Sexta-feira, 4 de dezembro de 2020 - 10h18
Bagé, 04.12.2020
Porto Velho, RO/ Santarém, PA ‒ Parte LXXII
Descendo o Rio Madeira ‒ III
Nessa
descida pelo maior afluente da margem direita da Bacia do Amazonas, três
matérias chamaram, em especial, nossa atenção: a verdadeira epopeia da
construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, os garimpos de ouro ao longo do
Rio e suas hidrelétricas.
Hidrelétricas do Rio Madeira
Fonte: www.furnas.com.br
As usinas hidrelétricas do Rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, não são
apenas grandes projetos de engenharia e arquitetura moderna. A construção das
Usinas do Madeira faz parte de um grande projeto para o desenvolvimento sustentável
da região, integração nacional e para a melhoria de vida das populações de
Rondônia, Acre, Amazonas e Mato Grosso. Com a construção das usinas de Santo
Antônio e Jirau, serão mais 6.450 MW colocados no mercado, e com a construção
de linhas de transmissão para o Acre, Amazonas e Norte do Mato Grosso será
possível a conexão com o Sistema Interligado Brasileiro.
Santo Antônio
Fonte: www.furnas.com.br
Santo Antônio terá capacidade de gerar 3.150 MW e o investimento previsto
é de R$ 9,5 bilhões, em valores de 2006.
O início das obras está previsto para dezembro de 2008. Estima-se que a
primeira e segunda unidades geradoras, das 44 previstas, devam entrar em
funcionamento em dezembro de 2012.
A obra empregará até 20 mil trabalhadores diretos no pico da construção.
As turbinas utilizadas em Santo Antônio serão as maiores em potência nominal no
mundo: cada uma terá capacidade de gerar 72 MW.
Um Projeto com Consciência Ambiental
Fonte: www.furnas.com.br
A história da ELETROBRAS Furnas se funde com a história do
desenvolvimento sustentável do Brasil. Por entender que suas atividades
interferem no meio ambiente, a Empresa tem o cuidado de integrar sua política
ambiental às demais políticas, seguindo a legislação vigente e assumindo
compromissos de conservação e preservação da biodiversidade das regiões onde
atua, procurando garantir o uso sustentável dos recursos naturais.
Em Rondônia, foram conduzidos estudos que diagnosticaram os meios físico,
biótico e socioeconômico. Para esse trabalho tornou-se fundamental a parceria
entre a ELETROBRAS Furnas e as instituições de ensino e pesquisa localizadas na
região amazônica, como a Universidade Federal de Rondônia, o Instituto Nacional
de Pesquisa da Amazônia e a Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais.
Ao final dos trabalhos, a comunidade científica e a sociedade brasileira
podem contar com um importante acervo para tomar como base na implantação de um
sólido projeto de desenvolvimento regional sustentável.
Um instrumento de gestão que possibilitará a instalação, construção e
operação de empreendimentos atendendo as exigências legais e, acima de tudo,
preservando a integridade ambiental com respeito às comunidades locais.
Soluções de Menores Impactos
Fonte: www.furnas.com.br
Os estudos de engenharia adotaram cuidados para que os impactos na
construção das usinas hidrelétricas sejam os menores possíveis. Assim, as duas
barragens terão baixa queda, sendo Santo Antônio com 13,9 m e Jirau com 15,2 m.
O tipo de turbina previsto nos estudos de viabilidade foi bulbo, pois esse tipo
de turbina é o que melhor se adapta às condições locais não exigindo grandes
reservatórios, mas sim grandes volumes e velocidade de água. Outro cuidado é em
relação às áreas que serão inundadas. Elas serão praticamente as mesmas já
inundadas durante as cheias anuais do Rio Madeira.
Usina de Jirau
Fonte: www.furnas.com.br
A Usina Hidrelétrica de Jirau é uma usina hidrelétrica em construção no
Rio Madeira, na Cidade de Porto Velho, em Rondônia, que terá capacidade
instalada de 3.450 MW, e que faz parte do Complexo do Rio Madeira. A construção
está sendo feita pelo consórcio “ESBR -
Energia Sustentável do Brasil”, formado pelas empresas Suez Energy [50.1%],
Eletrosul [20%], Chesf [20%] e Camargo Corrêa [9,9%]. Em 28 de janeiro de 2010,
o consórcio construtor informou o novo cronograma de operação, prevendo o
início de funcionamento da primeira das 46 turbinas do tipo bulbo para março de
2012 e o pleno funcionamento da usina para novembro do mesmo ano.
Seu reservatório vai alagar uma área de 258 quilômetros quadrados. Um
problema a ser resolvido é como tratar os resíduos sólidos maiores que descem
pelo Rio [estima-se que cerca de 1.600 troncos descem diariamente pelo Rio].
O contrato prevê que os troncos não podem ser devolvidos ao Rio, nem
serem usados com fins lucrativos.
Turbina Hidráulica Tipo Bulbo
Fonte: Enciclopédia Wikipédia.
Basicamente trata-se de uma unidade geradora composta de uma turbina
Kaplan e um gerador envolto por uma cápsula. A cápsula, por sua vez, fica
imersa no fluxo d’água [imerso na água], isto acarreta em um equipamento que
exige uma vedação mais precisa, o que impacta em um espaço menor para acesso de
manutenção. Operam em quedas abaixo de 20 m. Foram inventadas na década de 30.
As primeiras foram construídas pela empresa Escher Wyss, em 1936. Possui a
turbina similar a uma turbina Kaplan horizontal, porém, devido à baixa queda, o
gerador hidráulico encontra-se em um bulbo por onde a água flui ao seu redor
antes de chegar às pás da Turbina. A maior unidade tipo Bulbo construída
encontra-se no Japão, na usina de Tadami, que possui 65,8 MW de potência, queda
de 19,8 m e rotor com diâmetro de 6,70 metros. No Brasil, existe o planejamento
da construção das Usinas de Santo Antônio e Jirau, constando no projeto de cada
usina a instalação de 44 e 46 turbinas do tipo Bulbo com potência unitária
igual a 73 MW e 75 MW, respectivamente. As turbinas a serem instaladas nestas
usinas passarão a ser as maiores turbinas bulbo do mundo.
Usina Hidrelétrica de Santo Antônio
Dando
sequência a nossas pesquisas referentes a esta 4ª Fase do Projeto Desafiando o
Rio-Mar, no dia 19.12.2011, fomos apresentados ao Jornalista José Carlos de Sá
Júnior ‒ Coordenador de Relações Institucionais da Santo Antônio Energia. O
primeiro contato, na parte da manhã, na sede da empresa em Porto Velho, não
poderia ser mais agradável do que foi, a lucidez, simpatia e inteligência de Sá
Júnior cativaram a todos que lá estavam. Sá é, sem dúvida, “The Right Man in The Right Place” (O
Homem Certo, no Lugar Certo), à tarde tivemos o privilégio de acompanhá-lo em
uma visita às instalações da Hidrelétrica. Aqueles que condenam a construção de
Usinas Hidrelétricas na Amazônia Legal se esquecem que é nesta região que se encontra
70% do potencial hidrelétrico ainda não explorado e que as hidrelétricas são a
forma mais adequada de se obter energia necessária para garantir o
desenvolvimento sustentável do país. Graças a essa nova demanda de energia
limpa e barata, os Estados de Rondônia e Acre viverão, a partir do ano que vem,
um novo ciclo econômico sem as limitações impostas pela falta de oferta de
energia.
Construção da Usina de S. Antônio (19.12.2011)
Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior
O
Projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio começou a ser
desenvolvido em 2001, com a realização de estudos geológicos e de engenharia
pelo consórcio Furnas-Odebrecht, para identificar o lugar mais apropriado para
sua instalação, bem como a tecnologia de geração de energia mais indicada para
o Rio Madeira e de menor impacto para as comunidades ribeirinhas e a
biodiversidade amazônica.
Santo
Antônio será uma hidrelétrica com baixo impacto ambiental, considerando a
relação entre a capacidade instalada e as dimensões do reservatório, passando a
ser um marco na história de produção de energia por meios hídricos no país. A
área do reservatório, de 271 km², incluiu a calha natural do Rio que é de 164
km², e devemos considerar, ainda, que dos 107 km² restantes, grande parte se
constituía em regiões de várzea inundadas no período das cheias.
Neste
ano ainda deve entrar em operação a primeira das oito turbinas do primeiro
grupo de casas de força.
(José Carlos de Sá Júnior)
A
construção teve início no trecho do Rio que vai da margem direita à Ilha do
Presídio no Rio Madeira, em Porto Velho ‒ RO, em setembro de 2008, que foi
isolado com a construção de ensecadeiras (aterros temporários para manter seco
o leito do Rio a ser trabalhado).
Nesta
área, teve início o trabalho de escavação em rocha que hoje abriga o primeiro
dos quatro grupos de casas de força da Usina. Neste segmento da UHE, a primeira
unidade geradora com oito de suas 44 turbinas do tipo bulbo, antecipando o
cronograma em cinco meses, vai começar a operar em dezembro de 2011.
Curiosamente,
ao se construir uma das ensecadeiras, verificou-se que, sob as ciclópicas
rochas que se apresentavam aos olhos admirados daqueles que tiveram a
oportunidade de conhecer a Cachoeira no passado, se escondiam cotas negativas
de seis metros abaixo do nível do Mar só descobertas graças ao trabalho
desenvolvido pelos engenheiros da Santo Antônio.
Santo Antônio será uma das quatro maiores usinas
hidrelétricas do país, com capacidade instalada de 3.150,4 MW (2.218 MW de geração
assegurada), energia suficiente pra abastecer cerca de 40 milhões de pessoas. Infelizmente,
os “Talibãs Verdes” teimam em
criticar esta diferença de valores, mostrando sua ignorância em relação ao
regime de águas da Bacia Amazônica e ao projeto de uma hidrelétrica que prima
pela produção de energia limpa, com a diminuição do uso das poluidoras
termelétricas.
As
turbinas usadas em Santo Antônio trabalham com o processo denominado “fio de água” que aproveitam a alta vazão
do Rio Madeira, evitando a construção de grandes quedas d’água e
consequentemente minorando os impactos ambientais decorrentes.
É
muito fácil criticar empreendimentos tão necessários ao desenvolvimento e
melhoria das condições de vida dos amazônidas e demais brasileiros saboreando uma
bebida gelada em ambiente climatizado como fazem os idiotizados “inocentes úteis” cooptados por ONGs que
defendem inconfessos interesses estrangeiros.
Turbinas Bulbo
Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior
Grande
parte das Hidrelétricas do Brasil usa turbinas que ficam na vertical. Em Santo
Antônio, serão utilizadas turbinas bulbo que são instaladas na horizontal. As
turbinas bulbo trabalham com a força da correnteza, ou seja, com o fluxo
d’água, e não com a altura de sua queda.
Justamente
por isso não há necessidade de barragens muito altas nem de grandes
reservatórios. Isso quer dizer menor área alagada, menor impacto e uma maior
quantidade de energia gerada. O índice de 0,09, que representa a relação entre
a área do reservatório e a potência produzida de Santo Antônio é um dos menores
do país.
Sistema de Transposição de Peixes (STP)
Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior
O
Fantástico comentou, recentemente, em tom de crítica, que o sistema de
transposição de peixes adotado em Santo Antônio vai selecionar o tipo de peixe
que vai subir o Rio. O sistema foi criado atendendo orientação do Ibama
justamente para que não seja alterado o ecossistema a montante da usina. (José
Carlos de Sá Júnior)
Anualmente,
os peixes nadam contra a corrente, procurando locais mais adequados e seguros
para reprodução. Estas construções, localizadas na margem esquerda do Rio e na
Ilha do Presídio, garantirão que os peixes não tenham seu ciclo de vida
alterado. A velocidade das águas e a inclinação do sistema foram cuidadosamente
planejados de maneira a impedir que as espécies que, antes da construção, não
tinham acesso às águas a montante da Cachoeira, não consigam fazê-lo através do
STP.
Sistema Interceptor de troncos
Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior
A
ideia inicial era deslocar toda a madeira para uma curva do Rio de onde seria
retirada. Em virtude da quantidade do material coletado [1.600 troncos por
dia], não seria possível estocá-lo e se pensou em dar-lhe um aproveitamento
industrial adequado. (José Carlos de Sá Júnior)
Na
UHE S. Antônio seria colocado um sistema de boias em forma de funil que
conduziriam os troncos para três vertedouros de 20 m de largura que serão
abertos de tempo em tempo para sua passagem. A empresa chegou a arquitetar um
projeto que aproveitasse o material coletado, impedindo que o mesmo continuasse
a prejudicar a navegação no Rio Madeira, a jusante da usina.
Os
“ecoxiitas” do IBAMA, estão mais
preocupados com a sobrevivência destes microrganismos do que com a vida dos
ribeirinhos ceifada constantemente por estes obstáculos flutuantes, embargou o
projeto. Somente aqueles que já navegaram pelo Madeira conhecem o perigo que
representam estas enormes armadilhas que mais parecem aríetes flutuantes.
Recentemente, a ponte da BR 319, em construção, próxima a Porto Velho, teve seu
pilar levado pela torrente em virtude do acúmulo de troncos. Se a ponte já
estivesse em operação inúmeras vidas teriam se extinguido, mas, para o IBAMA,
isto não é importante.
Será
que o IBAMA é capaz de explicar sua absurda lógica aos familiares daqueles que
perderam seus entes queridos, vítimas dos maravilhosos troncos cuja superfície
é pródiga em microrganismos que precisam a qualquer custo serem preservados?
Curiosidades
Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior
² Será a sexta maior do Brasil em potência
instalada [atrás de Itaipu, Tucuruí, Ilha Solteira, Jirau e Xingó], e a
terceira em energia assegurada;
² Sua geração será suficiente para suprir a
necessidade de 44 milhões de brasileiros, o que equivale a quatro vezes a
população da Cidade de São Paulo;
² As 44 turbinas bulbo da usina hidrelétrica
são consideradas as maiores do mundo com essa tecnologia;
² A quantidade de ferro usado na construção da
usina [138 mil toneladas] daria para construir 18 torres Eiffel;
² A construção de Santo Antônio irá consumir
cimento suficiente para erguer 37 estádios do Maracanã.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H