosa etnia da Amazônia Brasileira (54.000), está
distribuída em 24 Terras Indígenas demarcadas descontinuamente.
O Tuxaua Ticuna
João Farias Filho, da Comunidade de Feijoal me perguntou, quando lá estive de
01 a 03.12.2008, porque as ONGs não apareciam nas TI dos Ticuna e respondi-lhe
que: na calha do Rio Amazonas a ocorrência de minerais nobres é bastante
reduzida e, por isso, esses “altruístas
benfeitores” focavam sua atenção principal no Escudo das Guianas.
Caso as TI Ticuna fossem demarcadas de forma contínua de Tabatinga à Tefé, metade da Bacia do Solimões seria reserva Ticuna.
Atentados à Soberania
Jornal
do Commércio, n° 38.294
Manaus, AM – Quinta-feira, 22.03.2001
Território
de Roraima
Quintão
Defende Revisão de Reserva
[Tânia Monteiro]
Boa Vista
[AE] – O Ministro da Defesa, Geraldo Quintão, chamou de “um erro” a demarcação dos 8 milhões de hectares da reserva indígena
Ianomâmi, em Roraima, e sugeriu que esta decisão do ex-presidente Fernando
Collor poderia ser revista. “É uma questão
muito delicada, aqui e no exterior, mas que precisa ser
discutida pela sociedade”,
argumentou. Quintão não vê, no entanto, possibilidade de o erro ser reparado de
imediato.
“Pode ser que amanhã algum Presidente da República queira consertar isso, mas, por enquanto, é muito cedo”.
Quintão admitiu já ter discutido o assunto com o presidente Fernando
Henrique, mas não quis revelar a posição dele sobre o “polêmico tema”.
As afirmações do Ministro foram feitas em Uiramutã [RR], onde o Exército
tenta construir um quartel ([2]),
embargado por causa de uma liminar na Justiça obtida pelo Conselho Indígena de
Roraima [CIR].
Quintão
defendeu a instalação do Pelotão de Fronteira e disse que o principal objetivo
daquela organização ([3]) é formar uma área contínua da reserva indígena Raposa
Serra do Sol para ser classificado no
futuro como um território internacional.
Polêmica ‒
Uma das alegações do Conselho Indigenista para evitar a construção do quartel
de Uiramutã, a 300 km de Boa Vista, é que soldados estavam assediando índias.
Quintão e todas as autoridades militares da região negam as acusações alegando
que a foto publicada em uma revista ligada à ONG, onde índias tomam banho em
uma cachoeira ao lado de supostos militares é de 1990.
Além disso,
segundo eles, nada comprova que são mulheres Ianomâmi e soldados. “Exército e índios convivem muito bem. Mas
tudo está sendo apurado”, assegurou o Ministro. No mês que vem a Justiça
Federal de Brasília vai decidir se o quartel poderá ou não ser construído em
Uiramutã.
Disse
Quintão:
Vamos acatar a
decisão da Justiça, mas não vemos razão para que o Pelotão mude de local já que
a sua posição foi escolhida com base em um estudo da inteligência do Exército,
pela importância estratégica, Não se pode permitir, em hipótese alguma, que se
queira chamar uma tribo indígena de nação indígena.
“É uma
violência contra a integridade de nosso
território, que não podemos aceitar”, disse Quintão, condenando a
demarcação de reservas contínuas. “As
terras continuam pertencendo à União, que tem o total domínio sobre elas”,
acrescentou o Ministro, criticando a área Ianomâmi, demarcada de forma
contínua: “Um péssimo exemplo”. Na
opinião do Ministro, a decisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello de
criar uma extensa reserva indígena em Roraima, que ocupa hoje 43% do Estado,
foi adotada “por incompetência ou por
necessidade de um Presidente da República de aparecer bem lá fora porque estava
caindo aqui dentro”. (JDC, N° 38.294)
Correio
Braziliense ‒ n° 14.844
Brasília, DF – Sexta-feira, 09.01.2004
Conflito
Agrário
Morte
em Roraima
[Renata Giraldi e Ana Paula Macedo
da equipe do Correio]
Começa a
faltar combustível em Boa Vista por causa
do bloqueio das pistas. Uma pessoa morreu ao passar mal em uma barreira montada na BR-174 por índios e fazendeiros contrários a demarcação de reserva indígena.
O Governador
de Roraima, Flamarion Portela [sem partido], pedirá hoje ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva que revogue a homologação contínua da reserva indígena
Raposa Serra do Sol.
Em meio aos
protestos, que já duram três dias, uma pessoa morreu ontem devido aos bloqueios
nas estradas no Estado. José Alberto Teixeira, de 41 anos, ia de táxi do
Amazonas para Roraima quando foi parado em uma das barreiras da BR-174. Depois
de passar mal, ele foi posto numa ambulância, mas morreu antes de ser atendido
pelo médico.
No encontro
com Lula, às 16h, Flamarion alegará que o Estado perderá a maior parte dos R$
70 milhões proporcionados anualmente pela produção de arroz na região e que há
duas comunidades com 20 mil habitantes na área, que ficarão sem renda nem
moradia se a reserva for homologada da forma que o Governo Federal planeja.
Mas esses argumentos dificilmente serão aceitos pelo Palácio do Planalto.
Principal negociador, o Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, também se
reunirá hoje com o Governador, os oito Deputados Federais e três Senadores do
Estado. No encontro, ele dirá que a decisão de homologar a área indígena é
definitiva.
Devido aos protestos em Roraima – que unem, de forma inusitada, índios e fazendeiros contrários à homologação da
reserva Raposa Serra do Sol, é cada vez
maior o risco de desabastecimento na região. Por causa de bloqueios feitos nas
principais rodovias, o Estado ficou praticamente ilhado. E provocou uma corrida
de motoristas aos postos de combustíveis. Em alguns estabelecimentos, os tanques
já estão vazios.
No meio da confusão, a única boa notícia foi a libertação dos padres
Ronaldo Pinto França e César Avallaneda e do missionário espanhol Carlos
Martinez.
Os religiosos que eram mantidos reféns por índios e produtores rurais
havia dois dias. Além do Governador, o protesto conta com apoio de Policiais
Militares, empresários e uma pequena parcela de índios.
Para
pressionar ainda mais o Governo Federal, os manifestantes ameaçavam ontem à
tarde fechar até mesmo o aeroporto de Boa Vista – o maior do estado. A Polícia
Rodoviária Federal informa não ter meios para retirar centenas de tratores e
carretas carregadas de óleo diesel e madeiras que impedem o trânsito nas
rodovias.
COMPENSAÇÃO
A disposição de Lula é homologar a demarcação da área e ao mesmo tempo
adotar medidas compensatórias aos produtores das regiões demarcadas e os
municípios de Pacaraima e Uiramutã.Estão sendo estudadas no Ministério da
Justiça propostas como o pagamento de indenizações em dinheiro e doação de
terras, apesar das manifestações contrárias.
Ainda não estão definidos os termos dessas compensações. Por isso, o
governo por enquanto não faz uma previsão de quando será efetivada a
homologação da área.
Uma das alternativas em estudo é a cessão por parte de órgãos federais de
terras para serem doadas aos produtores que, em muitos casos, estão há mais de
duas décadas na região. Pelo menos inicialmente, a proposta não agrada ao
Governador de Roraima.
Flamarion a considera inviável porque, na opinião dele, seria impossível
avaliar os investimentos feitos pelos fazendeiros na região. Tampouco
existiriam outras áreas de mesma qualidade agrícola no estado.
Mal-estar
“A decisão anterior era de excluir esses
limites, algo em torno de 150 quilômetros quadrados, num total de 1,7 milhão de
hectares reivindicado. Esse seria o caminho ideal”, avalia o Deputado
Luciano Castro, coordenador da bancada parlamentar que discutirá o assunto hoje
com o Ministro da Justiça.
Se for mantida dessa forma contínua, a
homologação em nada resolverá a questão. E os protestos e o clima de tensão
continuarão sem prazo para acabar”, afirma.
Mas as
negociações ocorrem em um momento de fragilidade política do Governador de
Roraima diante do Governo Federal. Flamarion volta a conversar com Lula um mês
depois de terem estourado as denúncias de que estaria envolvido no “escândalo dos gafanhotos”, esquema em que servidores fantasmas eram cadastrados
na folha salarial do Estado, e o dinheiro desviado para políticos locais.
As acusações obrigaram o Governador a pedir
afastamento do PT, partido ao
qual havia se filiado recentemente, e agora é alvo de investigações internas.
Apesar do mal-estar, o Governador avisou, por meio de assessores, que busca uma
solução negociada. Se não houver acordo, Flamarion poderá recorrer à Justiça:
com a nova homologação, 46% do Estado será de reservas indígenas. “O restante é controlado pelo IBAMA ou e pelo
INCRA. Sou Governador de um estado virtual”.
Entenda
o Caso
Área Aguarda Homologação
² A
reserva indígena Raposa Serra do Sol foi identificada como área indígena pela
FUNAI em 1993, com uma extensão de aproximadamente 1,75 milhão de hectares;
² Na
época, já havia cidades construídas no local;
² Em
1998, a área foi demarcada pelo governo como única e contínua. Isso significa
que a reserva inclui as cidades que surgiram dentro de seus limites;
² A
homologação da terra indígena ainda precisa ser assinada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva;
² Se a
terra for homologada como contínua, como quer a FUNAI, os fazendeiros
instalados dentro da área terão de sair. A maior parte são plantadores de
arroz.
Sob
Pressão
² Desde
a madrugada da terça-feira manifestantes interromperam o trânsito de veículos
nas rodovias BR-401, BR-174, e BR-432, que ligam a cidade de Boa Vista às
fronteiras com Guiana e Venezuela e à Manaus;
² No mesmo dia, um grupo de 200 índios invadiu o prédio da FUNAI em
Boa Vista. Na invasão, vidros das janelas e das portas foram quebrados. Em ação
simultânea, produtores de arroz invadiram a sede do INCRA em Boa Vista. (CBRAZ,
N° 14.844)
Jornal
do Brasil - n° 306
Rio de Janeiro, RJ – Domingo, 08.02.2004
Exército
não Admite Sair de Roraima
Governo
Federal Promete que Homologação da Reserva Raposa-Serra do Sol em Área Contínua
não vai Retirar Militares da Região
[Daniela Dariano]
Um Plano de Defesa Nacional [PDN] desenvolvido na Escola Superior de
Guerra propõe a presença de órgãos federais no interior das reservas indígenas
e a busca de apoio político para remanejar as aldeias que sejam contíguas a
outros países.
Em Roraima existem hoje oito pelotões do Exército para preservar a
fronteira do Brasil.
Entre os
cerca de 15 mil índios – segundo a Fundação Nacional do Índio [FUNAI] – da
reserva Raposa-Serra do Sol, há, no entanto, uma corrente que reivindica o
distanciamento das Forças Armadas das aldeias.
O tema é
polêmico, mas o Ministério da Justiça, por intermédio da assessoria de
comunicação, garante: não tem volta a decisão de homologar, nas próximas
semanas, a Raposa Serra do Sol em área contínua – sem a presença de não
indígenas e com a extinção do Município de Uiramutã, encravado na reserva. A
medida, no entanto, terá de obedecer a uma condição imposta pelo Ministério da
Defesa: não comprometer a presença do Exército na área, como prevê a
Constituição. Os conflitos em torno da homologação da reserva mobilizam
diversas categorias. Habitantes de Uiramutã – indígenas ou não – que terão de
ser remanejados se colocam ao lado de agricultores locais e contra ONGs
nacionais e internacionais, além de grupos ligados à igreja, que alegam
proteger os índios.
Esperava-se um posicionamento das Forças Armadas contrário à decisão do
Ministério da Justiça, mas o Ministro da Defesa, José Viegas Filho, surpreende
ao se dizer favorável à medida. A posição do Ministério da Defesa é a mesma do
Governo Brasileiro e não poderia deixar de ser assim. Os defensores da reserva
indígena não se pronunciam contra a presença das Forças Armadas na área.
Essa presença é absolutamente indiscutível – ressalta. Representantes de
uma corrente dentro das Forças Armadas, que não se identificam por medo de
represália, tem opinião mais radical. O grupo, que discute o assunto
internamente, assegura que a homologação da reserva contínua seria um risco à
soberania nacional, já que o país perderia ingerência sobre a área. A
Raposa-Serra do Sol, afirmam esses militares, é apenas parte de um problema que
se estende pela fronteira do Brasil, cujo território rico em biodiversidade,
recursos hídricos e minerais, como ouro e diamante estaria despertando a cobiça
internacional.
Deixar
vastas áreas nas mãos de ONGs internacionais e da igreja seria, acreditam, um
risco à segurança nacional. Um integrante do grupo do Grupo dentro do Exército
contrário à medida preocupa-se com o exercício de diversas ONGs que estariam “atuando como entidades soberanas e
superpondo-se ao Estado Brasileiro” em regiões de fronteira.
No caso da
Raposa-Serra do Sol, seriam 1.751.330 ha para 14.719 índios, num Estado que já
tem 77% de suas terras ocupadas por 32 reservas. Segundo o governo estadual,
Roraima tem 22 milhões de hectares, dos quais só 7 milhões são de terras
livres.
A
possibilidade de exclusão de núcleos urbanos, áreas produtivas e dos Pelotões
do Exército faz com que a demarcação da Raposa Serra do Sol em área única não
seja consenso nem entre os índios. O líder Gilberto Macuxí chegou a afirmar que
os indígenas de Uiramutã não aceitam mais serem conduzidos pelas ONGs e pela
Igreja. A FUNAI alega, por sua vez, que os críticos à reserva contínua são
manipulados pelos rizicultores da região.
O
aquecimento do debate veio a calhar para alguns militares, que veem a reserva
de Roraima como um gancho para uma discussão maior, que se estende pelos 15.719
km da fronteira terrestre brasileira, principalmente os 7.413 km ao Norte do
Rio Amazonas.
A fase
estratégica do PDN sugerido em estudo de 2002, na Escola Superior de Guerra,
por exemplo, incluía reaquecer o Programa Calha Norte, que prevê a presença do
Exército em 15 municípios de Roraima, 16 do Amapá, 10 do Pará e 33 do Amazonas.
Em outra monografia apresentada na Escola Superior de Guerra, em 2002,
sobre o projeto Calha Norte, são citadas diversas frases atribuídas a líderes
de países e instituições internacionais. Em 1999, por exemplo, a ex-secretária
do Departamento de Estado dos EUA teria dito que:
Quando o meio ambiente está em perigo, não existem
fronteiras.
O ministro da Defesa do Brasil garante não se preocupar:
Não há nenhum temor com relação ao abandono militar da área. A presença
das Forças Armadas na faixa de fronteira é indiscutível, tampouco temos
qualquer temor quanto à perda da soberania brasileira. (JDB, N° 306)
Bibliografia
CORREIO BRAZILIENSE ‒ N° 14.844. Conflito Agrário – Morte em Roraima – Brasil – Brasília, DF – Correio
Braziliense ‒ n° 14.844.
JDB, N° 306 – Exército
não Admite Sair de Roraima – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Jornal do Brasil,
n° 306, – Domingo, 08.02.2004.
JC, N° 38.294. Território
de Roraima – Quintão Defende Revisão de Reserva [Tânia Monteiro] – Jornal
do Commércio, n° 38.294, 22.03.2001.
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] (BARBOSA). (Hiram Reis)
[2] A presença de um pelotão na região da Serra
do Sol foi planejada no fim década de 1990, no bojo da concepção estratégica do
Programa Calha Norte. No entanto, a demarcação da Terra Indígena Raposa-Serra
do Sol, no início dos anos 2000, acelerou a sua implantação. Em 26.04.2002,
militares do C Fon RR/7° BIS ocuparam as atuais instalações do 6° PEF na
cidade de Uiramutã. (www.7bis.eb.mil.br)
[3] CIR: Conselho Indígena de Roraima. (Hiram
Reis)
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H